Quando sempre se fala e luta por uma transição energética justa e isso até virou o slogan do TP nos últimos tempos, é justamente para que regiões como a nossa tenham a oportunidade de se adaptar e buscar alternativas, com novos nichos econômicos, bem como, se ter tempo hábil para implantar novas formas de utilizar o carvão mineral – uma riqueza nacional e do Sul do Brasil.
O carvão pelo mundo não é utilizado apenas para a geração de energia, mas na carboquímica e sua gaseificação, com extensa variedade de produtos, desde polímeros (plásticos), combustíveis e até fertilizantes, além do ferro-silício-alumínio, que é utilizado pela indústria do aço e que Candiota já tem um projeto em andamento nesse sentido. Além de tudo, há estudos avançados de retenção do CO2 em larga escala.
Entretanto, tudo isso se faz com tempo e investimentos. A região de Candiota, há mais de 70 anos se desenvolve e vive da indústria do carvão. O desligamento abrupto e sem qualquer planejamento de uma Usina como a Fase C, vai gerar caos e mais miséria em uma região já empobrecida. Medidas como indenizações e aposentadorias compulsórias de trabalhadores são de quase nenhum alcance social e muito menos econômico.
Parar de operar a Usina de Candiota neste momento é trazer um tsunami de problemas e desemprego em massa, pois não é apenas a unidade em si que sofrerá, mas uma cadeia industrial, senão vejamos.
Com o fechamento da Usina, além de uma série de empregos e geração de impostos que se acabam de imediato na unidade em si, ainda causa o fechamento das minas de carvão, que geram milhares de empregos também. Da mesma forma, a indústria do cimento, que se abastece da cinza (subproduto da queima do carvão) terá forte impacto e deve fechar na região também, porque 40% do cimento produzido aqui tem mistura de cinza do carvão.
Outra operação fortemente atingida é a indústria do calcário, pois a Usina utiliza este produto para a mitigação ambiental, especialmente do material particulado. Ainda há os desdobramentos em empresas de transporte, alimentação e no comércio local, entre outras ramos, que serão fortemente impactados.
Por isso, a sanção presidencial do projeto de lei 576/2021 se faz tão importante ou que se tome uma medida legal urgente que garanta até 2050 a operação da Usina, com sentido único, de fazer uma transição justa, sem um sacrifício sem precedentes de uma região inteira, que será atingida brutalmente sem aviso prévio e sem tempo para buscar alternativas.
Se sabe da sensibilidade do presidente Lula e do seu compromisso com a região – sua esmagadora eleitora. Foi ele, pessoalmente, ainda em seu primeiro mandato, que em 2006 esteve em Candiota lançando a pedra fundamental da Fase C da Usina de Candiota e que depois se concretizou neste grande empreendimento que até dia 31 de dezembro de 2024 gerou empregos, renda e divisas para a região e que acreditamos assim seguirá gerando.
