OPINIÃO

10 de novembro de 1991- Um dia histórico para Candiota

* Por Tailor Lima

 O dia 10 de novembro de 1991 foi o marco inicial da emancipação de Candiota – oficializada quatro meses após, em 24/03/1992.

Era o dia do plebiscito sobre a independência político-administrativa da já nomeada “Capital Nacional do Carvão”. O dia estava lindo. O sol despontava e brilhava diferente naquele domingo – simbolizando a luz da razão e ação transformadora do voto consciente.

A votação espontânea e expressiva de milhares de “sim” pelo avanço da condição humana, principal símbolo de convicção e determinação de uma comunidade progressista, marcou o começo do fim da fictícia ligação umbilical com os municípios mãe de Bagé e Pinheiro Machado. Eram longos quilômetros de indiferença e décadas de carência de políticas públicas.

Uma bandeira única, com ideais emancipacionistas, empunhada por famílias inteiras de eletricitários, mineiros, produtores rurais, colonos, empresários, profissionais liberais, entre outros – compostas por avós, pais, mães e até adolescentes e crianças.

Uma sensação de alegria irradiava esperança à área emancipanda do Baú ao Jaguarão, passando por Dario Lassance, Vila Residencial, João Emílio, Candiotinha, Seival, São Simão e Vila Operária. As pessoas estavam felizes e o clima ajudou a transformar aquele lindo dia de céu azul em uma memorável luta com final feliz.

Em torno das 15h, já contabilizávamos mais de 50% dos votantes, 1º. pré-requisito para emancipação, conforme relatos da infantaria emancipacionista junto às seções eleitorais da Escola Estadual Jerônimo Mércio da Silveira, Escola Estadual Dario Lassance, Escola Estadual Seival, Grêmio Esportivo Santa Rosa, Escola Rural Elias Karam e Escola João XXIII – no Candiotinha/PM.

Depois de duas horas de contagens dos votos, por volta das 20h, a Justiça Eleitoral, diretamente da Vila Residencial, no Clube Social Recreativo Candiota, informava a apuração “in loco” do irreversível número de votos pelo “sim”.

Camiseta da época fazia parte da campanha da emancipação Foto: Arquivo TP

Agora sim, milhares de vozes ouvidas e entre as bacias hidrográficas dos arroios Jaguarão e Candiota uma grande multidão de emancipacionistas deixam o C.S.R.C e seu entorno, para dar inicio a uma grande e incomparável comemoração – indo até a Boate da AFCEEE (na frente da UTE Presidente Médici), Clube de Lassance e em carreata à Praça da Vila Operária e ao secular Seival, embrião urbano de Candiota.

Uma luta pacífica, mobilizada por milhares de vozes serenas, confiantes e contagiantes, que, após um ano, transformou-se em um movimento expressivo (95,23 % – pelo sim), tão limpo e bonito, com presságios de dias melhores para todos.

Assim foi demarcada a autonomia político-administrativo do nosso município, que inaugura a fase contemporânea de desenvolvimento de Candiota, com suas reconhecidas riquezas naturais e um especial patrimônio material e imaterial – que carregam uma singular herança cultural!

Devo confessar que estou extremamente orgulhoso de ter feito parte deste movimento, como tantos outros, ter vestido literalmente a camisa da emancipação, mais ainda nessa data – passados 30 anos.

A história ainda está sendo escrita e reescrita, mas, ouço aqui e ali,  o 10 de novembro de 1991 é uma data a ser lembrada e referenciada como o dia D.

* Advogado aposentado, ex-vereador e presidente da Comissão de Emancipação de Candiota

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