Buscando a valorização do futebol feminino, a Associação Esportiva João Emílio (Aeje) de Candiota já está se preparando para mais um ano de intenso trabalho. Na última sexta-feira (22), o técnico da equipe e coordenador do projeto, Cléo Luiz Lopes de Moura, aceitou o convite do TP e esteve na redação para contar o que vem por aí.
Segundo ele, que conduz os trabalhos pelo 4º ano consecutivo de forma totalmente voluntária, é mais um ano de desafios e grandes expectativas. “Continuo à frente desse projeto porque acredito no futebol feminino, em meninas que realmente levam a sério o esporte e porque entendo que precisamos oportunizar esse tipo de atividade para quem gosta e vê no futebol um futuro promissor”, disse Cléo.
Em 2019, a apresentação da equipe já tem data marcada. No dia 10 de março, as meninas e os pais estarão em Candiota para um almoço de integração e devidas apresentações de documentos. Nesse dia, na própria João Emílio, haverá o primeiro treino do ano. “Estamos montando um time forte, até então o mais forte que já tivemos para esse início de trabalho, e agora o negócio é entrosar”, avaliou.
Nesse ano, além do foco no Campeonato Gaúcho sub-18 e adulto, a equipe já foi convidada para participar da Copa Safergs, do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Pelotas, ainda no mês de abril. De acordo com o técnico da Aeje, isso possibilita colocar a equipe em campo para que possam atuar juntas e já ir fazendo a preparação para a principal competição do ano. Para as disputas em outras cidades, a Prefeitura de Candiota, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude, continua disponibilizando o transporte.
ATLETAS – Com 37 meninas na categoria adulto e 25 na sub-18, o técnico comentou sobre a ainda tímida participação candiotense na Aeje. “Ao todo, até o momento, oito meninas daqui vão jogar esse ano. Não é uma escolha minha, muito pelo contrário. Eu insisto nesse projeto porque sonho em um dia conseguir montar um time inteiro com meninas de Candiota – que gostam de jogar, que sintam orgulho de vestir a camisa da Aeje e que vejam aqui uma oportunidade de crescimento”, pontuou.
Segundo ele, enquanto o sonho não se torna realidade, não há porque deixar de abrir espaço para quem quer jogar futebol. “O Brasil caminha para uma valorização de tudo que as meninas são capazes de fazer dentro de campo e nós precisamos abraçar isso também. O projeto não vai terminar porque temos poucas candiotenses interessadas nele, pelo contrário, vamos abrir as portas, continuar recebendo meninas de várias regiões do Estado porque aqui nós levamos a sério esse trabalho. Apesar de toda a dificuldade que enfrentamos, isso é uma chance de começo para todas elas e somos reconhecidos por isso”.
PATROCINADORES – Visando arcar com as despesas da equipe que tem levado o nome da Capital Nacional do Carvão para competições de nível profissional, o projeto está constantemente em busca de patrocinadores. Conforme contou Cléo, é desse modo que a Aeje tem conseguido se manter durante esses quatro anos.
“São os patrocinadores que possibilitam que as meninas tenham fardamento próprio, que possam ter reposição de peças como as meias que frequentemente rasgam durante os jogos… É com essa ajuda que a coisa anda”, destacou.
Nos próximos dias, o coordenador do projeto visitará todo o comércio local em busca de novos apoiadores. “É uma maneira de incentivar essas meninas, mostrar que também acreditam no futebol feminino e nessas atletas que levam o nome de Candiota com o maior orgulho”.
VOLUNTÁRIOS – Sobre a equipe de trabalho, Cléo contou sobre a dificuldade de conseguir fazer tudo praticamente sozinho. “Muito contei com a ajuda da minha esposa e da minha filha. Hoje, estamos em dois para fazer tudo – preparação para as viagens, arrumar o campo para os treinos, organizar os fardamentos, conseguir o almoço para as gurias… Então, quer dizer, enquanto outras equipes contam com 10 ou 15 pessoas para lidar com toda a estrutura do projeto, por aqui eu acabo correndo para todo o lado no tempo que eu tenho livre”, afirmou.
Para ele, a solução seria apoio em variados setores, de modo inclusive a organizar melhor as demandas da Aeje. “É como uma associação de bairro – cada um ficaria responsável por uma tarefa e não pesaria para ninguém. Se alguém se disponibilizasse a ajudar na manutenção do campo para os treinos ou preparar o almoço, por exemplo, tenho certeza que o trabalho ia fluir melhor e mais leve”, disse.
Interessados em colaborar de forma voluntária, é possível fazer contato com o próprio Cléo através do WhatsApp: (53) 99932-8685. Professores, formandos ou recém graduados na área esportiva também são muito bem-vindos para auxiliar as meninas.
PROJETO NOVO – Reiterando a ideia de que a mudança começa com as crianças, Cléo Luiz, que também é conselheiro tutelar em Candiota, acredita que o futebol também é capaz de formar adolescentes mais responsáveis e saudáveis.
Para 2019, a Escolhinha de Futebol da Aeje será uma opção para as pequenas candiotenses que tem interesse no esporte. “O projeto vai ser destinado para meninas dos nove aos 15 anos e os treinos serão aos sábados. Esse, contando com uma mensalidade de R$ 30, para que possamos adquirir material e tudo que envolver os gastos com a escolhinha”, detalhou.
A partir de março, o coordenador visitará todas as escolas de Candiota para divulgar o novo projeto, visando buscar interessadas em ser, daqui uns anos, parte da equipe da Associação Esportiva João Emílio (Aeje) e levar o nome de Candiota por aí afora.