ESPECIAL DE NATAL

Magia do Natal é resgatada por meio da cultura alemã em Hulha Negra

Bolachas de Natal visam a união familiar e o auxílio ao próximo

Dona Marlei mostrou à Maria as bolachas recém tiradas do forno Foto: Silvana Antunes TP

Em meio a presentes diversos, intensificação do comércio, aumento da economia, amigos-secretos e festividades, o resgate da cultura alemã contrasta no interior de Hulha Negra. Em pelo menos duas comunidades visitadas pela reportagem do jornal Tribuna do Pampa com o acompanhamento da extensionista rural da Emater, Maria Thomaz, grande incentivadora do segmento das tradições, a produção de bolachas se destaca quando o assunto é Natal.

Desde cedo, a neta de dona Marlei, Bárbara, de apenas 4 anos, ajuda a mãe Letícia na colocação dos confeitos

Com merengues, confeitos, desenhos e formatos que lembram o período, as bolachas confeccionadas nesta época ganham um toque especial para as famílias. Na comunidade Emanuel, Marlei Tessmer Vahl, de 64 anos, é um dos exemplos de famílias que cultuam a tradição alemã. Natural da localidade de Monte Bonito, interior de Pelotas, ela reside em Hulha Negra desde a morte do pai, aos 6 anos, ocasião em que foi adotada por uma prima moradora da Colônia Salvador jardim.

Mãe de três filhos, ela conta que as bolachas pintadas são uma tradição familiar. “Desde que me conheço por gente as bolachas fazem parte da minha casa. Fizemos na Páscoa também, mas no Natal elas ganham pintura e hoje são conhecidas como as bolachas da vó”, conta Marlei.

Hoje ela conta com o auxílio da filha Letícia e das netas Nicole e Bárbara, de 10 e 4 anos. “A receita é passada de geração em geração. É um momento de união familiar, as bolachas são feitas com carinho e amor”, relata Letícia que enquanto a equipe do TP esteve no local, ela contava com a ajuda da pequena Bárbara para confeitar as bolachas.

Com relação à produção das bolachas no Natal, dona Marlei, que apesar de fazer as bolachas o ano todo Dona Marlei mostrou à Maria as bolachas recém tiradas do forno Bolachas de Natal visam a união familiar e o auxílio ao próximo por ser o principal lanche da lavoura, conta que o período natalino é especial. “Resgatamos a história do Natal através das bolachas. Elas representam a alegria pela chegada do Natal. Na ceia, a tradição é comer a bolacha”, expõe.

Pasta colorida com flores enfeitam as bolachas de dona Ilza

BOLACHAS PRESENTES – A reportagem do TP foi convidada a visitar também a propriedade rural de Ilza Leitzke, de 70 anos, moradora da Colônia Salvador Jardim. Formas e bolachas espalhadas por cima de uma mesa. Assim nossa equipe encontrou a casa da idosa descendente de alemães. Logo de chegada, enquanto as bolachas eram analisadas com um certo encantamento pela repórter do TP, ela contou que aprendeu a fazer as bolachas com a mãe Elfrida e hoje, ela conta com a ajuda, sempre que possível, dos irmãos gêmeos Walter e Wanda, além das netas.

Ao ser questionada sobre a confecção das bolachas, dona Ilza relata que as bolachas tradicionais pintadas, com sabor de mel ou amendoim estão além da união familiar, servem como presente para muitas famílias. “Antes eu fazia parte de um grupo e fazíamos doações. As bolachas surgiram a cerca de sete anos. Faço as bolachas e escolho um local para doar. É o meu presente de Natal”, relatou a produtora, contando também, que essa é a principal forma de comemoração natalina em sua casa. “O meu Natal é fazer as bolachas, isso me preenche e além da continuidade da minha cultura, é também uma terapia. “Me sinto muito feliz fazendo as bolachas”, expõe. Para este Natal, dona Ilza já preparou 15 quilos de bolachas, que devem ser doadas aos idosos da Vila Vicentina, em Bagé, e comunidade da Colônia Nova Esperança.

Ilza Leitzke com Maria Thomaz, incentivadora da continuidade das tradições alemãs Foto: Fotos: Silvana Antunes TP

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