Após quatro anos residindo no interior de Hulha Negra, localidade da Trigolândia, o objetivo de prosperar e aumentar a renda da família levou o produtor e criador de ovinos, Manoel Domingues, a investir no artesanato rural.
Com o auxílio da família, a compra de uma roca manual, utilizada para fiar fibras de origem animal, ou seja, transformar a lã da ovelha em fio, deu início ao processo de confecção de peças do vestuário para comercialização.
A ideia deu certo, e conforme explicou Manoel à reportagem do jornal Tribuna do Pampa que visitou a residência, hoje a empresa denominada Pillar Artesanato está ampliada e é responsável pelo sustento total da família. “Desde o início procuramos nos especializar. Fizemos cursos e procuramos um diferencial para poder confeccionar peças modernas e de qualidade. Hoje trabalhamos bastante, mas garantimos nosso sustento, ampliação dos negócios e o pagamento de estudos dos filhos, um em curso superior de Direito em Araranguá e a outra, em Medicina, na Argentina”, relata Manoel.
INVESTIMENTO – Com o passar do tempo e o sucesso dos negócios, surgiu a necessidade de aumentar a produção, mas para isso, também era necessário compra de maquinários. Primeiro, o artesão adquiriu um tear artístico de 1,5 metros, o que alavancou as vendas. Hoje, a família já utiliza também, um tear de 2,5 metros, o que permite a confecção de cobertores e capas inteiras, sem precisar costurar as peças. “Os teares possibilitam um trabalho mais rápido e com extrema qualidade, além de peças com um trabalho mais elaborado e variação de cores. A peça também trouxe praticidade, o que nos permite uma confecção mais rápida”, conta Manoel.
As peças chegam a contar com três tipos de trabalho – tear, crochê e tricô – e o produtor relata que com a ajuda de terceirizados, chegam a ser confeccionadas 50 peças ao mês, sendo possível obter oito peças ao dia no tear.
FEIRAS – Além da venda no município e região, a expansão dos negócios permitiu a participação em feiras por todo o país. De acordo com Manoel, através do cadastro na Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), neste período estão sendo enviadas para o estado de São Paulo, peças para comercialização, mas ele conta que participa de feiras presenciais. Expotchê, em Brasília, Maria da Glória, no Rio de Janeiro, Expointer, em Esteio, em Rio Pardo, Expodireto, em Não-Me-Toque, Fenamilho, em Minas Gerais e Fenasoja, em Santa Rosa, são algumas das feiras já participadas pelo produtor fora do município. Manoel Domingues faz referência à importância da FGTAS. “Como somos integrantes da Agricultura Familiar recebemos total apoio da entidade por meio do Sindicato Rural de Bagé, o que nos proporciona a isenção do pagamento de estandes e alimentação, garantindo o retorno com a venda das peças”, relata.
PEÇAS – Questionado sobre os tipos de peças confeccionadas, o artesão conta que as peças mais procuradas são casaqueto, canguru e casaco com manga morcego, mas que a Pillar também faz cobertores, capas, coletes e vestidos, entre outros. Por fim, ao ser solicitado a fazer uma avaliação sobre os dez anos de empresa e o momento atual, ele fala em persistência, força de vontade e muito trabalho. “De início era difícil e não imaginávamos que chegaríamos onde estamos agora. Na lã encontramos muitos adversários, mas também encontramos pessoas como a dona Elenita, que foi uma mestre, nos ensinou muita coisa sobre fazer as peças. Sempre tivemos boa vontade, mas faltava técnica. A partir daí buscamos essa técnica e hoje chegamos a esse ponto. Basta se empenhar e lutar, levar o trabalho a sério, não paramos nunca, inverno e verão estamos trabalhando”, finaliza o artesão.