PELAS REDES

Movimento estudantil do IFSul e prefeito de Bagé trocam farpas pela internet

Campus de Bagé possui quase 600 alunos de toda a região Foto: Arquivo TP

Na terça-feira (13), ocorreu em todo país um dia de defesa à Educação e contra os cortes orçamentários do Governo Federal. Em Bagé, as manifestações foram Praça Silveira Martins ao longo do dia. Uma postagem no Facebook do prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB) sobre o evento, gerou grande embate entre o gestor e os estudantes.

Na publicação, o chefe do Executivo apresentou imagens retiradas da internet de um vídeo do presidente do PT da cidade, Flávius D’ajulia, presente na manifestação, e fez referências que o melhor eram os comentários, estes com conteúdo de divergência ao partido, a pessoa do presidente petista, mas principalmente, de desqualificação ao ato de protestar.

O movimento estudantil do IFSul – Campus Bagé imediatamente emitiu, na mesma rede social, nota de repúdio, na qual se fez posteriormente um grande embate entre as partes envolvidas, com centenas de trocas de mensagens e compartilhamentos.

A nota dos estudantes, além de repudiar, denuncia o posicionamento, classificado de desrespeitoso por eles. “Em tom de escárnio e galhofa do prefeito para com os estudantes e profissionais que participaram do ato contra os cortes na Educação ocorrido em Bagé. Através do compartilhamento de prints de uma postagem, o prefeito enaltece posições irresponsáveis de alguns cidadãos, utilizando de um de seus canais de comunicação para reproduzir conteúdo com comentários que atacam, de forma equívoca, o movimento em prol da educação e contra os cortes orçamentários do MEC às instituições federais”, ressaltam.

O texto ainda diz que os discentes do IFSul estão empenhados em defender os direitos, bem como a manutenção do ensino público, gratuito e de qualidade. “Nosso movimento não levanta bandeiras ou siglas partidárias, mas sim a luta pela educação. Contudo, acreditamos na democracia e seu poder transformador. Acreditamos na troca de ideias e no debate saudável e fundamentado para o encontro da melhor solução”, afirmam. A nota ainda diz que o movimento crê que a participação da classe política e autoridades competentes, em defesa da educação e das instituições de ensino pode ser valiosa. Por fim, convidam o prefeito bageense para visitar o campus Bagé para conhecer a instituição, servidores, alunos e professores, bem como o trabalho científico desempenhando pelo instituto.

O prefeito fez questão de se posicionar na postagem dos alunos, respondendo a muitos comentários. No principal, ele diz que não faz militância em porta de Universidade, que respeita a autonomia e individualidades de cada instituição, defendendo que os locais não devem servir como palanque ideológico. “Expresso meu apoio contra os cortes desde que isso começou com presidenta Dilma (Rousseff). Fomos em comitiva para Brasília defender nossas instituições e muitos petistas de hoje estavam calados, naquela época as manifestações não tinham bandeiras de partido, apenas a causa da educação”, relata.
Divaldo conta que no dia 20 vai à Brasília levar o reitor do IFSul, Flavio Nunes, para fechar apoio com a bancada gaúcha o Congresso Nacional. “Mais que fazer discurso é de ação que precisamos”, afirma, se colocando à disposição para receber estudantes e professores no seu gabinete.

IFSul só possui verba para manter atividades até o fim de agosto

A situação do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) frente aos cortes orçamentários do Governo Federal, que já vem sendo noticiada pelo Tribuna do Pampa há algumas edições e esta semana ganhou mais elementos de gravidade.

Na noite de segunda-feira (12), o portal de internet da entidade publicou uma nota do Colégio de Dirigentes (Codir) na qual relata os encaminhamentos feitos a partir de sessão extraordinária, realizada dia 9 de agosto, no campus Sapucaia do Sul. Na reunião ficou decidido que diante da verba existente, pode-se assegurar a manutenção e o funcionamento da Instituição apenas para o mês de agosto. A publicação gerou temor de fechamento de unidades incluindo a de Bagé que emprega 45 docentes, 30 servidores técnico-administrativos, 22 trabalhadores terceirizados e 11 estagiários, além de atender 565 estudantes.

Conforme a nota, diante dos atuais contingenciamentos do orçamento e do bloqueio de 37% das despesas discricionárias, a Instituição ficou obrigada a funcionar com a apenas 63% do que foi originalmente previsto na Lei Orçamentária Anual. “Assim, foi necessário definir estratégias para dar continuidade às atividades do ano letivo, o que levou a um quadro de suspensão de muitas ações importantes, as quais contribuem com a reconhecida qualidade da educação que oferecemos”, diz o texto. Do limite orçamentário atual disponível, que está em 58%, restam apenas 5% a serem recebidos, se o bloqueio permanecer. “Com essa limitação, teríamos que manter a Instituição pelo restante do ano; ou seja, é inviável permanecermos em pleno funcionamento, porque ainda restam quatro meses de compromissos financeiros a serem honrados”, esclarece.

A publicação ainda revela que pelas razões expostas, na sessão extraordinária ficou decidido que, com o orçamento que possuem, pode-se assegurar a manutenção e o funcionamento da Instituição apenas para o mês de agosto. No final do mês, o Colegiado fará outra avaliação do cenário para a tomada de novas decisões no que tange à execução dos 5% que ainda pode-se receber e que deverão dar conta do mês de setembro. “Cabe ressaltar que, mesmo com a recomposição do nosso orçamento previsto para 2019, os reflexos do contingenciamento são irreversíveis, uma vez que diversas ações de ensino, pesquisa e extensão deixaram de ser realizadas, o que prejudica a qualidade oferecida em nossos cursos e atinge mais de 24 mil estudantes”, lamenta o texto assinado pelo Codir.

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