TRABALHO

Pedras Altas remunera melhor o trabalho das mulheres

O Tribuna do Pampa pesquisou dados da Rais (2019) das cidades de Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado

Por Anderson Ribeiro

Pedras Altas tem média de remuneração de mulheres em R$ 2,8 mil Foto: Arquivo TP

Garantir os direitos de mulheres e meninas é uma obrigação de toda sociedade, incluindo instituições do setor público, do setor privado e da sociedade civil organizada. No âmbito da Agenda 2030 isso corresponde ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 – alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
No Brasil, a garantia desses direitos se dá pela implementação de uma rede de serviços orientados para mulheres e meninas. Essa rede estrutura um ecossistema protetivo relacionado diretamente ao mundo do trabalho e que visa a evitar os efeitos deletérios – humanos, laborais, produtivos e econômicos – produzidos pela violação dos direitos de mulheres e meninas. O chamado teto de vidro (barreiras sutis e informais, mas persistentes, à ascensão feminina a cargos de chefia e a salários iguais aos dos homens) e a divisão sexual do trabalho limitam o acesso de mulheres e meninas a oportunidades de inserção sócio produtiva e de desenvolvimento pessoal, restringindo o potencial de geração de riqueza de mais da metade da população brasileira.
Além do imensurável custo humano, as mais variadas formas de violência contra mulheres, incluindo o feminicídio, também geram um grande custo social, econômico, e produtivo para a sociedade brasileira, o que poderia ser eliminado com iniciativas preventivas e efetivas de proteção.
A segunda e a terceira jornada de trabalho – com foco no cuidado reprodutivo e comunitário – também afeta a empregabilidade e a produtividade de mulheres em idade economicamente ativa, ganhando relevância o compartilhamento de responsabilidades entre homens e mulheres, de forma equilibrada. Nesse contexto, o Banco Mundial destacou, em seu Relatório sobre Igualdade de Gênero e Desenvolvimento (2012) que promover a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas é uma prática de “smart economics”, com efeitos claros e sustentáveis na produção e no bem-estar de toda sociedade.
Com isso, o Tribuna do Pampa realizou uma pesquisa aos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), analisados pelo Observatório do Trabalho, onde aponta que a diferença de remuneração entre homens e mulheres no mesmo nível ocupacional, muitas vezes, supera R$ 1 mil dentro da estrutura de trabalho formal. Os dados deixam clara a disparidade no tratamento às diferenças de gênero. Os dados pesquisados são das cidades de Candiota, Pedras Altas, Hulha Negra e Pinheiro Machado.

CANDIOTA – Na Capital do Carvão de acordo com os dados (2019), a remuneração média para homens é de R$ 4,2 mil e para mulheres de R$ 3,4 mil. Ou seja, são R$ 800 de diferença. A disparidade é ainda mais gritante se compararmos os valores pagos para cidadãos que ocupam cargos de direção. A remuneração média para homens em cargos de direção, em Candiota, é de R$ 11,8 mil. Já para mulheres, os valores não ultrapassam a média de R$ 4,8 mil. É uma média de R$ 7 mil reais que as mulheres ganham, a menos, que os homens, mesmo que muitas vezes, estejam mais capacitadas profissionalmente.

HULHA NEGRA – De acordo com dados Rais (2019), Hulha Negra tem a remuneração média para homens de R$ 2,7 mil e de R$ 2,1 mil para mulheres. Isso quer dizer que, em média, as mulheres ganham R$ 600 a menos que os homens na cidade. Já a remuneração média para homens que ocupam cargo de direção é de R$ 5,2 mil. Para as mulheres, o valor fica na média de R$ 3,1 mil. Ou seja, as mulheres ganham, em média, R$ 2,1 mil a menos que os homens, independente de capacitação profissional.

PINHEIRO MACHADO – Na Terra da Ovelha, os valores variam, mas a diferença é menor que Candiota e Hulha Negra. Segundo os dados da Rais (2019), a remuneração média para homens em Pinheiro Machado é R$ 2,6 mil. Para as mulheres, a média é de R$ 2,4 mil. A diferença é de R$ 200 reais, em média. Se analisarmos cargos de direção, os homens têm uma remuneração média de R$ 3,9 mil, enquanto as mulheres chegam há apenas R$ 2,2 mil. Uma diferença de R$1,7 mil.

PEDRAS ALTAS – A Cidade do Castelo é a única, das pesquisadas, que as mulheres, em média, são melhor remuneradas que os homens. Conforme dados da Rais (2019), a remuneração média dos homens em Pedras Altas é de R$ 2,3 mil. A média de remuneração para as mulheres é de R$ 2,8 mil. São R$ 500 reais de diferença. Para cargos de direção não há dados disponíveis.

COMPARATIVO – Em destaque, a disparidade e a equivalência percentual entre os rendimentos de mulheres e homens, considerados vínculos de emprego (CLT) e de natureza administrativa de acordo com a perspectiva geográfica selecionada. A disparidade foi calculada subtraindo-se o valor médio mensal pago às mulheres do valor médio mensal pago aos homens. No caso da equivalência percentual, dividiu-se o valor pago em média às mulheres pelo valor pago em média aos homens, obtendo-se o percentual do rendimento médio masculino mensal que equivale ao rendimento médio feminino mensal. Em Candiota, a disparidade de rendimentos no setor formal é em média R$ 826,50 reais. A equivalência do rendimento é 80,4%. Ainda no setor formal, Pinheiro Machado aparece com a disparidade de rendimentos na casa dos R$ 242,40 e a equivalência 90,7%.

ETNIA – Se formos comparar, conforme os dados da Rais (2019), em Candiota, um homem branco tem a remuneração média de R$ 4,2 mil, já um homem negro a média baixa para R$ 3,6 mil. São R$ 600 reais de diferença. No caso das mulheres também difere. Mulheres brancas a média é de R$ 2,6 mil, enquanto para mulheres negras a média é de R$ 1,8 mil. Ou seja, por ser negra, a mulher recebe R$ 800 a menos, em média.

Comentários do Facebook