PRIVATIZAÇÃO

“Assim acaba minha história na CEEE-D, de um sonho a um simples canetaço do governo”, manifestou Denilson Aquere

Trabalhadores da CEEE-D contam suas histórias e sentimentos ao sair da Companhia

A Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) está sendo administrada pelo Grupo Equatorial Energia desde o dia 8 de julho, data em que o governador Eduardo Leite assinou o contrato de venda.

O controle acionário da CEEE-D, de titularidade da Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE-Par), foi leiloado em lote único pelo lance de R$ 100 mil, mas o grupo assumiu o passivo da companhia que atende 1,6 milhão de clientes em 72 municípios da Grande Porto Alegre e das regiões Sul, Campanha e Litoral. No Brasil, o Grupo Equatorial, considerando as novas concessionárias adquiridas em 2021 no Rio Grande do Sul e no Amapá, atende 13% do total de consumidores.

Um Plano de Demissão Voluntária (PDV) ocasionou a adesão de 998 funcionários, representando 46% do total do quadro da empresa. O custo do desligamento será de R$ 144,8 milhões. O incentivo financeiro foi de 40% do salário base por ano de trabalho completo, limitado a seis salários, além de outros custos rescisórios.

Na região do TP, vários funcionários da Companhia aderiram ao PDV. O jornal conversou com duas lideranças e traz suas histórias e sentimentos com relação ao momento vivenciado.

Denilson Aquere

Denilson Aquere era responsável pelo serviço em Candiota, Pinheiro Machado e Pedras Altas Foto: Divulgação TP

A história do candiotense Denilson Aquere com a CEEE-D começou em 2010 após ele passar no concurso público para Região da Campanha realizar um sonho de criança. Conforme ele contou ao Tribuna do Pampa, quando pequeno, morou na Vila Operária e via muita gente que trabalhava na empresa no período em que seu pai trabalhava na empresa Zeta que prestava serviço pra CEEE.

Conforme Aquere, quando passou no concurso já atuava na Cooperativa Regional de Eletrificação Rural Fronteira Sul Ltda (Coopersul) na área de operação, o que motivou a estudar e passar no concurso para assistente técnico e eletricista. “Fui chamado após dois anos, quando vieram outros testes e exames médicos, psicológicos e práticos em Porto Alegre. Meu sonho era trabalhar em Candiota, mas a vaga era para Pinheiro Machado. Lá fiquei como eletricista por nove meses e fui promovido a supervisor de equipe até voltar a ser eletricista”, contou.

Solicitado pelo jornal a citar momentos marcantes da carreira ao longo de quase 10 anos de CEEE-D, Aquere fez referência a um momento vivenciado por ele de saúde e conquistas para a região onde era responsável por equipes. “Tive uma lesão séria no ombro direito atendendo um cliente com vara de manobra e rompi o ligamento principal. Passei por cirurgia e fiquei um ano e meio afastado. Meu ombro ficou com incapacidade e quando retornei fui readaptado a uma nova área, a comercial, de atendente. Foi um grande desafio, passei por curso novamente, mas tive as melhores chances e em três meses me tornei chefe da agência de Pinheiro Machado, que incluía cuidado de Pedras Altas”, relatou.

Denilson fez referência a Pedras Altas. “Outro momento foi quando conseguimos uma grande melhoria para Pedras Altas, cidade que mais necessitava. Junto com o corpo técnico de Bagé conseguimos um investimento de quase R$ 3 milhões para parte de uma rede nova para o município. Melhorou muito apesar de sabermos que ainda muito precisa ser feito. Para Pedras foi nossa principal conquista, assim como um veículo para ficar dentro da cidade para atendimento e melhorar a defasagem existente”, destacou.

O candiotense também falou do desafio de ser chefe de equipe em Candiota, Pinheiro Machado e Pedras Altas. “A empresa já estava no processo de privatização e acabei virando chefe de equipe novamente com as atribuições de supervisor e ainda responsável por Candiota – cuidando serviços de equipes, direcionar manutenções e melhorias dentro de uma empresa que estava sendo privatizada e o governo não fazia investimentos. Foi um grande desafio, víamos a ansiedade das pessoas por melhorias e não conseguíamos executar, apesar de sempre nos propusermos a ajudar. Meu celular era disponível 24 horas, ao todo quase 13 mil clientes com cinco equipes, muito desgastante, mas motivante ter esse desafio”, disse.

Quanto a saída empresa, Denilson Aquere conta que a opção pelo PDV foi em virtude da falta de acordo por parte da Equatorial Energia após os funcionários terem ficado oito meses sem vale-alimentação e plano de saúde. “Não houve muita vontade de acordar. Entre ‘linhas’ deixaram claro que não ficariam com funcionários da CEEE-D. Em Pinheiro, de nove pessoas, cinco pediram e em Candiota de três, dois pediram. Pedras Altas já era terceirizado. Não houve interesse em que a gente permanecesse. Assim acaba nossa história na CEEE, de um sonho, a um simples canetaço do governo. Só podemos torcer que melhore, pois não queremos o mal dos clientes, mas quem conhece a rede está saindo”, explicou.

Ele ainda completou agradecendo a todos pelo período em que esteve na empresa. “Fica o agradecimento a todos os parceiros, foram vários porque precisamos por muitas vezes buscar parcerias e cito como principal nome o prefeito Bebeto Perdomo de Pedras Altas,que desde que assumi me estendeu a mão, pois em muitos momentos não tínhamos caminhão pra atender clientes e pedimos ajuda da Prefeitura, talvez isso nem os clientes saibam de todo esforço que fazíamos. Quando assumi Candiota procurei a secretária Josuelem Duarte para parcerias com podas onde conseguimos realizar na Residencial e na João Emílio. O secretário Valdenir Dutra também foi outra importante parceria em momentos difíceis com o apoio com máquinas, só podemos agradecer”, finalizou.

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