RECONHECIMENTO

Parteira recebe homenagem por mais de 500 atendimentos a domicílio em Candiota

Por amor a profissão, Genecy prestava atendimento a toda comunidade Foto: Divulgação TP

Um dos momentos mais especiais do evento promovido no Legislativo candiotense pela Secretaria de Saúde do município alusivo ao Outubro Rosa, foi a homenagem realizada para a técnica em Enfermagem, Genecy Camargo Fonseca, de 90 anos.

Isso porque, mesmo não sendo natural da cidade, residiu por muitos anos no município, atuando na área de saúde. Na ocasião, o secretário de Saúde, Fabríco Moraes destacou a importância do reconhecimento feito a Genecy. “Uma mulher que ajudou na construção da nossa saúde e na vida de muitos candiotenses”.

O prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, que esteve acompanhado do secretário geral de Governo, Graciano Pereira, felicitou a parteira. “Essa moça e amiga, de 90 anos, faz parte da construção da saúde do nosso município. Vida longa minha querida, paz, saúde e muitas realizações na caminhada da vida junto aos filhos, netos e bisnetos. Quanta fibra, quanta coragem!”, enfatizou o prefeito.

A HOMENAGEADA – Genecy Camargo Fonseca nasceu em Bagé no dia 20 de abril de 1931. Filha de Pedro e Dolores Camargo em uma família de sete irmãos, ela foi a segunda filha do casal. Passou sua infância e adolescência com os pais e irmãos morando em uma casa no campo. Foi alfabetizada em casa, pois a escola ficava na cidade e não havia transporte na época.

Quando completou 20 anos, resolveu fazer cursos de auxiliar de enfermagem e obstetrícia, seu grande sonho, no Hospital de Clínicas, hoje Hospital Universitário onde trabalhou por vários anos, adquirindo muitas experiências e prática na área de enfermagem. “Eu adoro essa profissão”, afirma.
Casou com Adão Fonseca e foi morar na cidade para trabalhar tanto no hospital como atender a domicílio aquelas pessoas que não podiam ir até o hospital, muitos com doenças incuráveis mas que precisavam de aplicação de injeções e curativos.

Em 1967 recebeu uma proposta de emprego na empresa D.A.C.M., hoje Companhia Riograndense de Mineração (CRM), por meio da indicação de uma amiga, quando acabou se mudando para Candiota para trabalhar no ambulatório médico da empresa, onde prestava atendimento aos funcionários e alguns dependentes, chegando a cerca de mil famílias. “Tinha um médico que vinha de Bagé, mas fazia o atendimento e ia embora, depois eu tinha que me virar”, contou.

Alguns meses depois surgiu uma vaga para motorista, ela então conseguiu que seu marido Adão fosse trabalhar na mesma empresa, que também lhe concedeu moradia.

Neste tempo fez muitos atendimentos e até mesmo auxiliou dentistas da época. Fez mais de 500 partos a domicílio, fora atendimentos realizados dentro da ambulância. “Às vezes chegavam as pessoas de vários lugares e cidades da volta na porta da minha casa já ganhando o bebê. Graças a Deus nunca tive problema”, lembrou, contando também que o esposo dizia que ela podia se complicar. “Mas eu não estava pegando nada de ninguém, estava apenas ajudando”.

Ela contou uma história que diz lembrar sempre. “Um casal de uma granja chegou da campanha direto a minha casa. Eles contaram que tinham dois filhos pequenos e estava esperando o terceiro. Pediram que eu realizasse um exame para ver se estava tudo bem para a hora do parto porque os outros filhos haviam sido extraídos a fórceps. Era uma madrugada, chovia, em uma sexta-feira Santa, o casal chegou em uma camionete Rural. Quando fui fazer o exame o bebê já estava nascendo e eu só tinha a mesa do ambulatório. Pensei: e agora o que eu faço? Pedi para o marido dela descer da camionete e pegar a criança quando nascesse, pois não tinha onde colocar. Ela ficou uma semana comigo e depois foi pra casa bem com a criança. Depois ganhei um saco de arroz e um capão carneado, porque nunca cobrei nada de ninguém, eu procurava ajudar as pessoas e isso me orgulha, sou feliz com isso”, contou a idosa.

Em 1971, em meio a tanta jornada de trabalho e dedicação a profissão, recebeu a notícia de que tinha chegado a hora de ser mãe, mãe do coração, pois nascia sua única filha, Lilia Camargo Fonseca Langort. Hoje, Genecy tem três netos, Marcela, Augusto e Leandro, e dois bisnetos, Eduardo e Fernando.

Somente na CRM foram 32 anos de trabalho, mas também atuou, posteriormente, no posto de saúde da Prefeitura de Candiota. Depois de certo tempo resolveu retornar para sua cidade onde mora até hoje, Bagé, mas sem deixar de visitar a terrinha onde seguidamente vai passear, Candiota – lugar que diz gostar de estar.

Comentários do Facebook