TECNOLOGIA NO CAMPO

Inaugurada sala digital na escola Chico Mendes em Hulha Negra

Espaço está localizado no assentamento Santa Elmira e será para uso de toda comunidade

Abertura do ato de inauguração da sala contou com apresentação dos alunos Foto: Marcos Corbari/Especial TP

Nesta quinta-feira (11), foi inaugurada no assentamento Santa Elmira, em Hulha Negra, uma sala de inclusão digital. O espaço, com 20 computadores e uma antena de internet foram instalados junto à Escola Estadual de Ensino Fundamental Chico Mendes e devem facilitar o acesso dos agricultores a tecnologias.
A ação é um projeto-piloto dentro de um Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária (Incra) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Estavam presentes no evento o
superintendente do INCRA no RS Nelson José Grasselli, a secretária de Educação de Hulha Negra, Adriana Delabary, o presidente da COPTIL, Emerson Capelesso, o representante do Instituto Koinós, Tadeu Rigo, do Instituto Cultural Padre Josimo, Frei Sérgio Gorgen, o presidente da Câmara de Hulha Negra, vereador Dalvir Zorzi, o representante da Universidade Federal Fluminense, professor Marco Aurélio do Santos Santos, a responsável pela implantação das salas digitais, professora Ana Cláudia Carvalho Giordani, a representante nacional do MST, Salete Corolo, a representante do MST estadual, Marieli Maciel, o vice-presidente da Coopersul, Adir Sebastião dos Santos e pelo CPM da escola, Carlos Valdir dos Santos, Sônia Góes Engelmann e Arlete Miguelina Bulcão Pinto.

Abertura oficial do espaço foi bastante comemorada entre os presentes Foto: Marcos Corbari/Especial TP

Neste primeiro momento, a iniciativa abrange mais quatro assentamentos: Rondinha (em Jóia),  Bom Será (em Santana do Livramento), Viamão/Filhos de Sepé (em Viamão) e Itapuí (em Nova Santa Rita). O prazo inicial de funcionamento dos laboratórios é de um ano, podendo ser prorrogado. A proposta é que a experiência seja replicada em outros assentamentos e estendida pelo país com base no aprendizado gaúcho.

Além dos equipamentos, os usuários terão apoio de um tutor da própria comunidade, treinado para prestar auxílio. Quatro técnicos sediados em Porto Alegre darão suporte em questões ligadas à informática e uso das plataformas.

“As salas vão ajudar na capacitação, elevar o conhecimento dos nossos jovens e abrir espaço também para as famílias mais idosas, que têm dificuldade de acesso a meios de comunicação e internet. Vão contribuir inclusive nos processos de regularização dos lotes, titulação e cadastro”, destaca o superintendente regional do Incra, Nelson Grasselli.

Segundo o dirigente, um dos pilares do projeto é propiciar acesso dos agricultores às políticas públicas que têm direito. Muitos serviços deixam de ser acionados por quem mora longe de centros urbanos devido a problemas de transporte e falta de conectividade.

O professor da UFF Marco Aurélio Sanfins, coordenador do TED, salienta que a outra prioridade é utilizar as máquinas na formação dos assentados. A UFF já disponibiliza cursos à distância e é possível implementar novas capacitações conforme demanda dos agricultores. Desta forma, a iniciativa favorece a elevação do nível educacional e a familiaridade digital dos frequentadores.

Outro ponto básico é o envolvimento das comunidades, chamadas a colaborar desde a escolha de lugar apropriado para as salas. A ideia é que a mobilização dos moradores fortaleça a proposta ao longo do tempo. Uma pesquisa em dois momentos pretende captar as mudanças percebidas pelas famílias ao longo do projeto.

Frei Sergio Göergen, do Instituto Padre Josimo, falou sobre o projeto e a sala digital. “O avanço científico e das tecnologias de comunicação criaram um novo tipo de analfabetismo, o digital, que exige inclusão e alfabetização digital. O campo é o último lugar em que as tecnologias chegam, então pra nós é importante que o acesso a essas novas tecnologias cheguem no campo, que haja inclusão, que seja para libertar, que as pessoas tenham consciência mais livre para tomar as decisões corretas sobre a vida. A escola Chico Mendes é um exemplo e esse espaço digital é uma conquista para todos e tem que se repetir em todas as comunidades do país”.

Sala digital é equipada com mesas, cadeiras e noutebooks conectados à internet Foto: Marcos Corbari/Especial TP

MUTIRÃO

 

A sala digital, que já estava em funcionamento antes mesmo da inauguração oficial, foi construída por meio de um mutirão da comunidade. Conforme o diretor da escola Mariano Gasso de Gasso, o Nando, a escola não tinha um espaço para contemplar a sala, mas que não poderiam perder um projeto que serviria para tantas pessoas. “Conseguimos muitos apoiadores que doaram materiais e com trabalho coletivo, foi erguida em madeira uma sala de 48m². É um projeto de grande valia para todos nós e importante para este momento em que vivemos e dependemos da tecnologia. Com uma boa internet, também vamos poder proporcionar acesso a todos os alunos em determinados trabalhos escolares, que antes só era possível para alguns alunos selecionados por turmas”, disse o diretor.

A ex-aluna da escola, Tainá Hahn, falou sobre a importância da sala digital. “Fico imensamente feliz com a implantação da sala digital na escola, pois vejo uma oportunidade para o aprendizado das crianças, dos jovens e dos adultos também, que poderão acessar cursos oferecidos pela universidade, e também em cursos ofertados por outras entidades, melhorando o conhecimento. Vejo que nossas crianças estarão mais preparadas para um primeiro emprego ou para ingressar em uma faculdade, pois já estarão  familiarizados com a informática”, destacou.

 

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