PRIVATIZAÇÕES

Sindicato dos Mineiros de Candiota mostra preocupação com situação da CRM

Direção contesta e assinala que finanças estão estáveis

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Sindicato afirma que mais de 90% dos serviços de mineração são feitos por terceiros e direção da estatal nega Foto: Arquivo TP

Na última semana, a imprensa estadual noticiou de que tanto a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) como a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) estão prontas para serem privatizadas e que o processo de venda deve ocorrer ainda este ano (até novembro é o prazo divulgado). Quanto a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que possui sua principal e única unidade produtiva em Candiota (a Mina de Candiota) ainda há uma incerteza no mercado e que certamente a venda não se dará em 2020.

Para esta terça-feira (11), o Sindicato dos Mineiros de Candiota convocou uma assembleia geral extraordinária onde a pauta principal é o acordo coletivo salarial 2019-2020. A reunião está marcada para às 16h em primeira chamada, junto a portaria da Mina de Candiota. Contudo, mais que a preocupação salarial, o grande temor dos cerca de 210 funcionários que atuam na Capital Nacional do Carvão é com relação a venda da estatal, que já foi anunciada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), quando enviou e foi aprovada pela Assembleia Legislativa, Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que retira a exigência de plebiscito para a privatização da CEEE, Sulgás e CRM.

Neste tocante do plebiscito, ainda tramita no Superior Tribunal Federal (STF), tendo como relator o ministro Ricardo Levandowiski, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), protocolada pelas direções nacionais do PT, PSOL e PCdoB, questionando a derrubada da consulta popular antes da venda de estatais no RS. Ainda não há uma decisão do caso.

TERCEIROS – Em conversa com o TP, o tesoureiro do Sindicato dos Mineiros, Hermelindo Ferreira, afirma que atualmente mais de 90% dos serviços de mineração na Mina de Candiota são terceirizados. Conforme ele, apenas dois caminhões de grande porte, dois caminhões menores e duas retroescavadeiras são próprios da CRM, sendo que o restante, conforme o dirigente sindical, tudo virou sucata. “Além da privatização, esta é uma das nossas maiores preocupações. A direção da CRM, dentro de quatro paredes, afirma que não possui recursos para repor peças e consertar seus equipamentos. Mas indagamos como pode poder pagar uma empresa terceirizada para fazer o serviço?”, alerta Hermelindo.

Perguntado pelo TP sobre esta situação, o diretor-presidente da estatal, Melvis Barrios Júnior, nega. “Essa informação está equivocada. Alguns serviços como transporte de cinzas e transporte de carvão e descobertura vegetal da mineração são feitas por parcerias com empresas terceirizadas, mas em hipótese alguma, esse percentual chega em 90%. Se pegarmos uma relação direta de funcionários terceirizados e funcionários próprios da CRM, em Candiota, provavelmente o número de funcionários terceirizados não atinge 20%, no total”, afirma.

PRIVATIZAÇÃO – A cerca do processo de privatização, o diretor da estatal disse que a CRM precisa passar por um processo complexo de avaliação de ativos, passivos, questões institucionais, questões tributarias, entre outras. “Essa modelagem, em que passarão todas as empresas que serão privatizadas, está sendo realizada pelo BNDES onde já existiu um primeiro contato com a Companhia. O governo está priorizando a venda da CEEE, depois a Sulgás e posteriormente a CRM. Esse processo está se iniciando agora, está dentro das expectativas normais e a CRM deverá ser privatizada, depois de definida essa modelagem, provavelmente em 2021”, afirma.

TRABALHADORES – Com relação ao destino dos atuais trabalhadores da CRM, Melvis Barrios Júnior acredita que a após a venda da estatal, a CRM deverá continuar operando e inclusive, projeta ele, deverá aumentar sua produção. “Obviamente que para que essa produção aumente, será necessário mão de obra. Com certeza, a empresa que comprar a Companhia terá sua política especifica de trabalho e contratação de mão de obra e colaboradores e caberá a ela definir quem irá seguir ou não em suas funções. Nós acreditamos que possa haver uma expansão do número de funcionários contratados.

FINANÇAS – Indagado sobre a situação financeira da empresa, o diretor-presidente disse que hoje é estável. “A empresa não possui dividas e o contrato perdurável com a CGT Eletrosul (antiga CGTEE) garante sua sustentabilidade. Hoje não temos grandes investimentos em maquinários e equipamentos, mas conseguimos manter a operacionalidade mínima dos sistemas mecanizados já existentes para garantir a produção”, concluiu.

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