
Vereador expôs sua versão dos fatos Foto: Divulgação TP
Na quinta-feira passada (27), após investigação da Delegacia Especializada em Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, com apoio da Delegacia de Polícia de Candiota, foi preso o vereador de Hulha Negra, Ronaldo Pereira dos Santos (Progressistas), acusado, conforme um comunicado da polícia, por recepção de gado furtado.
Em sua propriedade, segundo a polícia, foram encontrados inicialmente treze bovinos sem procedência, no assentamento Santo Antônio. A continuidade das investigações levou à polícia novamente à propriedade no dia 27. Juntamente estava uma possível vítima de gado furtado, que na ocasião, reconheceu nove animais como sendo de sua propriedade. Os animais estavam no assentamento, área que pertence ao Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária (Incra) e conforme nota da Decrab, levaria a uma investigação por parte da Polícia Federal.
Ronaldo foi encaminhado ao Presídio Regional de Bagé (PRB) e passado um pouco mais de um dia, foi liberado na sexta-feira (28), à noite. No sábado (29) pela manhã, o vereador concedeu entrevista à rádio Hulha Negra FM, parceira do Tribuna do Pampa na ocasião, para falar sua versão dos fatos.
O vereador Ronaldo Pereira iniciou seu pronunciamento relembrando que no dia 24 de junho foi feita uma denúncia de que ele criava animais de forma clandestina. “Eu estava com os animais com nota, mas no nome de outra pessoa. A polícia chegou lá, averiguou os animais, eu expliquei a situação. Fui conduzido a Delegacia de Candiota e lá expliquei que tenho uma doação da propriedade do seu Aldair, em troca de fazer arames e limpeza no campo, ele me liberou a área para criar os animais. Acabei comprando terneiros guachos de diversas pessoas, animais com aproximadamente 1 ano e 8 meses”, relata o vereador.
Um dos pontos ressaltados pela polícia é o fato do vereador não ter talão de produtor. “Estou tentando arrendar um campo onde eu possa tirar o talão e registrar os animais, pois como não tenho propriedade própria, não posso ainda ter talão”, explicou.
Pereira relatou também, que ao ser conduzido à Delegacia, recebeu 15 dias para regularizar a situação. “Peguei declaração de todos que me venderam os animais, registrei em cartório com meu advogado para levar à Delegacia e a Secretaria de Agropecuária da Hulha, para comprovar que os animais são meus e estão vacinados. Os animais não possuem marca e nem sinal (os 13), somente tem um brinco amarelo que se compra em qualquer veterinária, e um brinco para mosca, que ajuda a combater mosca e carrapato. Estava tudo sendo encaminhado e eu estava com documento de fiel depositário dos bichos, não podia sair animal nenhum da propriedade”, expõe.
Quanto ao dia da prisão, Pereira relatou ter ido verificar os animais e ao retornar encontrou à polícia, momento em que lhe foi solicitado que mostrasse os animais na propriedade. “Juntei o gado e um casal foi olhar, revisou os animais e apontou como sendo dele. Na ocasião, pedi uma marca pra ele porque só por ser pela mesma cor não pode dizer que o animal é seu. Simplesmente o delegado me deu voz de prisão, dizendo que os animais haviam sido roubados. Eu não tenho prova para dizer que são meus, mas também não era do casal, eles não tinham comprovação. Recolheram os animas e levaram. A polícia não apresentou documento, o casal não apresentou documento. A polícia disse que uma nova pessoa iria ficar de fiel depositário dos animais”, lembra o vereador.
Quanto as acusações, Ronaldo disse que seguem contra ele e que aguarda que seja feita Justiça. “Fui muito bem tratado pela polícia, estão fazendo o trabalho deles, mas esse casal teria que ter marca, sinal para identificar os animais. Já tenho testemunhos de que comprei as terneiras. Nunca roubei uma laranja de ninguém. Fico sentido com pessoas que publicam coisas em redes sociais sem saber o que realmente acontece. Se eu for condenado, que seja, mas tenho minha consciência limpa. A ilegalidade que tenho é não ter o talão antes de ter comprado os animais”, explica o vereador, ressaltando que seu caso não possui ligação com a do outro vereador de Hulha Negra que está sendo investigado.
Por fim, questionado quanto a acusação de comprar terra do Incra de forma irregular, Ronaldo disse não ser proprietário do local. “Eu não tenho terra, recebi em troca de fazer os arames e plantar até conseguir uma para arrendar. Foi uma permuta, pois como sou alambrador, fiz os arames, está lá para todo mundo ver. Não tenho terra, não é propriedade minha”, concluiu.
MANDATO – Após a prisão do vereador, alguns questionamentos foram feitos pela comunidade, principalmente nas redes sociais, acerca dos procedimentos por parte da Câmara de Vereadores de Hulha Negra com relação ao parlamentar. Em razão disso, na sexta-feira (28), o TP conversou com o secretário da Câmara, Márcio Schröder da Silva, que disse que “o vereador cometeu supostas irregularidades que não são do exercício da vereança, portanto não se trata de improbidade e não se utilizou do cargo do vereador. Depois de julgado, se condenado, deverá ser acionado pela Justiça Eleitoral – que definirá o futuro do vereador. Para a Câmara, até o momento não altera a vida legislativa do vereador”, explicou o secretário.
Ele ainda acrescentou que “por parte da Câmara, o regimento estabelece perda do mandato mediante falta de terça parte das sessões legislativas, mas que por enquanto está tudo dentro da normalidade”, conclui.