SAÚDE DO HOMEM

Ex-secretário de Saúde de Candiota fala como enfrentou câncer de próstata

Ancelmo Camillo esteve na redação do TP para contar sua história

Novembro Azul trata da prevenção e conscientização sobre o câncer de próstata — o mais frequente entre os homens brasileiros depois do câncer de pele — e a necessidade de diagnóstico precoce. Buscando conscientizar e alertar outros homens, o aposentado do ramo da alimentação, ex-vereador e ex-secretário de Saúde de Candiota, Ancelmo Camillo, aceitou o convite do Tribuna do Pampa para contar sua experiência pessoal com o câncer de próstata, descoberto neste ano, em fevereiro.

Ancelmo que por duas vezes foi secretário de governo do município, conta que sempre cuidou da saúde e fazia exames preventivos, inclusive, foi em sua gestão como secretário que contratou um urologista para Candiota, o Sérgio Henriques. “Sérgio tornou-se meu médico e eu sempre tomei remédios preventivos e mesmo assim tive câncer”, lamentou.

No entanto, Ancelmo revelou que deu uma relaxada de um pouco mais de um ano e quando retornou ao médico e fez o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico), o resultado já indicava que estava com câncer de próstata. “O valor de PSA total superior a 4,0 (ng/ml) já pode indicar a presença do câncer de próstata ou de outra doença, o meu estava em 10”, contou.

Quanto aos sintomas, ele relatou que tinha muita dificuldade para urinar. “Sentia muito desconforto”, disse. Após a descoberta, Ancelmo já teve que partir para a cirurgia, que no primeiro momento teve desencontro com o médico com quem faria, tendo que buscar outro profissional. “Procurei um urologista em Pelotas, isso em maio já, que me pediu novamente todos os exames, já que sou diabético e hipertenso, fiz até uma biópsia nova, na hora de fazer a cirurgia, o médico não quis me operar pela minha idade e me indicou uma clínica de Porto Alegre, mas que tinha valores muito altos”, relatou.

Depois desses episódios, um conhecido lhe indicou outro médico, dessa vez de Rio Grande. “Como eu tinha todos os exames, ele só me pediu mais dois e consegui agendar minha cirurgia para junho, tudo particular, nada pelo SUS”, lamentou. Na pós-cirurgia, Ancelmo disse que teve incontinência urinária por 90 dias. “A pós-cirurgia é muito pior do que a pré-cirurgia, mas era necessário, se eu tivesse descoberto antes, poderia ter resolvido com tratamento e não precisaria me operar”, reconhece.

Agora ele realizará acompanhamento com o médico por dois anos. “A primeira visita é 15 dias após a cirurgia, depois 30 dias, 60 dias e agora seis meses para acompanhar o crescimento da próstata ou não. Eu já voltei três vezes ao médico, a última vez foi no começo de outubro, agora vou só em abril levar novos exames, se ao final dos dois anos a próstata não tiver aumento nenhum, não tem mais câncer” explicou.

CONSELHO – Em entrevista, Ancelmo disse que os homens precisam quebrar o preconceito de ir ao médico. “É muito importante que se faça os exames preventivos, principalmente depois dos 45 anos e mais importante do que fazer a prevenção é manter uma rotina de exames, pois no meu caso relaxei por um ano e poderia ter sofrido muito menos”, finalizou.

CASOS NO RS – A região sul é a terceira área da distribuição geográfica do país que mais concentra pacientes da doença. Ela apresenta um risco estimado de 62 casos novos a cada 100 mil homens. Esse câncer está em primeiro lugar no sul do Brasil, representando 23,4% das incidências cancerígenas no sexo masculino.

FATORES DE RISCO – O principal fator de risco do câncer de próstata é a idade, e sua incidência aumenta significativamente a partir dos 50 anos. Além disso, o histórico familiar, o tabagismo e o excesso de gordura corporal podem levar ao desenvolvimento do tumor. Também são fatores de risco as exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e agrotóxico) e produtos de petróleo. Desta forma, dois grandes aliados para a prevenção são a alimentação saudável e a prática de atividades físicas.

DIAGNÓSTICO PRECOCE – A detecção precoce de um câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido. Ela pode ser feita por meio da investigação com exames de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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