INFRAESTRUTURA

Inauguração da rodoviária de Hulha Negra reúne autoridades da região

Com paralisações e burocracia, obra ficou pronta dez anos após ter sido iniciada

Novo prédio está localizado na avenida Getúlio Vargas Foto: J. André TP

O início da noite de quarta-feira (22) foi de alegria para o Executivo de Hulha Negra. Após dez anos, foi inaugurado o prédio da nova rodoviária da cidade, localizado na avenida Getúlio Vargas, com amplas instalações.

Fizeram parte de uma mesa simbólica, o prefeito Renato Machado Machado, o vice-prefeito Igor canto, a presidente da Câmara de Hulha Negra, Tanira Ramos (PTB), o neto do homenageado, Jairo Alves, o deputado federal Afonso Hamm (Progressistas), o delegado regional da Polícia Civil, Luiz Eduardo Benites, o vereador Progressista de Aceguá, Dalmiro Almeida, o vereador Progressista de Bagé, Omar Ghani, o presidente da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural (Coopersul), Jaci Jacinto Coelho (Titi), o vice-presidente do Progressistas de Candiota, Leandro Alves Branco, o coordenador regional da Fetag e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé e Região, Milton Brasil, o concessionário da Rodoviária de Hulha Negra, Amilcar Azevedo Loguércio, o gerente do Banrisul, Cleber Coradini e o gerente do Sicredi, Dorotel Vilaci Junior, além de todos os secretários municipais.

Diversas autoridades prestigiaram o ato inaugural da rodoviária Foto: J. André TP

A fita inaugural foi descerrada pelo prefeito Renato Machado, integrantes do Executivo, deputado Afonso Hamm e familiares de Luiz Alves Peres, homenageado com nome do prédio.

Familiares do homenageado participaram do ato de inauguração Foto: J. André TP

Diversos pronunciamentos marcaram a inauguração, além de apresentações de projetos do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da cidade.

A presidente do Legislativo, Tanira Ramos, falou sobre a importância da inauguração do prédio. “Para chegarmos aqui foram vários fatores que se somaram. Uma rodoviária é um local de chegadas e saídas. A nossa é um cartão-postal”.

O deputado Afonso Hamm lembrou de sua origem em Hulha Negra, dizendo que é um orgulho ter sido registrado como hulhanegrense. “Tenho orgulho e honra de minhas raízes. O prefeito Renato (Machado) sonhou com este ato, que agora se concretiza. Demorou, mas valeu à pena esperar. Uma estrutura qualificada e à altura do povo de Hulha Negra”.

Jaci Jacinto Coelho, o Titi, – presidente da Coopersul e ex-vice-prefeito, fez parte do início da obra em 2011 e também proferiu seu discurso. “É um dos maiores presentes de Natal que o povo de Hulha Negra poderia receber. Isso é um sonho realizado”.

O vice-prefeito Igor Canto, contou que em 2017, quando ele e Renato assumiram, a obra estava paralisada e o teto estava caindo. “Enfrentamos a burocracia, a falta de recursos e os entraves que uma obra pública passa. Mas conseguimos entregar. Aos poucos vamos construindo esta cidade. Aproveito também para agradecer o deputado amigo de Hulha Negra, Afonso Hamm”.

Por fim, o prefeito Renato Machado, em seu discurso, descreveu toda a linha do tempo desde a ideia de fazer a rodoviária, o início da obra em seu primeiro mandato, a devolução do recurso no governo seguinte ao seu e a retomada das obras em 2017, com aporte de novos recursos do deputado Afonso Hamm e contrapartida da Prefeitura. Ele foi chamando uma a uma das pessoas que participaram da luta pra a construção da nova rodoviária da cidade. “Hoje tem o sentimento de dever cumprido. Agora tem uma rodoviária à sua altura. Quando faço algo para Hulha, faço como se fosse pela minha família”.

FUNCIONAMENTO – Segundo o prefeito, efetivamente, a nova estação rodoviária funcionará a partir da segunda quinzena de janeiro de 2022, quando também já estarão prontas as licitações das empresas que ocuparão as salas comerciais do complexo.

RELEMBRE – A construção da nova rodoviária teve início em 2011 e paralisou em 2012. De 2013 a 2016 a obra ficou parada. O projeto do terminal rodoviário foi retomado em 2017 e a prefeitura, como contrapartida, realizou a concretagem da laje, contrapiso e as canaletas de espera para a parte elétrica. Foram realizadas adaptações nos projetos arquitetônico, elétrico e hidráulico da estrutura, visando melhor acessibilidade ao público.
A equipe do governo também realizou adequações na planilha orçamentária e no memorial descritivo da obra, para que a instituição financeira liberasse os recursos de uma emenda de R$ 300 mil, destinada à obra pelo deputado federal Afonso Hamm (Progressistas).

O projeto contempla sala de bilheteria, sala de bagagem, setor administrativo, banheiros masculinos e femininos, três salas para estabelecimentos comerciais com vitrines em vidro e praça de alimentação interna com ambiente de mesas, cozinha e dispensa, e área externa, com cobertura.

 

Luiz Alves Peres – Um empreendedor de Hulha Negra

Luiz Alves Peres Foto: Divulgação TP

Luiz Peres Alves foi comerciante em Hulha Negra. Filho de pai uruguaio e de mãe brasileira, nasceu no frio inverno gaúcho, no atual município de Hulha Negra. Os pais, Diolindo Alves e Maria Leontina, humildes agricultores, eram conhecidos na região pelos apelidos de Macota e Dona Pequena. Quando Macota chegou do Uruguai, só com as roupas do corpo, foi trabalhar numa estância como alambrador. Dona Pequena era filha de peões da estância. Macota, vendo que a família não ia conceder a mão da bela Pequena, em uma noite estrelada a rapta. Os pais de Pequena enviam então um mensageiro para pedir que o casal retorne, pois seus pais abençoariam a relação. E assim aconteceu.

A família de Macota e Pequena dispunha de poucos recursos financeiros, mas era abastada de amorosidade e sonhos. Daquela união nasceu, em 24 de agosto de 1924, nosso protagonista: Luiz Peres Alves. Desde cedo, junto aos irmãos, começou a trabalhar. Tudo era aprendizado, nada era sacrifício. Foram anos de dificuldades, mas de construção da essência do Luiz e dos irmãos. Depois de um dia pesado de trabalho se aqueciam à volta do fogo e comiam o que havia na mesa, sem reclamação. Dona Pequena sempre tinha uma lição e ensinava aos filhos o poder da oração.

No campo, o recurso ficou escasso. Era hora do guri do Macota e da Pequena sair do ninho e fazer seu próprio caminho. A mina de carvão foi sua opção. Trabalho árduo. Um dia esbarrou de frente com o amor. A jovem de belas feições e olhar que demonstrava força e valor, conquistou Luiz, o sonhador. Casou-se com Olinda Elisa Feijó, que passou a assinar: Olinda Elisa Feijó Alves.

Desta união nasceram Arnaldo, Santa Margarida, Amália, Amâncio, Virgílio, Ciríaco, Solange, Luis Alberto e Maria Leontina. Luiz quis um dia trabalhar por conta própria. Investiu tudo que tinha em um bar. Nascia naquele momento o Luiz do Bar. O local era ponto de encontro de todos, sem distinção. Luiz tratava a todos com muita dedicação. Ah, e sempre tinha uma invenção. Sabia que para conquistar a freguesia era preciso investimento, e por isso comprou uma geladeira e no seu bar a cerveja era estupendamente gelada. Um dia, negociou uma mesa de sinuca. Sua mente estava sempre à frente. Começou a vender sorvete e para a comunidade foi um deleite. Com uma churrasqueirinha ia pelo olfato chamando a freguesia. Seus guris trabalhavam com ele no bar. Ele dizia que nem pensassem em petiscar, pois ali era para trabalhar. No final da semana, apesar das dificuldades, ele fazia um churrasquinho para a família, numa demonstração de carinho. Os ônibus que chegavam em Hulha Negra tinham como paradouro o bar do Luiz.

Quem viveu naquele tempo também vai recordar da “Fubica”, a caminhonete que era o “táxi” para os bailes, jogos de futebol e outros eventos. Luiz amava cinema e acreditem, ele comprou um equipamento, organizou um espaço e passava filmes. Esse Luiz do Bar era criativo. Vendia de tudo! Não havia briga no bolicho do Luiz? Havia, mas rapidamente a peleja ele resolvia. Além de ser o Luiz do Bar e o dono da “Fubica”, era também uma espécie de enfermeiro prático, pois aplicava injeções, dava indicações de chás e a “Fubica”, quando alguém precisasse, virava ambulância. Não havia hora para ajudar.

Luiz do Bar criou os filhos ao lado de sua esposa com muito esmero. Emocionava-se com as conquistas deles. No Natal amava reunir a todos para um amigo secreto e para muitos Luiz sempre foi e será o amigo certo, aquele que sempre tinha algo a dizer ou fazer. Em 10 de agosto de 2010, aquele que sempre foi festa, despediu-se desta efêmera existência. Mesmo sofrendo com sua moléstia, olhava para sua família e dizia: eu fui, sou e sempre serei feliz!

O amor de sua família era a certeza de que foi um vitorioso. Feliz é o homem que após a partida deixa no peito dos que com ele conviveram um sentimento singular denominado saudade. Luiz do Bar é patrimônio de Hulha Negra. Um herói para seus descendentes!

Fátima Fabiana

Referência:

Relato oral dos familiares, dentre os quais, Virgílio Feijó Alves e Jair Alves dos Santos.

 

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