O bode na sala

Reza a dito popular que se colocarmos um bode na sala, quando o retiramos a sala fica muito melhor. A reforma da previdência foi colocada para análise do Congresso Nacional como um “bode na sala”.
Passados alguns meses, tira isto, tira aquilo, os deputados que apoiam o governo querem fazer crer que o bode quando sair deixará o ambiente cheiroso. Não deixará.
Depois de algumas aberrações como Benefício de Prestação Continuada, o BPC, de R$ 400,00, proposto pelo governo eleito ser taxado como alteração impossível de ser viabilizada, faz tempo, o relator anuncia que vai deixar de fora estados e municípios. É justo. Cada um com seus problemas. Cada um que resolva os seus. E nem todos são iguais. Uma derrota expressiva para o governador do Rio Grande do Sul, que terá que aprovar a reforma que interessa ao Estado na Assembléia Legislativa. Isto ainda pode mudar, mas ficou difícil.
O município de Hulha Negra segue o regime geral da previdência. Candiota possui regime próprio. São diferentes.
Falam, esta semana, que com estes ajustem passa. Não é bem assim, mas talvez seja. Concluídos e encerrados os debates a respeito de algumas demandas, surgem outras, não menos fortes.
O governo jura que quem vai pagar o pato são os mais ricos. Não serão. Os mais ricos, se pagarem um pouco a mais, continuarão ricos. Tirar um pouco de muito ainda deixa muito na parte que não foi tirada. Os ricos darão um jeito de repor as perdas rapidamente, como os militares já fizeram.
Com as alterações desta semana na proposta governamental, mais da metade do que o governo federal pretende obter com a reforma da previdência, já estamos falando de cerca de R$ 900 bilhões em dez anos, vai para a conta do “regime geral de previdência social”, em economia pelo não pagamento de aposentadorias dos que ganham até R$ 5.645,80 por mês e terão de trabalhar mais alguns anos para poderem se aposentar. Será mesmo que estes são os mais ricos entre os brasileiros?
O governo federal pretende obter com o aumento de alíquotas pagas à previdência por servidores públicos com altos e nem tão altos salários dez vezes menos que pretende economizar com o regime geral de previdência. Será mesmo que os mais ricos vão pagar o pato?
O certo é que o bode ainda está na sala. E o que é pior, não há projeto de desenvolvimento econômico à vista.

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