EDUCAÇÃO

Aulas iniciam com apresentação dos alunos, turmas e professores de forma virtual na rede estadual

Alunos que não têm acesso a internet receberão material de forma impressa. Jornal conversou com uma aluna e uma mãe da rede.

Em função das mudanças ocorridas no modelo de Distanciamento Controla­do, que colocou todas as regiões do Estado na bandeira preta e alerta de risco máximo para con­taminação de Covid-19, as aulas na Rede Estadual de Ensino re­tornam na última segunda-feira (8) de forma remota.

Segundo o Governo, alunos que não têm nenhum tipo de acesso à internet, rece­berão conteúdo físico com ma­teriais didáticos, por meio de agendamento prévio na escola. Conforme o secretário da Edu­cação, Faisal Karam, a ação visa garantir a segurança de todos os alunos, professores, servidores e comunidade escolar. “Este é um momento difícil e nós só vamos passar por isso se estivermos unidos. O ano letivo de 2021 depende da máxima dedicação do poder público, garantindo os meios para que todos tenham acesso aos conteúdos; e das fa­mílias, que vão ficar responsá­veis pelo engajamento dos seus filhos”, destaca.

ORIENTAÇÕES – A primeira semana transcorreu com en­contros virtuais com os alunos e familiares para uma etapa de acolhimento, bem como repas­sadas orientações sanitárias e apresentados os professores e o cronograma das aulas remotas.

Em 2021, as aulas remo­tas vão continuar sendo realiza­das pela plataforma Google Sala de Aula, conhecido como Goo­gle Classrrom. Conforme dados de 2020, dos 790 mil alunos ma­triculados na Rede Estadual de Ensino no Rio Grande do Sul, 660 mil ativaram suas contas educacionais, o que significa que

82% dos estudantes já estão in­seridos na ferramenta. Em rela­ção aos professores, dos 33,2 mil que atuam diretamente em sala de aula, 33 mil ativaram as suas contas educacionais, chegando a 98% dos professores regentes de classe já estão inseridos na fer­ramenta. Até o momento, des­de julho de 2020, a plataforma Google Sala de Aula já registrou cerca de 7 milhões de atividades geradas, foram criadas mais de 36 mil turmas espelhadas e 520 mil ambientes virtuais.

SOCIEDADE DE PEDIATRIA – A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) manifes­tou, em nota, posicionamento fa­vorável ao fechamento das esco­las no cenário atual de bandeira preta classificada pelo Governo do Estado. “A entidade entende que é de fundamental importân­cia a retomada das aulas o mais breve possível, assim que as con­dições sanitárias permitirem, porém considera o quadro atual uma excepcionalidade diante do agravamento da situação nas emergências dos hospitais e au­mento do número de casos de Covid-19. A SPRS reitera que as escolas deveriam ser as últimas a fechar e as primeiras a abrirem diante da necessidade de ações de restrição para conter a pro­pagação do vírus. A Sociedade também manifestou preocupa­ção com todos os professores e trabalhadores envolvidos no sis­tema educacional. O retorno às aulas dependerá de condições que assegurem a proteção a es­ses trabalhadores, tanto na rede privada como na pública”.

MATRÍCULA NO ESTADO – A 13ª Coordenadoria Regional da Educação (13ª) CRE informa que devido à situação de ban­deira preta as matrículas serão realizadas através de e-mail ou telefone das escolas até o dia 22 de março. Conforme a co­ordenadora da 13ª CRE Mirie­le Barbosa Rodrigues, durante este período as instituições es­tarão em trabalho remoto, mas irão seguir com as matrículas. Ela enfatiza que os pais ou responsáveis que não con­seguirem utilizar estes meios para efetivar a inscrição, terão a oportunidade após o Estado sair da situação de risco, assim como estudantes que se inscreveram na Primeira Chamada Pública Escolar estarão com a vaga ga­rantida e alunos novos que ainda não têm o e-mail para acessar a plataforma Google Classroom irão receber após a efetivação da inscrição.

 Mãe e aluna de Hulha Negra falam sobre adaptação no ensino remoto

Miriã Griesang contou ter gostado de estudar pela plataforma Foto: Divulgação TP

O Tribuna do Pampa con­versou com a diretora da escola estadual Dalva Medeiros, localizada na sede de Hulha Negra, Cândida Silveira, que afirmou que a direção e professores estavam na expectativa de retomada das aulas presenciais e toda a escola foi organizada para receber os alunos. “Organizamos a escola, realizamos benfeitorias e preparamos todos os protocolos de segurança para receber nossos alunos, mas como não foi possível nesse momento, nos reinventamos e estamos preparados e motivados para trabalharmos de forma remo­ta. Nossos professores realizaram cursos e serão disponibilizados novos equipamentos, visando sem­pre atender melhor os estudantes”, relatou, acrescentando que tudo foi adquirido ou recebido por meio de recursos do Estado.

Questionada sobre a apren­dizagem, ela reforça o empenho dos professores. “Todos nos rein­ventamos, aprendemos a trabalhar com as novas tecnologias, eu sou um exemplo dessa superação, e hoje até gosto de trabalhar com a plata­forma. Sabemos que nada substitui a presença do aluno e do professor em sala de aula, mas temos capacidade e cada um fazendo sua parte, tanto professores, como pais e alunos, va­mos superar as dificuldades e ter um ótimo aprendizado”, frisou Cândida.

Visando mostrar o sentimen­to das famílias e suas experiências, o jornal conversou uma mãe e uma aluna da escola Dalva Medeiros. Elas falaram sobre a plataforma utilizada pelo Estado e o aprendi­zado. Segundo Elen Rose Griesang, mãe de Miriã Griesang, 9 anos, que passou para o 4º ano em 2021, no ano passado elas optaram por uti­lizar a plataforma no aprendizado por meio do telefone celular, mas para este ano um computador vai facilitar a realização das atividades. “Primeiro fazíamos as atividades enviadas pelo WhatsApp, depois veio a plataforma. Como tinha condições, melhorei a internet de casa e participei de forma ativa para aprender como era o ensino pela plataforma. A partir daí, a Miriã passou a acompanhar as aulas pelo Google Meet e a responder as ati­vidades diretamente na plataforma. Para minha surpresa, minha filha desenvolveu muito bem e com o passar dos dias até desenho fazia direto na plataforma. A professora Elaine Daneres foi muito importan­te, o ensino muito bem aproveitado, com envio de materiais diferentes e de fácil entendimento”, relatou.

Questionada sobre a con­tinuidade do estudo por meio do modo virtual em razão da situação atual do Estado com relação à pan­demia de Covid-19, Elen diz não ser o momento de retorno. “Como vamos amontoar um monte de criança, cada uma de um canto da cidade em uma sala de aula? É um risco que colocamos nossos filhos. Por isso possibilitamos o acesso da nossa filha à plataforma e estamos sempre presentes para auxiliar. Me preocupo com aqueles alunos que não tem as mesmas condições e os pais trabalham. Será que consegui­rão aprender?”, se questiona.

Com o auxílio da mãe que gravou áudios via WhastApp e enviou à reportagem, Miriã disse ter gostado muito das aulas virtuais, porém afirmou sentir saudade da professora e da sala de aula. “Ado­rava as aulas onlines ano passado, eram boas, aprendia bastante, mas nem todos os colegas participavam. Os vídeos eram bons, eu entendia a professora. Ver os colegas e a professora era bom. Acho legal estudar pela plataforma, mas se eu pudesse, ia para a escola. Mas hoje é melhor estudar em casa do que ficar doente”, disse Miriã.

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