Quem nega que o planeta está diferente, nega a realidade. Estamos sentindo na pele as mudanças climáticas. Até bem pouco tempo, as tragédias climáticas passavam longe da gente. Os tufões, furacões, maremotos e tsunamis, deslizamentos de encostas eram notícias distantes, que acompanhávamos e pensávamos: vivemos num paraíso que não tem essas coisas.
Contudo, essa situação está se modificando rapidamente e o mau-humor do clima já nos atinge diretamente. O Rio Grande do Sul passou e passa por situações bem complicadas neste sentido, infelizmente com mortes e muitas destruições.
Aqui na região, felizmente ainda, temos apenas prejuízos materiais, com perda de safras inteiras por seca ou alagamentos, porém já estamos percebendo que a severidade vem aumentando. Nesta semana, mais uma vez, os temporais causaram problemas de destelhamentos, casas alagadas, interrupção de energia, água e internet, bloqueio de estradas e pontes, entre outros dissabores.
Os cientistas estão fazendo, já há algum tempo o alerta para o aquecimento da Terra em função de mais de um século de muita poluição, de muito CO2 na atmosfera, o causa o chamado efeito estufa, pois o planeta não consegue se livrar desses gases, refletindo o aumento médio das temperaturas, causando derretimento de geleiras nos pólos, aumento dos volumes dos oceanos e toda sorte de mudança no clima terráqueo.
Precisamos ter clareza sobre as culpas. Sim, todos precisamos fazer a nossa parte para salvar o planeta do caos climático, contudo é preciso distribuir as responsabilidades. Achar que países como Brasil vão salvar a Terra é um crasso engano. Aliás, o Brasil faz a sua parte, precisando equacionar a questão das queimadas e produção bovina para diminuir ainda mais as suas emissões. Apontar o dedo para as usinas de Candiota, para o carvão mineral daqui, que sabemos de suas deficiências, é tergiversar o debate mundial, minorando-o e desviando dos verdadeiros culpados e responsáveis.
Os maiores poluidores do planeta, que em geral são grandes potências capitalistas (EUA, Europa, Rússia e Índia) ou com economia capitalista como a China são os que devem, além de diminuírem suas emissões e isso fará toda a diferença no clima do planeta, como também alocarem vultosos recursos para que os países em desenvolvimento, como o Brasil, possam fazer a sua transição climática e energética justa, como é o caso de Candiota, que precisa de tempo e dinheiro para num futuro cambiar a sua economia, que hoje é baseada no carbono. Além disso, os países mais pobres e as pessoas mais pobres precisam de recursos para aumentar sua capacidade de resiliência, com estruturas como pontes, estradas e casas fortificadas para aguentar as intempéries cada vez mais constantes.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*