
Em alguns pontos, como na ponte, não é possível trafegar dois veículos ao mesmo tempo Foto: Silvana Antunes TP
O trecho de 2,5 km que liga a BR-293 ao frigorífico Marfrig/Pampeano, em Hulha Negra, é outra estrada que aguarda por asfalto já há alguns anos. Responsável pelo tráfego de centenas de caminhões com matéria-prima e produtos para exportação, a estrada, ainda de terra, é considerada um empecilho para o desenvolvimento.
Isso porque, além de uma ponte baixa e estreita que fica cerca de 1,5 metros submersa em períodos de cheias, na maior parte do trecho, não há capacidade para o tráfego de dois veículos de grande porte ao mesmo instante, o que ocasiona atolamentos e tombamentos de veículos. De janeiro de 2017 até a última terça-feira (16) há pelo menos o registro de oito ocorrências de tombamentos ou atolamento de veículos, que demandam a necessidade de utilização de guincho para retirada do acostamento da estrada.
Além de caminhões e carretas com produtos que entram e saem diariamente do frigorífico, a estrada também é o principal acesso diário para os 1.500 colaboradores da empresa, seja através de veículos de passeio e oficiais, ou ônibus – o principal que transporta funcionários de Bagé e Hulha Negra ou o intermunicipal que faz linhas entre os municípios de Bagé, Hulha Negra e Candiota, principalmente.

Em três anos, pelo menos oito veículos tombaram na estrada Foto: Divulgação TP
Diversas reuniões com o governo do Rio Grande do Sul já ocorreram nos últimos anos na tentativa de pleitear recursos para a obra de asfaltamento do trecho devido aos sérios problemas decorrentes. Até então, tentativas e buscas de recursos não trouxeram resultados. Porém, recentemente, um anúncio do deputado federal Afonso Hamm (Progressistas) e grande conhecedor dos problemas da estrada, trouxe expectativas para o prefeito de Hulha Negra, Renato Machado, bem como para o diretor de Industrializados do Grupo Marfrig, Rui Mendonça Junior.
Conforme repassado a reportagem do Tribuna do Pampa, que acompanhou com exclusividade o prefeito durante uma visita a empresa nesta semana, o deputado comunicou que chegaria uma emenda parlamentar da Bancada Gaúcha no valor de R$ 50 milhões ao ano, totalizando R$ 200 milhões se somados os quatro anos de mandato do governador Eduardo Leite. “No passado já tivemos reunião com o ex-governador José Ivo Sartori e o deputado Pedro Westphalen – na época secretário de Transportes, pois temos um projeto completo desse empreendimento, com ponte sobre a Sanga Passo da Areia e o asfaltamento da BR-293 até o frigorífico compreendendo cerca de R$ 7 milhões. Agora, na gestão do governador Eduardo Leite, voltamos a nos reunir para vermos uma nova alternativa de recursos. Por isso, hoje, com essa possibilidade de emenda parlamentar, aproveitamos para fazer esse trabalho de esclarecimento para a comunidade assim como para as autoridades, da necessidade desse asfaltamento utilizando parte desse recurso da Bancada Gaúcha”, manifestou o prefeito Renato Machado.

Prefeito Renato Machado e diretor Rui Mendonça estão otimistas Foto: Silvana Antunes TP
Ainda para ressaltar a importância de uma estrada de qualidade, o gestor lembrou que mais de 70% do recurso que chega a Hulha Negra depende do Marfrig. Machado explicou que a Prefeitura, através da Secretaria de Obras, realiza constantes manutenções, porém a necessidade do asfaltamento é visível. “O que cabe no bolso da Prefeitura é a manutenção da estrada, mas não é o bastante, precisamos tirar a poeira para que as coisas aconteçam tranquilamente. Tantos prefeitos encaminhando investimentos para o município e nós lutando para essa grande empresa permanecer em Hulha Negra e expandir”, afirma.

Chuvas em excesso causam alagamentos em diversos pontos, dificultando ou impedindo o acesso ao frigorífico Foto: Divulgação TP
O anúncio da possibilidade da emenda animou o diretor de Industrializados do Grupo Marfrig. Segundo ele, a necessidade da estrada é muito grande, visto ao longo dos 30 anos de unidade, o período atual ser o mais desafiador. “Para nós é fundamental a execução dessa estrada. O Pampeano, hoje, está com 1500 empregados e um faturamento em torno de R$ 500 milhões ao ano. Exportamos para mais de 40 países. Nossos principais mercados são Europa e Estados Unidos, extremamente exigentes e que demandam condições sanitárias muito adiantadas”, explica o diretor.
Mendonça Júnior reafirma que a poeira está impedindo a entrada em novos mercados. “Além dos problemas de acesso convivemos com uma questão sanitária, uma estrada de terra, onde a poeira é um impeditivo para a habilitação em outros mercados. Além do Reino Unido, EUA, Canadá e Alemanha, que são os principais mercados, estamos pleiteando a entrada em mercados mais competitivos, como é o caso de Japão. Nossa ideia é seguir crescendo, estamos com projetos esperando pela execução desse asfaltamento”, ponderou.
Com o anúncio feito pelo prefeito, o diretor disse estar otimista. “Tenho certeza que nosso governo do Estado e nossa Assembleia Legislativa vai ter a sensibilidade de entender a importância dessa estrada para o município, uma região que carece de investimentos na área industrial, principalmente com o perfil do Pampeano. Tenho certeza desse direcionamento de recursos, que é fundamental para mantermos essa produção na unidade. Conto com o prefeito Renato Machado e com o governo do RS”, concluiu Mendonça.