COLUNA TRIBUNA LIVRE

João Dóglia

Cássio G. Lopes
Escritor e Historiador

 João Corrêa Dóglia nas­ceu no dia 21 de abril de 1934, no Passo do Tigre, interior de Candiota. Filho de Américo Dóglia e de Diva Correa Dó­glia. Na mesma localidade, foi alfabetizado na Escola Elias Karam.

Após, foi interno do Colégio Nossa Senhora Auxiliado­ra, e concluiu o Ensino Secundário no Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe.

Já no início de seus passos estudantis, na década de 50, manifestava sua capacidade de liderança, exercendo seu poder agregador que o conduziu a compor grupos de política estudantil, chegando à presidência da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Bagé, e também na área esportiva, onde foi sócio fundador do Esporte Club Gente Bem.

Em 1952 prestou serviço militar no 3º Regimento de Cavalaria Mecanizado (3º R C Mec), em Bagé.

Seguindo os passos do pai, em 1955, ingressou na Universidade Federal de Pelotas, onde formou-se Odontó­logo, em 1961.

Em 04 de janeiro de 1962, casou-se em primeiras núpcias com Afra Maria Meneses Dóglia, com a qual teve os filhos: Afrânio, Cláudia e Andréa.

Seu primeiro labor exercido na profissão foi abrir um consultório dentário atendendo pessoas de Bagé e região. Em dezembro de 1962, fixou residência na cidade de Vichadero, Departamento de Rivera, no Uruguai. Ali teve forte atuação social, sendo o único odontólogo da região, fundador do Club de Leones e da pioneira Sociedad Criolla de Vichadero.

Em 1969 retornou para Bagé, onde permaneceu até o fim de sua existência.

Participou efetivamente de diversos segmentos da comunidade, tanto de ordem política, administrativa ou cola­borativa. Desempenhou a função representativa como vere­ador em Bagé, e na área administrativa, atuou nos cargos de Secretário Municipal de Turismo, exercendo a mesma função nas Secretarias de Agropecuária e também de Ação Social, além de ter sido Delegado Regional de Saúde.

Na atuação colaborativa, foi um intransigente defensor do tradicionalismo cultural. A partir de sua fiel paixão pelo CTG 93, sob sua liderança ou parcerias, tanto como nas vezes em que foi patrão da entidade, quanto nos demais momentos em que foi companheiro e auxiliar de seus vários parceiros. Foi peça fundamental em significativas iniciativas lá desen­volvidas, como Gauchadas, Semanas Crioulas, Quarteadas Sociais e, Descidas do Rio Camaquã. Coordenou várias Semanas Crioulas, onde transmitia o evento através da sono­rização do parque, informando com minúcias, tudo o que se realizava em suas variadas modalidades competitivas, com ênfase maior, é claro, para as provas de gineteada.

Seu incondicional amor à cultura gaúcha o fez participar de eventos fora desta terra, como vários rodeios em distintas cidades do Brasil e do Uruguai, não só nos eventos de ordem campeira, más também, nos de ordem musical, como por exemplo: Coxilha Nativista, Tertúlia Nativista, Califórnia da Canção Nativa e Festival da Barranca, e, além disso, liderou o admirável grupo que fundou o primeiro Centro de Tradições Gaúchas internacional, na cidade de Roscommon, na Irlanda, em 2004.

Estes são alguns dos feitos de João Correa Dóglia, eternizado pelos papéis que contam estas histórias, e na memória das centenas de pessoas que tiveram o incalculável privilégio de conhecer e/ou conviver com ele.

Em 2004, foi acometido pelo “Mal de Parkinson”, do­ença que aos poucos, lhe obrigou a deixar suas atividades profissionais, culturais e colaborativas.

Três anos após, perde sua fiel companheira, que lhe fez costado por mais de quatro décadas.

Faleceu em Bagé, no dia 30 de março de 2017, deixando além dos filhos, os netos: Maria Luísa, Luís Mário, Gabriela, Diego e Rodrigo.

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