
Vereadores e vereadoras mostraram preocupação com o momento vivenciado Foto: Reprodução TP
O grande volume de chuvas que atingiu o Estado nas últimas semanas ocasionando a maior catástrofe climática vivenciada pelo Rio Grande do Sul, resultou em muitas destruições e prejuízos. A situação trouxe muitas dificuldades também para o setor primário, onde produtores não conseguem concluir a colheita, retirar o leite, conseguir pastagem para o gado e, consequentemente, escoar a safra em razão da situação das estradas rurais.
O problema vivido pelos produtores em Candiota foi a pauta principal da sessão ordinária da última segunda-feira (27). Confira os pronunciamentos:
LUANA VAIS (PT)
A vereadora sugeriu repasse de valor por parte da Câmara de Vereadores e Vereadoras de Candiota para auxiliar os produtores com a alimentação do gado. “Há 2 anos, por meio de uma solicitação da Prefeitura, foi repassado recurso da Câmara para compra de pastagem para o gado em razão da estiagem no valor de R$ 200 mil. Hoje, temos muitos produtores que perderam suas produções, vivenciamos a mesma situação. Hoje na bacia leiteira, não há pastagem para o gado, quem tinha silagem para o verão já está utilizando. Temos produtores perdendo animais por causa da fome. Quero aqui conclamar para nos unirmos e juntos com o Executivo, ajudarmos os produtores”.
A vereadora também falou na situação das estradas rurais, informando que o Partido dos Trabalhadores tem cobrado a falta de investimentos do Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária (Incra). “O superintendente do Incra no RS, Nelson Grasselli, nos informou que está sendo feito um levantamento nos municípios da Região da Campanha para que junto com a Casa Civil, viabilize recursos para as estradas. Esperamos que de fato se concretize e que os governos estadual e municipal também intensifiquem a questão das estradas. Temos muitas crianças que não estão indo na escola no interior porque o transporte não consegue buscá-las. Isso é grave”.
FABRÍCIO MORAES (MDB)
O vereador falou de forma abrangente sobre o tema, destacando o levantamento feito pela Defesa Civil municipal para ser enviada aos governos estadual e federal. “O que se foi visto até agora foi o presidente da República duas vezes no Estado, e hoje o vice-presidente no Estado, mas de fato recurso nos cofres das prefeituras nada. Falo porque participo de grupos políticos e tem prefeitos que estão cansados de mandar informação, fazer relatório, e nada ainda foi feito. Queremos saber de fato quando vai chegar o recurso, queremos resultado”, cobrou.
LÉO LOPES (PSDB)
O próximo vereador a falar foi Léo Lopes, lembrando que dia 22 foi o dia do produtor rural, mas que nada se tinha a comemorar. “Temos visto o sofrimento em decorrência das intempéries do tempo, por tudo que as chuvas e anteriormente a seca têm causado. Aguardamos há muito tempo algumas definições, o governo do Estado não criou nenhuma política pública neste sentido, bem como o governo federal. Na última sexta-feira (24), o governo liberou duas portarias que trazem um aporte ao pequeno produtor, agricultor familiar para abatimento de dívidas. É ínfimo esse auxílio quando as perdas são entre 70 e 90%. O que não tem R$ 100 mil agora pra pagar algum financiamento, não vai ter R$ 80 mil daqui a três meses. É preciso um planejamento estratégico de todas as esferas”.
GUILHERME BARÃO (PDT)
O vereador questionou o trabalho do Executivo. “A preocupação dos vereadores com os pequenos produtores também é minha, mas vejamos bem, todos os segmentos devem fazer a sua parte, a União, o Estado e o Município. Qual é a política que o município tem? Me mostrem aqui para a agricultura, se não tem estrada não tem nada. Os valores arrecadados vão para as três esferas, então cobramos de todos”.
HULDA ALVES (MDB)
Como técnica da Emater, a vereadora disse que as equipes técnicas da instituição e do município têm se reunido com a Defesa Civil e está buscando cada vez mais números sobre a situação do campo. “Já temos alguns encaminhamentos, inclusive por parte dos governos sim. Precisamos de todas as informações e forças sindicais, pois as políticas públicas não são feitas só daquilo que temos vontade, ninguém quer o mal de ninguém, todos queremos soluções, mas precisamos saber que políticas públicas são lentas. Em Candiota, no início de 2023 tivemos estiagem, depois chuva em setembro, estiagem no início deste ano e agora novamente chuva. Ainda tem políticas voltadas a estiagem que os produtores ainda não acessaram. Qual mecanismo que temos que buscar? Não sei, acelerar a chegada da política pública na ponta. Somente vir pra cá e citar os problemas não tem resultado. Informar os números de percas, lavouras, hectares perdidos devem ser feitos aos órgãos públicos e isso vai passar pela questão das estradas”.
ATAÍDES DA SILVA (MDB)
Na sequência, o vereador falou em união de forças. “O Incra vai fazer levantamento de todos os assentamentos, mas vai demorar, temos que nos unir, buscar negociar a dívida dos produtores, buscar recursos. A produção sai lá da lavoura e se o produtor não tiver um bom apoio, não vai ter comida na cidade. Se tiver que perdoar dívidas pra dar força aos produtores, fazer, tem muito dinheiro nesse Brasil”.
Sobre as estradas, Ataídes lembrou ser muita chuva e que as estradas não aguentam. “Há poucos dias foi dada uma tapeada boa nas estradas. Hoje, em vários trechos, os veículos precisam ser puxados. Mas imaginem, carreta com mil sacos de soja, mais o peso da carreta, nem o asfalto aguenta. Não estou aqui pra defender prefeito, defender ninguém, estou para falar a verdade. O pessoal precisa tirar a produção, mas se proibir carreta grande, também vai reclamar. Se estragar a estrada tem que arrumar de novo. Tem trechos recebendo pedras e mesmo assim as pessoas criticam. Temos que cobrar dos órgãos competentes, claro iniciar pela Prefeitura, mas também governo estadual e federal”.
DANILO GONÇALVES (PT)
Em continuidade, o vereador citou conquistas após visitas de ministros na região e Estado, que embora não seja o total necessário, acaba auxiliando. Ele ainda afirmou que relatórios devem sim ser feitos em busca de auxílio federal e concordou que a Câmara deve ajudar os produtores. “Que bom que há dois anos a Câmara ajudou os produtores e que agora acontecesse a mesma coisa. É inadmissível que a sobra do dinheiro que vem pra cá, que é a Casa do Povo, seja devolvida ao prefeito. Porque não investir na agricultura, nas pessoas que estão sofrendo pela falta de comida para os animais. Tem todo o problema no Estado, mas aqui temos as pessoas perdendo produção. Os encaminhamentos devem começar por aqui, pelo nosso prefeito e nós vereadores temos que estar presentes”.
GILDO FEIJÓ (MDB)
O vereador disse lamentar a situação vivida pelos produtores rurais e destacou que se hoje com o carvão e arrecadação, a situação está assim, sem a sobrevivência das usinas não haveria mais estradas. “Está apodrecendo tudo, as pessoas não conseguem colher. Já faz anos que enfrentam esse problema, é muito difícil a vida do produtor. Se engana quem pensa que vai largar um assentado em cima de um lote e ele vai sobreviver sem ajuda. Não consegue, não tem como, não tem mágica. E agora a situação das estradas piora tudo. O pequeno produtor precisa de saúde, educação e estrada. Hoje não temos estrada, mas não porque o Executivo não quer, mesmo que tivessem sido feitas no verão e afirmamos que tem que ser, com as enxurradas teriam sido destruídas. Lamentamos a situação vivida pelas famílias do interior. Hoje o prefeito Folador me ligou para dizer que um documento estava sendo enviado ao Incra, onde o instituto acena com a possibilidade de municípios do Cideja serem contemplados. Mas precisamos que seja de fato. É responsabilidade do Incra sim, do governo do Estado e do municipal. Mas não tem como comportar 1,5 mil quilômetros de estradas de chão com esse monte de chuva. Precisamos do Incra e nesse um ano e meio do governo Lula não veio nada do Incra”.
CLAUDIVAN BRUSQUE (PSDB)
O vereador também falou na condição de produtor rural, destacando a necessidade de auxílio. “Foi feito relatório que começou anteriormente com problema da estiagem. O Estado aprovou, mas o governo federal não aprovou. Também, no Estado, onde tu vai é chuva, soja apodrecendo, produtor perdendo tudo. Se não tiver um auxilio não vai ter condições. Também sou agricultor e estou sentindo na pele. Está difícil. O governo federal arrecada 100%, repassa para o Estado 30%. O RS está perdendo tudo, famílias, vidas, mas é guerreiro e vai lutar. Esperamos que o poder público ajude”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*