Três Toques – 24/MAI/2024

NÓS, OS GAÚCHOS
Estamos feridos, é certo, só que não vencidos. As águas que destruíram nosso Rio Grande são as mesmas que irrigam nossos campos, nossas lavouras e produzem nossas riquezas.
Por certo nós humanos temos parte nessas desgraças. Quantas vozes nos alertaram que a natureza reage aos nossos maus cuidados, aos mal-feitos. Sabíamos que o troco viria mais dias, menos dias, mas viria. E estamos estarrecidos com o que estamos passando.
Quero falar como gaúcho que não se entrega, como gaúcho que tudo vence e que gosta das coisas difíceis. Só que não consigo fingir que não vejo a mulher produtora de leite abraçada às suas vacas, ordenhando chorando e jogando o leite aos porcos.
Não podemos deixar de ver o solo fértil que as águas levaram para o mar. Talvez nem em 50 anos este solo será recuperado.
Somos orgulhosos convictos, sabedores do que sabemos fazer e construir, mas este desastre nos derrubou. Não temos como esquecer e nem como secar nossas lágrimas vendo nosso Estado destruído, nossos irmãos perdendo o produto de uma vida toda de trabalho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ONDE, PARA ONDE?
A suprema vergonha, a ignomínia definitiva e a desonra suprema é vermos irmãos gaúchos roubando o que restou deste infortúnio, da desgraça dos desamparados. Isto é abjeto. A inclemência humana é muito pior que a do tempo. Gaúchos como nós, assaltando os que perderam tudo ou quase tudo.
Estes miseráveis não têm compaixão. Que vergonha para nós gaúchos!
O temporal é feio, mas este fato é horrendo. A que ponto chegamos. Roubar dos flagelados. Deus, onde estás? Teus filhos já não têm piedade e nem vergonha.

SIM, SIM, ASSIM
Estamos, chorando nossas dores e felizmente o Brasil nos abraçou, nos pegou no colo e nos consola. O conforto depois da queda é o passo inicial da reconstrução.

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