INVERNO
Pois novamente o inverno bateu à nossa porta. Como sempre, na roda do mundo, ele comparece com seus encantos e desencantos, carregado de beleza própria e de tristeza e dor.
Nós amamos esta estação do ano que é bem-vinda para a intimidade, para o convívio do lar num frio que nos toca e entoca dentro das nossas casas.
Uma boa lareira aproxima a família e fortalece a convivência fraterna. O calor do fogo aquece os corações e a convivência (linda palavra), traz conhecimento e amor familiar.
No inverno, a inclemência da natureza provoca uma reação formidável do comércio. A indústria do frio nos traz conforto e aconchego. É a hora dos casacos, dos abrigos, das bebidas quentes para a comodidade necessária. O comércio se renova, as fábricas contratam e produzem agasalhos adequados para nosso alívio.
A indústria do frio produz riquezas nas áreas do vestuário, do alimento, das bebidas, entre tantos outros. O turismo, para quem tem ‘grana’ para queimar é um fator importante na produção de riqueza. A região da serra gaúcha, para quem pode, é cheia de encantos com neve e tantos outros atrativos.
INFERNO
Na outra ponta da nossa estrutura social, inverno é sinônimo de inferno. O frio úmido e intenso traz desconforto aos pobres, como doenças respiratórias e toda uma cadeia de sequelas.
Os mais pobres são as vítimas do frio. Os agasalhos ‘quentes’ são caros e inacessíveis aos pobres. Ar condicionado, nem falar. Toda ‘indústria’ do frio não chega até eles porque é cara demais.
As gripes e pneumonias são um flagelo recorrente com toda uma carrada de consequências, todas doloridas e sofridas.
Não temos ainda uma cultura do frio para todos. Para os pobres, como dito, o inverno é o inferno. Inferno de doenças e toda uma ‘sorte’ de males e dores. Não há ternura para os desvalidos, para os que não ‘produzem’. Os hospitais não dão conta.
Crianças ranhentas perambulam pedindo ajuda e nos condenam ao sofrimento, à vergonha de impotência, incapacidade de resolver e sanar sua dor .
Inverno que encanta os ricos é o inferno dos pobres.
MISERIcórdia…
… ou pobre coração, é uma das mais belas palavras da nossa língua portuguesa. Busquemos, portanto, enriquecer nosso coração com amor e conforto acolhendo os desvalidos.