Desde o último dia 13 de agosto, Pinheiro Machado conta com o Grupo de Estudos Históricos Odil Peraça Dutra Pró-memória de Cacimbinhas (GEHOPD). O grupo é formado por voluntários, de forma independente e aberto a participação de interessados sobre o assunto.
Uma reunião para a decisão de criação do Grupo aconteceu na Câmara de Vereadores e Vereadoras. Embora informal e fruto de iniciativa privada, o encontro de instalação atraiu, por sua relevância, as representações políticas locais, nelas incluídas as duas chapas concorrentes às eleições municipais de 2024, a do atual prefeito, Ronaldo Madruga e da vereadora Laura Ratto, pela coligação PP/MDB; e a de Danubio Peres e Geovane Teixeira, pela coligação PDT/PSDB. Também participaram a vereadora Magda Afonso (PDT) e o vereador Éliton Rodrigues (MDB).
O GEHOPD resume em seu nome tanto sua vocação, de preservação histórico-cultural da trajetória de uma cidade que, dentro de quatro anos, chegará ao sesquicentenário de emancipação (150 anos), quanto uma homenagem ao principal historiador do município.
Na ocasião, foi feita uma apresentação sobre a expressão histórica do município, feita pelo jornalista e professor Nikão Duarte, que ressaltou a contribuição das pesquisas de Odil Peraça Dutra ao entendimento do que foi e continua sendo o município surgido em 1878 como Cacimbinhas, após se emancipar de Piratini, e ter o nome trocado em 1915 para Pinheiro Machado. Por indicação de Nikão, Carlitos Dutra, filho de Odil e mantenedor de seu acervo, foi aclamado como presidente do GEHOPD.
Cabe recordar que atualmente, Cacimbinhas é assumido com carinho como um apelido à denominação oficial e seu nome surgiu porque no seu território havia uma profusão de mananciais transformados em poços pelos tropeiros, cuja água servia para abastecimento humano e animal em trânsito. Há também a história que em seu povoamento, um pioneiro, cego, recebeu em sonho um aviso de Nossa Senhora para que lavasse os olhos numa das cacimbas que voltaria a ver. Feito o milagre, o favorecido providenciou a construção de uma capela dedicada à Nossa Senhora da Luz… das Cacimbinhas, onde ao redor deu início a vila.
No encontro, os participantes apontaram sugestões, incluindo a de realização, ainda em 2024, de um evento público sobre a história municipal. Definiram, ainda, a formalização institucional e legal do Grupo, a ser providenciada na sequência, assim como os nomes que acompanharão Carlitos Dutra na composição da diretoria e seus canais de comunicação nas redes sociais.
Ao TP, o presidente do Grupo e filho de Odil Peraça, Carlitos Dutra, falou sobre a homenagem. “Com certeza, para nós familiares do saudoso Odil Peraça Dutra é motivo de orgulho e por que não dizer de júbilo, essa homenagem que hora é efetivada à sua memória. Mesmo antes do seu falecimento em 2003, já falávamos em criarmos, algo semelhante a esse Núcleo de Pesquisas, que no momento toma forma, a fim de preservarmos nossa história e acervo de uma forma permanente para as gerações futuras. Com certeza ele onde estiver, estará torcendo por nós”.
Carlitos ainda completou: “Nosso município carece de uma política pública voltada a preservação de nossa história patrimonial bem como cultural, e um município que está no limiar de completar o seu sesquicentenário de emancipação, precisa de um grupo como este para que venha preencher essa lacuna existente. A criação desse grupo vem preencher a ausência de um órgão oficial dedicado à preservação da memória municipal”.
Para engajar-se ao GEHOPD Pró-memória de Cacimbinhas basta manifestar interesse. Contatos pelos telefones (53) 99705-2169 (Carlitos) e (51) 98413-8028 (Nikão Duarte).
ODIL PERAÇA DUTRA
Autor da obra-master sobre a história municipal, já em três edições a partir dos anos 1990, Odil Peraça Dutra deu enormes contribuições à vida comunitária local. Nasceu em 1920, descendente, pelo lado paterno, do açoriano José Dutra de Andrade, o primeiro povoador, aquele do milagre; e pelo materno, de família uruguaia, também dedicada à vida rural. Ele próprio trabalhou algum tempo no campo, até empregar-se na Associação Rural e, mais tarde, na Prefeitura, onde permaneceu por 30 anos.
Presidiu clubes sociais e de serviço, atuou na Casa Maçônica Luz e Ordem II, teve papel preponderante na educação formal, como professor do Instituto São João Evangelista e militou na política, como vereador e secretário da Câmara Municipal. Odil faleceu em 2003.
“Monografia histórica do Município de Pinheiro Machado (ex-Cacimbinhas)”, de sua autoria, tem sido ao longo do tempo a obra de referência a todos os que se interessam pela história local – e ponto de partida a autores que se ocupam de temáticas específicas da trajetória municipal. O livro, originalmente publicado em 1990, teve uma reedição ampliada quase imediata e uma outra em 2018, providenciada por seu filho e seguidor no interesse pela pesquisa, Carlitos Dutra, hoje responsável pela preservação do acervo bibliográfico e documental do pai.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*