PACOTE EDUARDO LEITE

Educação: categoria não descarta possibilidade de greve na região

Aulas foram canceladas em uma escola de Candiota e professores se reuniram para deliberar sobre a adesão ou não da greve. Há também registros de adesão parcial em Pedras Altas. Polícia Civil deve seguir com Operação Padrão

Mobilização reuniu centenas de servidores na Capital do estado, na semana passada Foto: Divulgação TP

Nesta segunda-feira (18) pela manhã, aulas haviam sido canceladas em algumas escolas estaduais da região. A reportagem do Tribuna do Pampa, contatou com alguns educandários para verificar a adesão à greve anunciada pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers), após a mobilização realizada em Porto Alegre na última quinta-feira (14). Pelo que foi constatado, a adesão foi baixa nos quatro municípios de cobertura impressa do TP: Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado.

Em Candiota, professores da escola Francisco Assis Rosa de Oliveira (FARO) se reuniram para deliberar de forma conjunta a adesão à greve e a greve iniciou de forma parcial no educandário. Até o fechamento desta edição, as escolas Oito de Agosto, 20 de Agosto (do interior) e Dario Lassance (sede do município) continuavam com as aulas normalmente, sem adesão à greve. Em Hulha Negra, uma reunião também deveria acontecer para se chegar a uma decisão. Já em Pedras Altas, segundo a direção da escola Leonel Brizola, as aulas estão parciais, já que três professores aderiram à paralisação. No município de Pinheiro Machado, em contato com a direção do Colégio Hipólito Ribeiro, foi repassado até o fechamento desta edição que apenas quatro profissionais entraram em greve, sendo duas merendeiras e duas monitoras.

O material, intitulado Reforma Estrutural do Estado, anunciou mudanças na Constituição Estadual, no Estatuto dos Servidores Civis, no Estatuto dos Servidores Militares, no plano de carreira dos professores estaduais e em legislações que regem as aposentadorias do funcionalismo.
De acordo com informações do Cpers, a mobilização é uma resposta às reformas propostas pelo governador Eduardo Leite no serviço público, com projeção de economia de R$ 25 bilhões em 10 anos. Essas propostas devem ser votadas na Assembleia Legislativa a partir de meados de dezembro, incluindo sessões extraordinárias no Natal, quando a pressão das categorias sobre os deputados estaduais tende a ser menor.

PARALISAÇÕES – Na quinta-feira (14), uma paralisação mobilizou uma enorme grupo de servidores em Porto Alegre, onde foi selado um pacto de unidade e luta para derrotar os projetos de destruição do serviço público em curso no estado e no país.

Após a Assembleia Geral de mobilização da greve do CPERS, que já havia lotado a Praça da Matriz pela manhã, os educadores voltaram a se concentrar em frente ao Sindicato. O ato contou com falas das lideranças de todas as entidades que compõem a Frente de Servidores Públicos (FSP/RS) e ficou decidido que a partir desta segunda-feira (18), a rede estadual de educação entraria em greve por salário em dia, reajuste e nem um direito a menos. “O governo vai pegar todas as nossas gratificações e vantagens para redistribuir no básico e pagar o piso. Não há aumento real, é uma recomposição do que já temos. Pior: é um achatamento da carreira e da possibilidade de valorização real”, avaliou a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

SEGURANÇA PÚBLICA – A Polícia Civil completou a massa de servidores da educação na paralisação do dia 14 e nesta segunda, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ugeirm Sindicato), como forma de pressionar o governo e os parlamentares está convocando uma série de ações contra o Pacote do Retrocesso. A principal medida é a retomada da Operação Padrão ainda mais forte do que as que os Policiais Civis vêm realizando no último período, procurando atingir de maneira mais concreta a produtividade da Polícia Civil gaúcha e, particularmente, as metas do Programa Qualificar.

Um dos inspetores de polícia da Delegacia de Candiota, explicou a reportagem do TP que somente deverão ser registrados fatos tipificado no código penal, ou seja, considerados crimes, tais como tentativa de homicídio, homicídio consumado, e latrocínio. Segundo o agente, demais casos podem ser registrados através da internet, na Delegacia Online, assim como não serão emitidos antecedentes criminais e colhidos depoimentos, entre outras ações.

GOVERNO RS – Em uma exposição de motivos e justificativas sobre o pacote, o Governo afirmou que “nos últimos 10 anos, a despesa com pessoal teve um salto de 187%, o dobro da inflação oficial. Passou de R$ 10,1 bilhões em 2007 para R$ 29,2 bilhões no ano passado e em 2019, será mais de R$ 30,7 bilhões, mesmo sem o governo conceder reajuste salarial. O aumento de despesa com pessoal, além de outros fatores, é pressionado pelo chamado crescimento vegetativo, que ocorre por conta de avanços e vantagens previstas nas mais diferentes carreiras. São 48 meses de atraso e parcelamento de salários”.

Após a paralisação do dia 14, que também envolveu servidores da Segurança Pública, que passaram a efetuar operação padrão, com redução de serviços como operações policiais, o governo do Estado anunciou o pagamento de uma parcela de R$ 700 aos servidores do Executivo referente à folha de outubro. O valor estava previsto para entrar nas contas na próxima quarta-feira (20), mas devido à melhora na arrecadação de ICMS nos últimos dias, a Secretaria da Fazenda antecipou o pagamento. Segundo nota do governo, o valor seria creditado na primeira hora da manhã a todos os servidores que recebem acima de R$ 1.700 líquidos (este grupo foi quitado integralmente no dia 14 de novembro).

Como o pacote de
Leite afeta a categoria?

PROFESSORES : Fim do Plano de Carreira; reajuste zero por tempo indeterminado; todas as gratificações e vantagens passam a integrar o básico do nível/classe correspondente; criação de parcela autônoma com a “sobra” das vantagens acima do básico; fim das vantagens temporais (triênios, quinquênios e avanços); fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria; aumento da contribuição para a aposentadoria; aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; redução das férias remuneradas para 30 dias; difícil acesso apenas para escolas do campo; redução da gratificação de permanência de 50% para 10%; fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; redução nos adicionais de unidocência, classe especial e penosidade; fim das convocações e substituição por contratos.

FUNCIONÁRIOS DE ESCOLA (alterações na Lei 10.098): fim das vantagens temporais (triênios e quinquênios); fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria (como as de direção e insalubridade); aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; aumento da contribuição para a aposentadoria; difícil acesso apenas para escolas do campo; redução ou extinção do abono permanência; fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; reajuste zero por tempo indeterminado.

APOSENTADOS: quem recebe a partir de um salário mínimo passará a contribuir com alíquotas que chegam até a 16,32% do salário; professores(as) aposentados também terão todas as gratificações e vantagens integradas ao básico. Qualquer valor acima do piso do nível/classe correspondente será transformado em parcela autônoma que não sofrerá reajustes; reajuste zero por tempo indeterminado.

CONTRATADOS: como a referência de hora-aula é o salário do concursado, os contratados (as) também terão os salários congelados por tempo indeterminado; legaliza a demissão de contratados em licença-saúde; exclui o segmento das regras relativas à licença-saúde, gestante, adotante e paternidade com remuneração; retirada dos contratados o direito ao abono família, mesmo se enquadrados na nova faixa de renda.

Fonte: Cpers

*Matéria atualizada com relação ao jornal impresso.

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