100 anos do falecimento de Rui Barbosa

Rui Barbosa desceu ao plano terreno a 05 de novembro de 1849, nascido na bela Salvador, capital da então Província da Bahia. No curso da sua trajetória, Rui fez história. Deputado, Senador, Ministro de Estado, Diplomata, Advogado e Jornalista, a sua memória se encontra preservada por intermédio de várias frentes, desde as suas “Obras Completas”, publicadas em centro e trinta e seis tomos, até a “Casa Rui Barbosa”, onde ele residia no Rio de Janeiro, adquirida pelo Governo Federal einaugurada, como um rico museu, em 1930, pelo Presidente Washington Luís.

Como consta no prefácio da obra “Pensamento e Ação de Rui Barbosa”, editada pelo Senado Federal, Rui foi um “trabalhador incansável”, tendo se dedicado ao exercício de vários ofícios – jurista, político, diplomata, jornalista – com “igual empenho”. Já a grandeza dos seus pensamentos e das suas ações poderia, pois, ser sintetizada a partir da sua “Plataforma eleitoral”, documento que norteou a sua campanha à Presidência da República, em 1910, conhecida como “A Campanha Civilista”. Disse ele: “Creio na liberdade onipotente, criadora das nações robustas; creio na lei, a primeira das suas necessidades; creio que, neste regime, soberano é só o direito, interpretado pelos tribunais; creio que a República decai, porque se deixou estragar, confiando-se às usurpações da força; creio que a federação perecerá, se continuar a não acatar a justiça; creio no governo do povo pelo povo; […] creio na moderação e na tolerância, no progresso e na tradição, no respeito e na disciplina, na impotência fatal dos incompetentes e no valor insuprível das capacidades”.

E disse mais, ainda na sua “Plataforma”, ideia que merece contínua lembrança: “Rejeito as doutrinas de arbítrio. Abomino as ditaturas de todo gênero, militares ou científicas, coroadas ou populares. Detesto os estados de sítio, as suspensões de garantias, as razões de estado, as leis de salvação pública. Odeio as combinações hipócritas do absolutismo, dissimulado sob as formas democráticas e republicanas. Oponho-me aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância”.

Bem o sabeis, concluiria Rui Barbosa, “aquelas são as minhas crenças, os meus ódios são estes”. E que bela conclusão, digo eu.
Eis que a primeira semana do mês de março de 2023 marcou um relevante acontecimento, qual seja o centenário do falecimento de Rui (01 de março de 1923-01 de março de 2023). O “Águia de Haia” faleceu no Rio de Janeiro, a antiga capital do Brasil. Na atual capital, Brasília-DF, o Senado Federal não deixou passar batida a data, valendo lembrar que o busto de Rui Barbosa orna o Plenário da Casa, acima da cadeira da presidência, como que a vigiar os trabalhos e a fazer lembrar às senhoras Senadoras e aos senhores Senadores a relevância do posto público que ocupam. O jurista é o patrono da Casa.

Por convite do Presidente do Senado, Senador Rodrigo Pacheco, estive presente na solenidade que marcou os cem anos da morte de Rui Barbosa. E sentei, aliás, na poltrona ocupada pelo Senador Hamilton Mourão (RS) no Salão Azul (Plenário). A sessão foi belíssima. E pude acompanhar de perto discursos profundos em conteúdo, assim como contundentes, seja por parte do Presidente Pacheco, seja por parte da Ministra Rosa Weber, Presidente do STF, por parte do ex-Presidente José Sarney e do Presidente da OAB, Beto Simoneti. Segundo o Senador Rodrigo, “Rui soube usar como poucos a tribuna do Senado. […]. Rui representa para o Brasil e o Mundo a definição do que significa ser um Homem público”. Rosa Weber citou a depredação do prédio do Supremo e o busto de Rui, que foi tombado pelos invasores do dia 08 de janeiro. Segundo a Ministra “o busto voltou ao seu local de honra, mantido como cicatriz o dano no bronze, fruto da violência que há de ser recordada para que fatos de tal natureza não se repitam”. Já o Presidente Sarney afirmou que Rui é um “monumento à Inteligência nacional. Dos santos não se comemora a data de nascimento, se comemoram os seus feitos. Comemorar cem anos de sua morte é comemorar cem anos de um santo brasileiro, santo político, santo jurídico, santo da inteligência nacional e da glória do nosso país”. E o Presidente da OAB, por fim, disse que Rui era um homem “à frente de seu tempo. Vanguardista”.

Rui Barbosa foi o maior jurista que esta terra já produziu, o que afirmo de modo seguro. Que a sua obra, a sua história, os seus efeitos, enfim, não sejam esquecidos. Rui é luz, é farol.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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