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Pequena empreendedora pinheirense surpreende ao contar sobre adoção

Yasmin começou a pintar aos 9 anos e agora, aos 13, já comercializa suas telas Foto: Divulgação TP

Essa história que o Tribuna do Pampa vai contar agora começou com a intenção de falar sobre o empreendedorismo feminino. A data foi comemorada mundialmente na última semana e a iniciativa seria uma forma de destacar a independência conquistada com muito suor pelas mulheres. O que nem mesmo a reportagem sabia era que a personagem principal, uma pinheirense de apenas 13 anos, tinha muito mais a contar e a ensinar para todos nós.

Como tudo que tem a ver com mulher tem a ver com luta, garra e determinação, a vida de Yasmin Rodrigues Duarte não é diferente e já possui todos esses ingredientes desde muito cedo. Agora, durante a pandemia do novo coronavírus, ela resolveu usar seu dom para pintura, ajudar a passar o tempo, vender suas telas e ainda garantir alguma renda.

O jornal conversou com a menina com a autorização dos pais, Elisangela Gross e Bruno Duarte, através do WhatsApp da mãe e sua incentivadora número um. “Fiz o meu primeiro quadro quando eu tinha 9 anos e o que eu mais gosto de pintar é paisagem, tipo natureza. Faço o desenho da minha cabeça e também quando a pessoa pede algo que eu saiba fazer, eu faço. Utilizo pincel, tinta, verniz e dependendo da tela utilizo esponja, cotonetes e algodão. Eu fazia os quadros para minha mãe, meu pai e para colocar na sala, aí um dia perguntei para minha mãe o que ela achava de começar a vender, ela disse que era um momento difícil de pandemia, mas que se era isso que eu queria ela ia me ajudar. Fico muito feliz quando alguém leva um quadro meu para sua casa”, contou.

Elisangela colocou as imagens de alguns quadros em seu perfil no Facebook e disse que em seguida da primeira venda a filha não queria mais parar de pintar. “Ensinamos ela a fazer os custos, pois no começo ela estava empatando e não tinha lucro nenhum. O dinheiro fica com ela, nós compramos a maioria das coisas que precisa, mas ela é incrível e diz que também tem que ajudar a comprar – o que é muito bom, assim ela já aprende a valorizar e administrar o dinheiro dela”, disse a mãe. Segundo contou a própria Yasmin, os quadros vão de R$ 40 até R$ 100 e as vendas são realizadas pelo Facebook.

Os primeiros desenhos tinham destino certo: os pais Foto: Divulgação TP

Questionada quando identificou seu dom para a arte, a pequena grande empreendedora acabou mostrando que sua história de vida não foi nada fácil. “Quando eu era pequena minha mãe morreu, fiquei até os 7 anos com a minha avó e depois por não ter mais familiares que ficassem comigo fui morar no Lar da Menina em Bagé. Lá tivemos uma professora de artes que ensinava a fazer algumas pinturas. Aos 10 anos fui adotada por uma família de Pinheiro Machado, mas infelizmente não deu certo e fui devolvida para o Lar da Menina. Minha mãe já tinha me visto aqui na cidade, soube da minha história e lutou muito para me adotar. Ficou um ano esperando e quando eu estava completando quase 11 anos ela finalmente conseguiu. Então eu seguia fazendo os desenhos para ela e para o meu pai em folha de ofício. Um dia minha mãe disse para eu fazer uma tela, que iria ficar muito legal, e foi assim que eu comecei a pintar meus quadros”.

Segundo a mãe da artista, a reportagem pode sim ajudar a dar visibilidade para seu trabalho com as telas, mas também pode servir para conscientizar a população do quanto é importante o ato de adotar alguém. “Ela é nossa única filha, nosso presente de Deus. Aos 35 anos eu descobri que não poderia engravidar, foi muito difícil adotar porque ela já tinha sido devolvida uma vez, mas parece que sempre foi nossa. A história da Yasmin também serve de inspiração para as pessoas adotarem crianças mais velhas, com idades de 10 anos para cima, pois é muito difícil a adoção nesta idade e precisamos mostrar para as pessoas que com amor e carinho pode sim dar tudo certo”, disse Elisangela – que fala com orgulho já ter ficado conhecida como a mãe da pintora.

Para o futuro, além de fazer um curso de pintura para se tornar profissional, Yasmin contou que quer ser policial e protetora dos animais. Para nós todos, com essa história, temos mais uma prova concreta de que amor e carinho são a base de tudo e que lugar de mulher – e da pequena Yasmin – é onde ela quiser.

Para o jornal, ela contou que quer ser pintora, policial e protetora dos animais Foto: Divulgação TP

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