
No abrigo, ela atua como volante e ajuda cada dia em uma área diferente Foto: Divulgação TP
São muitos os relatos de sobreviventes, voluntários e pessoas que de alguma forma estão convivendo em alguma parte do Rio Grande do Sul que foi afetada pelas fortes chuvas das últimas semanas. Para esta edição, a reportagem do jornal entrou em contato com a jornalista, Raíssa Vargas, que já fez parte da equipe do Tribuna do Pampa e atualmente mora em Canoas junto com a família.
Com o período que já está sendo considerado como a maior catástrofe climática dos últimos tempos, Canoas foi uma das cidades mais afetadas pelas águas do Guaíba. Moradora de um bairro localizado em área mais alta, a residência de Raíssa e da família não foi atingida pela enchente, e acompanhando a situação de milhares de pessoas desabrigadas, ela decidiu ser voluntária no abrigo montado na escola em que trabalha atualmente.
ATUAL SITUAÇÃO
Segundo ela, mesmo não sendo afetada diretamente, há uma preocupação significativa em vários aspectos, pois estima-se que 60% da cidade tenha sido atingida pelas inundações, colocando todos, afetados ou não, em um clima de insegurança e incerteza.
“Em meio a essa catástrofe, observamos um aumento na violência nas ruas, o fechamento de comércios, escassez de transporte e o rápido esvaziamento das prateleiras dos mercados”, comentou, destacando ainda a falta de abastecimento de água potável, tanto por meio da compra, quanto pela falta de fornecimento nas torneiras.
Ainda, ela mencionou que as águas nas ruas estão recuando lentamente, mas sempre que a melhoria começa a ser vislumbrada, novas chuvas elevam o nível novamente. “Órgãos públicos estimam que o município leve cerca de 60 dias para que as águas baixem e as pessoas possam retornar a uma nova normalidade. No entanto, até lá, enfrentamos grandes incertezas, especialmente porque muitas pessoas perderam tudo, suas casas, seus negócios, seus empregos”, lamentou, sugerindo que novas políticas públicas serão necessárias para gerenciar adequadamente o apoio para todas essas famílias.
Ao comentar sobre o trabalho voluntário que está realizando, Raíssa disse que tem acompanhado muitas histórias de pessoas que perderam tudo, e que no momento cogitam recomeçar em outro lugar. Na oportunidade, a profissional mencionou que essa situação demandará esforços coordenados, além de uma resposta abrangente para ajudar as comunidades a se recuperarem e reconstruírem suas vidas.
O abrigo mencionado, começou comportando cerca de 800 pessoas, e no momento concentra um pouco mais de 100, já que as pessoas estão sendo remanejadas para locais públicos. “Minha função é volante, ajudo de tudo um pouco. Um dia entrego comida, outro dia fico na parte do canil e outras vezes na parte das roupas. Vivenciamos muitas coisas, até mesmo pessoas que se apaixonaram estando no abrigo”, comentou ela, dizendo ficar preocupada quando finalmente as águas evacuarem totalmente das ruas, pelo cenário lamentável e devastador que será encontrado.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*