INFRAESTRUTURA

Audiência pública debate estradas rurais de Hulha Negra

Produtores e vereadores cobram ações da Prefeitura. Prefeito Renato Machado expõe dificuldades com o maquinário

Audiência reuniu autoridades e produtores no plenário Foto: Reprodução TP

Na tarde da última quarta-feira (23), a Câmara de Vereadores e Vereadoras de Hulha Negra, realizou uma audiência pública proposta pela bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), para que o prefeito, Renato Machado e o secretário de Obras, Serviços Públicos e Trânsito, Eder Pereira, pudessem esclarecer o problema nas estradas rurais do município. A reunião contou com a presença de todos vereadores e da presidente Tanira Martins, bem como de produtores rurais.

PROPONENTES – Na oportunidade, o vereador Hugo Teixeira (PT) citou o motivo pelo qual solicitou a audiência com o Poder Executivo. “A área dos assentamentos se encontra em péssima qualidade. Está muito difícil a questão da produção do leite, que é diária”, afirmou. Além disso, Hugo falou sobre o deslocamento dos estudantes, que precisam do transporte escolar. “Sabemos que não dá para fazer milagres, mas assim como está não dá para ficar”, ressaltou.

Já Volnei Manfron (PT) esclareceu que os vereadores não possuem o poder de executar, e que este papel é de responsabilidade da Prefeitura. “As bancadas não estão aqui para fazer discurso. Estamos aqui para conversar, para discutir e para ouvir principalmente os produtores. Nós somos cobrados da mesma forma que o prefeito é cobrado, e a população tem todo o direito”, disse o petista, ressalvando que não se pode dizer que a Prefeitura não trabalha, mas que é preciso realizar um plano de trabalho emergencial.

PREFEITO – Em sua explicação, o prefeito Renato Machado afirmou que a reivindicação do Legislativo é praticamente diária, e que a população está bem representada. Além disso, ele destacou que conhece e sabe da realidade de cada um e concordou que o município está desassistido na questão das estradas. “Neste momento não temos estradas, concordo plenamente com os vereadores e com os senhores, não temos as estradas que os produtores merecem. Sou produtor e me incluo no mesmo ramo de vocês. Vocês precisam de estrada para a saúde, educação e produção”, enfatizou.
Renato explicou que tomou todas as providências desde o momento que os problemas começaram. “Temos um material ruim e de péssima qualidade. Temos mais de 1,4 mil km de estradas. O que aconteceu conosco? A Prefeitura fez toda a tarefa de casa certa, e os senhores vereadores são testemunhas”, disse Renato, ao mencionar que o foco do problema se encontra nas máquinas que estão estragadas, dando o exemplo da motoniveladora. O prefeito afirmou que uma nova máquina foi adquirida com contrapartida do município, e a outra acabou quebrando. “Então, hoje, estamos com uma motoniveladora andando, e duas paradas. Uma há de ano, e uma há mais de três meses por falta de peças”, explicou. Além das motoniveladoras, a máquina que produz o cascalho também estragou, e as peças chegaram erradas há poucos dias. “A licitação leva no mínimo 60 dias, fora a entrega”, informou.

O prefeito ainda ressaltou que se terceirizar o trabalho das estradas não tem o que fazer com mais de 30 servidores que trabalham nesta área. “O que eu peço para vocês é calma, e estamos fazendo o melhor para o município. Vamos ter que aumentar o horário da patrola, nem sei se ela vai aguentar”, pediu Renato, dizendo que a Prefeitura não deve um centavo, e que não será ele que irá endividá-la.

PRODUTORES – A vereadora e presidente da Câmara, Tanira Martins, concedeu o uso da palavra aos produtores presentes, para que pudessem sanar suas dúvidas. O primeiro inscrito foi Emerson Capelesso, que preside a Cooperativa Produção, Trabalho e Integração (Coptil). Em sua fala, Emerson classificou as estradas do município como as piores de toda região. “Essa conversa é pertinente e necessária, principalmente pelas estradas rurais que estamos sofrendo muito. E essa discussão que as pessoas fazem é fruto desta angustia que vem se arrastando há muito tempo e não se tem uma solução. Problemas nós vamos ter, mas qual é plano para quando isso de fato acontecer?”, questionou ele.

Além disso, o dirigente afirmou que se um caminhão que transporta o leite estragar, quem paga a manutenção é o próprio produtor rural. Também, citou que a máquina não passa em alguns lugares, ironizando que não sabe se ela tem algum GPS que a bloqueia, porque certos grupos de famílias estão sempre para depois.

Em resposta, o prefeito disse que Emerson tem razão, pois eles batalharam por uma emenda de R$ 300 mil, que vai ir para a cooperativa no lugar de arrumar as estradas. E que desta forma, realmente será preciso procurar Aceguá e Candiota, porque o dinheiro sai da rota.
Outro produtor que se manifestou foi Ronaldo da Silva, da comunidade Jaguarão Chico. Ele disse que é possível fazer, quando as pessoas se dispõem a fazer. E destacou que tudo começa no sistema da prefeitura. Ronaldo é ex- secretário de Obras de Aceguá. Além disso, ressaltou que pelas palavras do prefeito, irão continuar na mesma situação. “A única máquina que está em funcionamento faz no máximo 100 metros de estradas. Queremos lhe ajudar, não estamos aqui para criticar. Mas precisamos que o senhor nos estenda a mão, e não fuja de nós. Porque muitas vezes parece que o prefeito não anda nas estradas, pela situação que está hoje”, afirmou.

Renato disse que as máquinas não chegaram ao ponto de serem jogadas no lixo, e que o investimento feito é cabível. Além disso, ressaltou que a questão de a máquina trabalhar apenas 100 metros vai ser levada como um alerta, e não como uma crítica.

Durante a audiência, Tanira pediu inúmeras vezes para que os manifestos fossem feitos na tribuna, para que o posicionamento de cada um ficasse registrado no vídeo e nos anais da Casa. Em uma de suas respostas, o prefeito pediu para que a presidente segurasse a sua fala, ou iria se retirar do ambiente, após ser interrompido pelo público presente.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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