Conforme destacado pela professora de Letras e intérprete e tradutora da Língua de Sinais, Adriana Martins da Silva, o mês de setembro é comemorativo pela comunidade surda. Nesta quinta-feira (26), foi o dia nacional dos surdos, data oficializada pelo decreto de Lei nº 11.796, em 2008, para promover a inclusão social de pessoas com deficiência auditiva.
Adriana, que atualmente é professora concursada em Pedras Altas e leciona português para os alunos dos anos finais da Escola Eunil dos Santos, contou que buscou aprender a linguagem de sinais para o seu próprio benefício. “Tive um problema de saúde e minha voz foi afetada, porém, após um tempo, voltou. Mesmo assim eu continuei aprimorando os estudos da Libras”. Ainda, ela mencionou que já tinha um breve conhecimento, sendo que uma de suas professoras a incentivou para que continuasse os estudos. “Ela comentava que meus sinais eram claros e que eu tinha uma expressão fácil e corporal muito boas, o que na Libras é essencial para uma boa interpretação”.
Ainda, a professora informou que após se formar em 2010, deu continuidade dos estudos e realizou cursos ofertados pela Secretaria de Educação de Bagé, quando teve a oportunidade de ministrar uma oficina de Libras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) Bagé. “Também fiz uma especialização em Educação Inclusiva em 2012, e em 2013 uma outra especialização em Libras para o ensino, nesse mesmo ano ingressei em uma escola de ensino médio para trabalhar como intérprete de libras”, relembrou, dizendo que no primeiro ano teve três alunos surdos, sendo duas meninas e um menino, onde interpretava simultaneamente todas as aulas.
Na oportunidade, Adriana ressaltou que além do trabalho em escolas, também faz interpretações em outros espaços de cunho cultural, saúde, justiça, e sempre que é necessário tornar acessível para surdos alguma atividade ou atendimento, ela é solicitada para fazer a mediação. Recentemente e como já noticiado pelo jornal, ela foi a responsável pela interpretação das apresentações do 25º Canto Moleque da Canção – onde começa o artista, em Candiota. Sobre o evento, ela disse que foi chamada de urgência, definindo o festival como grandioso em cultura e oportunidades.
FALTA DE ACESSO
Em sua fala, Adriana mencionou que é direito da pessoa surda ter acesso a todos os espaços, o que, segundo ela, ainda não acontece. A professora afirmou que há uma grande falta de profissionais capacitados para o trabalho de tradução e interpretação, além de pouca oferta em cursos na área. “Eu tenho uma grande atuação e participação na Comunidade Surda de Bagé, por lutar com eles por direitos que eles têm na lei, mas na prática ainda não acontece de forma assídua”, destacou ela.
Mesmo atuando como professora de língua portuguesa na Cidade do Castelo, Adriana disse que sempre busca levar aos seus alunos o conhecimento de Libras e da Comunidade Surda, ressaltando que se futuramente a escola contar com alunos com deficiência auditiva, o acolhimento e comunicação entre ouvintes e surdos acontecerá de forma natural. “Isto é o que mais se almeja, que um dia todos e todas possam naturalmente se comunicar e por fim às barreiras comunicacionais”, concluiu.