CORONAVÍRUS

Mesmo com testes negativos para Covid-19, empresários pinheirenses relatam prejuízos após áudio

O estabelecimento já estava seguindo as recomendações da Vigilância Sanitária30 Foto: Arquivo TP

Um áudio que circulou nos aplicativos de mensagens na última semana, em Pinheiro Machado, ainda causa impactos para Ana Gorete Teixeira e Solano Cardoso, proprietários da Padaria e Restau­rante da Aninha. Na mensagem, repassada logo em seguida da con­firmação do primeiro caso confir­mado de coronavírus no município, um homem comenta que o paciente havia realizado uma refeição no estabelecimento do casal. A infor­mação foi confirmada para ambos pela própria empresa empregadora do paciente infectado.

O repasse do áudio foi ins­tantâneo entre amigos, familiares e grupos no aplicativo. Em poucos minutos os pinheirenses já mencio­navam o estabelecimento ao falar sobre o paciente – natural de outro estado e que presta serviços em uma empresa que atua em Pinheiro Machado. “Nós recebemos o aviso oficial da empresa e um pouquinho antes de sair o boletim oficial já tivemos um cancelamento de en­comenda de bolo, a justificativa era que estaria circulando um áudio dizendo que todos os nossos fun­cionários estavam infectados pela Covid-19”, contaram para o jornal.

E assim seguiram as horas. Do áudio original outras tantas conversas surgiram e circulavam ainda mais. Para os empresários e seus colaboradores um misto de tristeza e medo – tanto em relação ao trabalho quanto à doença causada pelo novo coronavírus que aca­bava de chegar na cidade. O grupo e seus familiares também relataram ser vítimas de discriminação por onde passavam. Logo em seguida, o casal e os colaboradores – 12 pessoas no total – foram submeti­dos aos testes em um laboratório de Pelotas e nenhum deles estava infectado.

Mesmo com o resultado, o movimento caiu significativa­mente e os impactos financeiros e psicológicos ainda estão presentes entre os membros da equipe. Os proprietários do estabelecimento lembram que, desde o início dos decretos que implicou em uma série de medidas para conter a disseminação do vírus, todas as recomendações foram atendidas. “Sempre tomamos todas as pre­cauções necessárias para manter ainda mais a higiene, a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a organização do fluxo de pessoas nas filas e to­das as medidas recomendadas pela vigilância sanitária do município”, destacaram.

Questionados sobre que lição tiram desse episódio, Ana Go­rete e Solano disseram que ela deve servir para todos independente do local onde vivem: ter cuidado com a disseminação de mensagens que podem impactar de forma muito negativa e até mesmo serem dis­torcidas por tantas outras pessoas. “Nós ficamos chocados com tudo isso, minha esposa ficou abalada emocionalmente porque ela estava vendo o árduo trabalho dela indo por água abaixo por causa de um áudio que considero maldoso. As pessoas não deveriam falar o que não compete a elas e se quiserem alertar algo para um grupo de cola­boradores, que usem de bom senso e bondade para não acontecer com outras pessoas o que aconteceu conosco”, finalizaram.

COMITÊ A equipe do Comitê Extraordinário de Saúde, criado exatamente para acompanhar o cenário de pandemia no muni­cípio, reforçou a necessidade de procurar os canais oficiais para se informar. Além disso, mesmo com dois casos confirmados da doença, a orientação dos profis­sionais continua a mesma: que a população mantenha os cuidados de higiene e evite aglomerações;o uso de máscaras é obrigatório tanto nas vias urbanas quanto nos estabelecimentos comerciais ea recomendação é que só saiam de casa se for necessário.

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