URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Atendimento do SAMU: saiba como funciona e quais os procedimentos

Enfermeira do SAMU e diretor do Pronto Atendimento de Candiota explicam como funciona o serviço de urgência e emergência

Enfermeira RT Taidiane da Silva e o diretor do PA, Deivid Blank na base do SAMU de Candiota Foto: Silvana Antunes TP

Estou com febre, por que o SAMU não me atende? Por que a equipe do SAMU retorna ao Pronto Atendimento para depois encaminhar o paciente para Bagé? Por que a ambulância não vai direto para Bagé? Estas perguntas, assim como outros questionamentos são comuns de ocorrerem por parte da comunidade quando o assunto é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).

Nesta semana, visando trazer esclarecimentos à comunidade, a reportagem do Tribuna do Pampa conversou com o diretor do Pronto Atendimento de Candiota, Deivid Blank e com a enfermeira Responsável Técnica (RT) da base do SAMU de Candiota, Taidiane Melo da Silva.

 

SOBRE O SAMU

 

O SAMU tem como objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido alguma situação de urgência ou emergência que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte. Os atendimentos são realizados em qualquer lugar – residências, locais de trabalho e vias públicas. É um serviço gratuito, que funciona 24 horas.

 

O ATENDIMENTO

No caso da área de Candiota, o chamado começa com a ligação para o 192, quando são prestadas orientações sobre as primeiras ações. A ligação é gratuita, para telefones fixo e móvel. Os técnicos do atendimento telefônico que identificam a emergência e coletam as primeiras informações sobre as vítimas e sua localização. Em seguida, as chamadas são remetidas ao médico regulador, que presta orientações de socorro às vítimas e aciona as ambulâncias quando necessário.

Ao TP, a enfermeira Taidiane explica que a base de Candiota recebe o chamado por um aparelho com aplicativo com uso exclusivo do SAMU, para então deslocar até o fato. “No local é feito o atendimento necessário, em caso de acidente, a pessoa é imobilizada e o enfermeiro ou técnico efetua ligação para a regulação que orienta se uma medicação é feita na ambulância ou se o paciente já é enviado para a porta de entrada de Candiota, ou seja, o Pronto Atendimento (PA). Todas as cidades possuem uma normativa, e Candiota é o PA, onde o paciente será estabilizado a fim de minimizar o risco de morte, para depois ser transferido para a segunda porta de entrada, com atendimento de maior complexidade, no nosso caso Bagé”, explicou Taidiane quanto ao procedimento que deve ser realizado de acordo com a normativa do programa.

Deivid Blank falou sobre um atendimento realizado pelo SAMU de Candiota e que gerou dúvida por parte da comunidade. Ele diz que é um caso típico para explicar o protocolo de atendimento. “No caso do acidente na BR-293, ao lado do desvio, onde o motociclista veio a óbito e a companheira sofreu fratura e foi socorrida pelo SAMU aconteceu o seguinte: foi feita ligação para o 192 e em Bagé a central por entender que estava mais próximo de Hulha Negra, transferiu a ligação para Porto Alegre – já que Hulha Negra possui o Chamar 192 SAMU através do Estado, mas a área é nossa e ao saber que não havia sido dado andamento no atendimento, fiz contato via 192 e a ambulância de Candiota foi autorizada a ir no local do acidente. Quando a equipe de Candiota chegou, em seguida chegou a de Hulha Negra, mas não era competência deles, ali há, às vezes, dúvidas no sistema, mas Candiota atende até a ponte do rio Jaguarão, assim como até a fábrica de cimento, em Pinheiro Machado. No local, a paciente foi imobilizada e encaminhada ao PA, onde passou por exame de raio x e atendimento. Não havia gravidade, mas posteriormente foi transferida para Bagé”, explicou.

 

GESTÃO DO SAMU E MUNICÍPIO REFERÊNCIA

Atual equipe do SAMU de Candiota Foto: Silvana Antunes TP

O diretor explicou também, que não é permitido o encaminhamento de paciente atendido pelo SAMU para outra cidade que não seja Bagé. “No caso do acidente da BR, a paciente pediu para ser encaminhada para Santana do Livramento onde reside, mas é importante frisar que não é permitido, apenas para o município referência Bagé”, explicou Deivid, ressaltando que a Fundação Maria Anunciação Gomes de Godoy, ou Pronto Atendimento, ou equipe do SAMU não tem autorização ou competência para determinar o deslocamento da ambulância para atendimento. “Apenas fizemos a gestão do SAMU, pois os funcionários são da Fundação, manutenção da ambulância ou do prédio base, mas nenhuma decisão quanto a atendimentos é nossa”, frisou o diretor.

Questionado pelo jornal, porém, quanto a prestar socorro durante deslocamento, Deivid acrescentou: “O atendimento do SAMU é para caso grave. Se a equipe está deslocando para a base, sem paciente, e se depara com uma urgência, ela atende, pois é obrigatório. Há uma normativa nossa de que nenhuma ambulância do SAMU sai para abastecimento, para borracharia ou qualquer manutenção rápida sem a equipe completa com técnico em enfermagem, pois em caso de necessidade, a resposta de atendimento é mais rápida e a equipe vai prestar o socorro”.

A enfermeira acrescentou: “Pode chegar alguém diretamente na base do SAMU, não iremos sair, não é permitido, caso contrário a equipe responde pelo ato”.

Deivid completa: “A frente de atendimento é o SAMU, a Fundação, em casos de mais de uma vítima, presta apoio ao SAMU. A ligação deve ser feita ao 192”, finalizou o gestor, acrescentando que somente em 2023 foram realizados 399 atendimentos, destes, cerca de 300 resolvidos diretamente no PA.

 

CENTRAL EM BAGÉ

 

O TP também contatou com a central de regulação do SAMU base Bagé, a fim de esclarecer a remoção para a unidade de Saúde referência do município para depois a de alta complexidade – no caso do Pronto Atendimento para a Santa Casa de Caridade de Bagé. Conforme a enfermeira RT, Anelise Severo dos Reis, “cada município possui sua base descentralizada e cada município tem sua porta de entrada. Por exemplo, Candiota é o PA, Aceguá é o Hospital da Colônia Nova e conforme a gravidade e complexidade do caso, o paciente vai ser encaminhado ao hospital referência para a região, neste caso Bagé. Em acidente pode acontecer esse encaminhamento em razão de traumatologia, bloco cirúrgico e até mesmo a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), por exemplo,”.

 

QUANDO LIGAR 192?

 

Além de ocorrências que podem gerar ferimento grave ou morte, na ocorrência de problemas cardio-respiratórios; intoxicação exógena e envenenamento; queimaduras graves; na ocorrência de maus tratos; trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto; em tentativas de suicídio; crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito; quando houver acidentes/traumas com vítimas; afogamentos; choque elétrico; acidentes com produtos perigosos; suspeita de Infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do corpo e desvio da comissura labial são os sintomas mais comuns); agressão por arma de fogo ou arma branca; soterramento, desabamento; crises convulsivas; transferência inter-hospitalar de doentes graves.

 

QUANDO NÃO LIGAR?

 

Entre os casos que não compete ao SAMU estão casos de febre prolongada; dores crônicas; vômito e diarreia; levar pacientes para consulta médica ou para realizar exames; transporte de óbito; dor de dente; transferência sem regulação médica prévia; trocas de sonda; corte com pouco sangramento; entorses; cólicas renais; transportes inter-hospitalares de pacientes de convênio; todas as demais situações onde não se caracterize urgência ou emergência médica.

 

DICAS PARA QUEM LIGAR

 

Em caso de acidente verifique a quantidade de vítimas, o estado de consciência delas e se alguma delas está presa às ferragens; ligue para o 192 e siga as orientações do médico regulador; sinalize as vias com galhos de árvore e triângulo de sinalização; em caso de acidente com motos, não toque nas vítimas, não retire o capacete; não dê água aos acidentados.

 

RECLAMAÇÕES

 

A enfermeira RT repassou ao jornal alguns telefones onde é possível a população solicitar informações sobre o funcionamento do sistema e, até mesmo, fazer reclamações. Como Candiota integra a região de regulação Bagé, os telefones são: (53) 3242-8572/32427681 (7ª Coordenaria Regional de Saúde- email: ouvidoria7crs@saude.rsgov.br); 08006450644 ou whatsApp (51)984054165 (Secretaria Estadual de Saúde – email: ouvidoria-sus@saude.rs.gov.br); (53)3240-5143 (ouvidoria Bagé) ou plataforma Fala.BR (https://falabr.cgu.gov.br/web/ – Ministério da Saúde).

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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