VIOLÊNCIA

Você sabe o que acontece com as mulheres da sua cidade?

Ainda estamos vivenciando o mês de março, considerado o Mês da Mulher, onde muitas campanhas de conscientização são intensificadas junto a inúmeras homenagens.

Atualmente, mais acessos estão disponíveis de acolhimentos e auxílios as mulheres que sofrem algum tipo de violência, seja física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral, porém muitas ainda tem dificuldade de procurar ajuda ou ainda pensam que não se trata de um caso de violência por diversos fatores.

A correria do dia a dia, muitas vezes, impede que se pare para pensar no que acontece em nossa volta e até mesmo que se acredite que nada aconteça neste sentido. Em razão disso e visando alertar as pessoas que o assunto é sério, grave e que sim, pode estar acontecendo na casa ao lado, o TP traz, de forma simplificada e sem nenhum tipo de identificação, alguns casos ocorridos em Candiota e que foram atendidos pela Secretaria de Políticas Públicas para a Mulher, LGBTQIAPN+ e Igualdade Racial.

Durante visita ao jornal, a secretária Hulda Alves e a advogada Juliana Baumhardt fizeram alertas. “A população precisa saber que em cinco meses da Secretaria, já atendemos 22 mulheres em situação de violência, cinco com abrigamento. Isso é um número muito alto para Candiota”, destacou Hulda.

 

EXEMPLOS DE CASOS

 

Confira os relatos feitos por Juliana ao TP:

Caso 1: “Chegaram na Secretaria procurando informações jurídicas a respeito de um abuso sexual. A menor estava acompanhada pela família e o Conselho Tutelar foi comunicado (obrigatório nste caso). Para fazer o boletim de ocorrência, encontramos dificuldade do inspetor estar na Delegacia devido a diligências externas. Fizemos o serviço de acolhimento, mas não quis ouvir a vítima antes do registro, pois temos empatia pela causa, ela estava em vulnerabilidade emocional, e cada vez que a situação é relatada, é mais um sofrimento. A vítima estava dopada, precisava ser carregada. O agressor já havia cometido abusos ao longo dos anos e no fim de semana havia enviado muitas mensagens, o que fez com que a vítima entrasse em crise, precisando ser medicada. Em Candiota, não há a sala lilás na Delegacia de Polícia, mas o inspetor é muito empático e diante da vítima estar desconfortável em relatar para um homem, foi permitido que o relato fosse feito a mim como advogada (Juliana). Na ocasião conversamos com ela, para que não se sentisse culpada, pois a tendência da vítima é se sentir culpada e ela foi encaminhada aos exames. Nesta ocasião o agressor era o padrasto e a vítima recebeu medidas protetivas por se enquadrar na Lei Maria da Penha pela situação da violência familiar e doméstica. Não é mais um número, é uma pessoa atendida e acolhida”.

Caso 2: “Atendemos um caso de uma mulher com três filhos menores e dois maiores, além de um idoso, sem condições de sair daquela situação vivida. Encaminhamos a mulher e as crianças para a casa abrigo, alguns filhos foram buscados pelo pai. Neste caso não foi configurado flagrante, mas a vítima ficou em torno de 20 dias na casa abrigo e depois conseguimos realizar a mudança, com amparo de aluguel social para que pudesse recomeçar em outra residência”.

Caso 3: “Há casos em que as mulheres são revitimadas, pois elas precisam sair do local onde moram com o agressor e perdem tudo, saem praticamente fugidas. Uma situação foi de uma mulher que viveu quase 20 anos em um relacionamento, possuindo propriedades, mas pela vida dela e dos filhos, ela decidiu largar tudo e recomeçar do zero. São situações dolorosas”.

Caso 4: “Ocorreu um caso em que a mulher foi ajudada após 12 anos de relacionamento, e depois a nora sofreu violência do próprio filho e ela prestou ajuda, encaminhando ela pra nós. São situações ocorridas em nosso município e que as pessoas nem sabem que acontecem. Este foi um caso em que vimos que nosso trabalho está gerando frutos, pois uma mulher ajudada por nós ajudou outra”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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