NOVAS POSSIBILIDADES

Autoridades candiotenses retomam luta por polo cerâmico no município

Peças produzidas com argila de Candiota passarão por análise em Santa Catarina

No Sindiceram, encontro foi com Otmar Müller e Alexandre Zugno Foto: Divulgação TP

A última segunda-feira (20) marcou a retomada por busca de investidores do segmento cerâmico de Santa Catarina, estado vizinho, que domina o mercado no Brasil com a produção de tijolos, telhas e pisos, movimentando a economia da região de Criciúma e Tubarão. Os dois municípios utilizam a argila oriunda da extração do carvão mineral – que abastece o parque térmico de Jorge Lacerda com a Usina Termoelétrica – para a confecção das peças.

Uma licença ambiental para instalação já havia sido negada há alguns anos pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), mas uma nova tecnologia na produção de cerâmicos com mais benefícios do que emissões de gases poluentes através de fornos elétricos e biogás, proporcionou que a busca por investidores do segmento fosse retomada pelos candiotenes.

Em razão disso, algumas agendas foram cumpridas nesta semana pelo assessor do prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, e também responsável pelo Setor de Trânsito, Flávio Sanches e pelo vereador Adriano Revelante (MDB), que também é funcionário da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). A primeira foi cumprida em Sombrio, na Cooperativa de Exploração Mineral de Sombrio (Cemiso), com recepção do presidente da entidade, Ademir Cardoso, que estava acompanhado da diretoria e associados. Na oportunidade, foi apresentado por Sanches e Revelante, amostras de argilas produzidas na mina da CRM e da Seival Sul Mineração, do grupo Copelmi. “Ficou acertada a visita de uma comitiva da entidade ao município de Candiota”, informou Sanches.

Na Cemiso, Flávio Sanches e Adriano Revelante foram recebidos por Ademir Cardoso Foto: Divulgação TP

Um segundo encontro aconteceu nesta quarta-feira (22) no Sindicato das Indústrias de Cerâmica (Sindiceram), em Criciúma, oportunidade em que Flávio Sanches e Adriano Relevante foram recebidos pelo presidente da entidade Otmar Müller e pelo diretor executivo Alexandre Zugno. No Sindicato, também foi feita uma apresentação de argilas e artesanatos produzidos pelo artesão e funcionário aposentado da CRM João Henrique Dill Duarte. Ainda foi entregue uma cópia de um estudo realizado pelo geólogo da CRM, Dable, estudo esse realizado no Japão com informações técnicas e características da argila candiotense, bem como um documento disponibilizado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Joel Maraschin, a respeito de linhas de créditos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) para viabilizar futuros empreendimentos na cidade.

“O presidente relatou que irá encaminhar todas as amostras que recebeu para testes no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) da cidade de Criciúma, que tem cursos específicos na área da cerâmica para repassar a todas as empresas integrantes do Sindicato que demonstrem o interesse de utilizar a argila candiotense”, afirmou Sanches, que solicitado pelo jornal para falar das expectativas quanto ao alcance deste objetivo do pólo cerâmico, destacou as agendas como excelentes. “Conseguimos mostrar nosso produto e teremos visita da Cooperativa. Retomamos esse objetivo antigo em um momento muito importante, tendo em vista a crise relacionada ao carvão mineral, novas usinas e renovação do contrato da usina de Candiota. O polo cerâmico só depende do município destinar uma área, existem linhas de crédito, então a esperança de que o pólo seja alavancado é muito grande”, concluiu.

RELEMBRE – No ano de 2007, o presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços (ACISA) de Candiota, Flávio Sanches, tomou a iniciativa de buscar investidores para implantar indústrias cerâmicas para fomentar a geração de empregos e renda no município e assim, criar uma alternativa econômica para aproveitar o grande potencial da argila produzida na mina da Companhia Riograndense de Mineração (CRM).

Conforme relembra Flávio Sanches ao TP, após algumas visitas a Santa Catarina foram dados os primeiros passos para instalação de uma indústria cerâmica em Candiota com o apoio do poder público municipal, que cedeu uma área para o empresário Otávio Coral – que possuía indústrias do ramo no Morro da Fumaça, próximo a Criciúma.

Na oportunidade, o então prefeito de Candiota Marcelo Gregório incentivou o empreendimento com infraestrutura da área industrial, onde seriam investidos cerca de R$ 12 milhões e com a geração inicial de 150 empregos diretos. “O investidor iniciou os trâmites de licenciamento ambiental e abertura de uma nova filial, fato que gerou euforia na população candiotense que via com grande expectativa uma nova fonte de geração de empregos e renda para o município. Mas após uma grande batalha junto a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, a Fepam, veio a grande decepção de negativa do licenciamento ambiental. Na ocasião, o órgão estadual alegou que o empreendimento seria ruim para o meio ambiente e iria produzir poluentes para a atmosfera, mesmo com o novo sistema de queima dos produtos como tijolos, tavelas e telhas, os quais seriam queimados com fornos elétricos e resíduos de madeira”, relembrou Sanches.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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