A dimensão

Você ainda possui 2 notícias no acesso gratuito. Efetue login ou assine para acesso completo.

Segunda-feira, de­pois de uma semana sem sair de casa, fui ao su­permercado. De máscara. Cerca de 30% das pesso­as dentro do supermerca­do usavam máscaras. As meninas que atendem no caixa usavam proteção facial, os demais trabalha­dores, nada. Na farmácia, o mesmo percentual de atendentes usava máscara. Na rua, um que outro de máscara.

“Tu não tá entendendo”, de vez em quando ouço alguém mais jovem falar. Bin Laden, comparado com o coronavírus, era um incompetente. Nos Estados Unidos, no atentado às torres gêmeas, 2.996 pessoas morreram. Hoje, com influência do coronavírus, morrem mais norte-americanos que este número em menos de dois dias. Por lá, as mortes graças à pandemia, por enquanto, equivalem a 7 atentados às torres gêmeas.

Nos quatro aviões que foram derrubados no dia do ataque às torres gêmeas, estavam 265 pessoas, entre passageiros, tripulantes e terroristas. Imagine aviões caindo com o número médio de passageiros daqueles quatro voos. Só nos Estados Unidos, considerando que ultrapassaram 20.000 mortes por coronavírus, é como se tivessem caído mais de 300 aviões.

– Tu não tá entendendo?

No Brasil, no ano passado, pouco mais de 100 pessoas foram assassinadas por dia. O maior apelo nacional, capaz de decidir eleição presidencial, era por segurança. No trânsito, também morrem pouco mais de 100 pessoas por dia no Brasil. E os temas, mortes por violência e no trânsito, são recorrentes, permanen­temente, em todos os telejornais.

Por enquanto, ainda que todos os seres informa­dos deste país saibam que o número de mortes com contribuição do coronavírus é muito maior, já passamos oficialmente de 100 mortes por dia e este número vem crescendo. Como era previsto, o sistema de saúde começa a entrar em colapso em muitos locais, em Manaus, em Fortaleza, entre outras cidades.

No Brasil, o presidente continua se movendo com desenvoltura a favor da disseminação da doença. Porém, parte significativa da sociedade tem se com­portado bem e contribuído de forma decisiva para que o caos ainda não esteja instalado (exceto para quem já morreu). Alguns creem que no Brasil o vírus não chegará como chegou à Nova Iorque.

No século XIV, na Europa, quando da peste bu­bônica, as pessoas rezavam, e morriam. Flexibilizando mais o isolamento social, que sempre esteve em parte flexibilizado, resta-nos torcer pela sorte de que o coro­navírus, num país com clima tropical em boa parte do território, seja menos contundente.

Comentários do Facebook