RURAL

Pinheirense integra diretoria da Fetag e mulher do campo é a principal bandeira

Maribel Moreira é a primeira mulher negra a participar da diretoria Foto: Fetag/Especial TP

Há cerca de três meses, a pinheirense Maribel Mo­reira integra a diretoria executiva da Federação dos Tra­balhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS). Ela é vice coordenadora de Mulheres Trabalhadoras Rurais na regional sul e também faz parte da Comis­são Municipal das Trabalhadoras Rurais do Sindicato dos Trabalha­dores Rurais (STR) de Pinheiro Machado – onde também atua como secretária.

“Cabe salientar que na Federação represento a paridade na diretoria – são 13 mulheres e 13 homens, totalizando 26 integrantes – sendo que cinco diretores são executivos. Outro fato que destaco importante é que sou a primeira mulher negra a participar da diretoria da Fede­ração como diretora executiva e coordenadora de mulheres”, disse em entrevista para o Tribuna do Pampa.

ATUAÇÃO NA FETAG – Sobre a dinâmica do trabalho realizado na diretoria da Fetag, Maribel contou que coordena a Comissão Estadual de Mulheres Trabalha­doras Rurais (CEMTR) e também é responsável pelas pastas da Educação do Campo, Formação Sindical, Saúde e Terceira Idade. “Dentro da Federação também colaboro com a pasta da Pecuária Familiar e Previdência Social, já que conheço essa realidade. Com as mulheres trabalhamos políticas públicas, saúde, violência contra mulher, geração de renda, auto­nomia, fitoterápicos, entre outras temáticas”, explicou.

Segundo ela, a missão é organizar e sindicalizar a mulher trabalhadora rural, lutar pelos di­reitos específicos das trabalhado­ras rurais e pelos direitos da agri­cultura familiar, dar visibilidade e despertar para sua importância e, assim, fortalecer sua autoesti­ma. “Hoje eu represento à nível nacional a Comissão Estadual das Trabalhadoras Rurais, que é representada por 23 mulheres de diferentes regionais do Rio Gran­de do Sul”, conta com orgulho.

Questionada sobre a possibilidade de dar mais vi­sibilidade às demandas locais por fazer parte da diretoria, ela disse acreditar que seja uma consequência favorável para todos – agricultores(as), sindi­cato e também para a regional sul. “Antes de eu ser diretora da Federação eu sou pecuarista fa­miliar e sócia do STR de Pinheiro Machado, conheço muito bem a realidade do pequeno produtor na minha região, entendo a realidade que ele enfrenta no dia a dia lá no campo. Meu objetivo é lutar por todos(as) agricultores(as) do Estado – principalmente pelas mulheres, jovens e também os aposentados rurais”, disse.

EMPODERAMENTO – Com esse currículo e com muita pro­priedade no trabalho que faz há anos, Maribel claramente tem uma missão diária: fazer com que as mulheres encontrem seu espaço e sejam reconhecidas pela importância que têm – no campo e, consequentemente, na sociedade como um todo. É isso que ela explica com orgulho a seguir. “Todo o trabalho com as mulheres tem por meta promover a autonomia da mulher do campo e a importância dela no movi­mento sindical. Na regional sul, como vice coordenadora, ajudei a promover dois eventos em comemoração ao 8 de março: o primeiro em 2018, no interior de Pelotas, onde mais de mil pessoas participaram; o segundo em 2019, na cidade de Cristal, onde mais de 1.300 pessoas (mais de mil eram mulheres) participaram de uma caminhada em um trecho na BR-116 em defesa aos direitos do Sistema Único de Saúde (SUS), pelo fim da violência doméstica e por mais segurança no meio rural”, contou.

Entre as histórias e expe­riências vividas, a Marcha das Margaridas foi a que mais mar­cou sua trajetória até agora. “Em agosto de 2019 eu e mais uma trabalhadora rural de Pinheiro Machado participamos da 6ª Mar­cha das Margaridas em Brasília. Eram mais de 100 mil mulheres trabalhadoras rurais do campo, das águas e das florestas, e con­sidero esta experiência a mais marcante de todas durante este tempo de movimento sindical”, disse.

Para a reportagem, Mari­bel fez questão de reforçar que a mulher tem um importante papel na gestão da propriedade rural e isso vai além das tarefas domésti­cas. “Ela atua junto com a família nas atividades que envolvem a pecuária e a agricultura familiar. Por isso, acredito que as mulheres cada vez mais devem ter sua auto­nomia – principalmente as jovens, que devem adquirir seu talão de produtora, se associar ao sindicato e entender qual é finalidade desse movimento”, afirma.

Segundo ela, a sugestão é que a mulher da atualidade conhe­ça a documentação rural, procure entender o que é o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), o trabalho do Instituto Nacional de Colonização e Re­forma Agrária (Incra) e também seja capaz de conhecer o registro da propriedade que ela faz parte. “Que cada vez se empodere mais, porquea mulher do campo tem um grande potencial que a mulher da cidade não tem: além de produzir o sustento da família, ela também produz alimento para outras famí­lias”, finaliza.

Comentários do Facebook