*Marco Antônio Ballejo Canto
No último domingo, as eleições no Brasil apresentaram resultados esperados. Após a ampla radicalização de 2018, um ambiente racional embalou a movimentação dos eleitores que optaram por candidatos moderados, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, entre outras cidades, com algumas poucas exceções.
Chamou a atenção a abstenção, o número de pessoas que não foram votar, sinal de descaso com a decisão, de ausência de comprometimento do indivíduo com o coletivo, de descrédito da classe política. Sinal de pessoas que não acreditando em si mesmas também não acreditam na classe política.
Se o objetivo de tantos que não foram votar, ou votaram em branco ou anularam o voto, é mostrar insatisfação, o contrário, ir votar é mostrar que exige comprometimento do eleito. A maiorias das pessoas que não se mostram interessadas em política são as que não veem a possibilidade de obter vantagem imediata com os que estão sendo eleitos.
A princípio, o povo não é melhor que os políticos que elege. Se analisarmos bem, são eleitos os que o povo acredita serem os que se destacam entre os do povo. Dizer que não tem nada com isso porque nem mesmo foi votar significa apenas que este eleitor é uma pessoa alienada.
Não faz muito tempo, em 2014, quando Dilma e Aécio disputaram a presidência, muitos eleitores dos estados do sul do Brasil colocaram a culpa da derrota de Aécio nos nordestinos que votaram em massa na Dilma.A ampla abstenção ocorrida nos estados do sul viabilizou a vitória de Dilma. Alguns dirão que aabstenção nos estados do sul foi igual a abstenção nos estados do nordeste. Foi. Mas os eleitores do sul, que se acham mais cultos e produtivos, deveriam ter ido votar em percentual muito maior que os nordestinos.
Em 2022, haverá eleições para presidente, governador, senador, deputado estadual e federal. É bom começar a pensar no assunto desde agora.
No momento, o tema é a vacinação. Enquanto o mundo começa a vacinar, o Brasil continua sem rumo, com governadores e prefeitos tentando encontrar alguns caminhos enquanto no governo federal o presidente continua a fazer piadas sobre o assunto, dizendo que não vai se vacinar ou que não é responsável pelos efeitos colaterais das vacinas.
Sem grande parte do apoio popular que já teve, com as forças armadas se afastando a cada dia de forma mais evidente, sem o apoio do presidente dos Estados Unidos e com a mesma classe política que nunca teve simpatia por ele, o presidente corre o risco de impeachment ou de levar o governo de arrasto até o final.