O leite é um dos principais alimentos consumidos no mundo. O maior produtor, segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), é a Índia com 18% da produção mundial. O Brasil, que ocupa a 5ª posição entre os países, produziu 33,49 bilhões de litros de leite em 2017, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No mesmo ano, último de divulgação das pesquisas, o Rio Grande do Sul produziu 4,55 bilhões de litros, tendo ultrapassado o Estado do Paraná para ocupar a segunda posição entre os maiores produtores, ficando atrás apenas de Minas Gerais. Entre os municípios da região Sul, Candiota vem se destacando no que diz respeito tanto à produção, que chegou a 294 mil litros no mês de agosto/setembro, quanto à qualidade do leite.
De acordo com a Secretaria de Agropecuária e Agricultura Familiar, atualmente o município conta com 175 produtores – que integram a Cooperativa de Produção, Trabalho e Integração Ltda (Coptil) e a Cooperativa de Produção Agropecuária do Pampa (Coopampa). “Com certeza a bacia leiteira é alternativa para as famílias do campo, porque gera renda e sempre vai ter comércio. O que faltava era o incentivo, as cooperativas administram da melhor maneira possível esses recursos e estamos satisfeitos em poder dar suporte e acompanhar o desenvolvimento do produtor local”, destacou o titular da pasta, Ataídes da Silva.
DESTAQUES – O que quatro famílias com realidades, histórias, localidades e membros de cooperativas diferentes podem ter em comum? Todas elas sempre estiveram envolvidas na produção leiteira. Além disso, todas elas passaram pelos altos e baixos do setor e resistiram. Atualmente, se destacam entre tantos – por dar prioridade à bacia leiteira, trabalhar com planejamento e metas e garantir a renda mensal de suas famílias através disso.
Célio e Clarice Hortz, sócios da Coopampa, possuem 19 vacas em lactação e realizam três ordenhas por dia. A produção, em média, chega a 500 litros diários. Como meta para o futuro, o casal trabalha para contar com uma quantia de 30 mil litros por mês. “A gente teve vontade, não desistiu e vem dando certo”, disseram.
Cristiane Ferreira e Jaime Zanatto, também da Coopampa, possuem 20 vacas em lactação em 18 hectares de terras. A produção chega a 350 litros por dia e 11 mil por mês. Eles trabalham incansavelmente em busca de desenvolver a ordenha, qualificar a estrutura e projetam investimentos de aquisição de mais 10 vacas em breve.
Evandro Santos, da Coptil, possui 18 vacas e 9 em lactação, chegando a produzir 2,3 mil litros por mês. A meta é alcançar a marca de 5 mil litros mensais. Ele é um produtor que havia parado de investir e retomou há cerca de um ano. “Eu retomei porque é disso que eu gosto, tenho vontade de produzir”, disse com orgulho. Evandro também pretende buscar crédito financeiro para investir ainda mais, principalmente aumentando o número de animais.
Giliard Abreu e Rosana Idalgo, também da Coptil, trabalham a produção da bacia leiteira com o cuidado na matriz e investimento voltado para a genética. “Nós conseguimos ter uma rotatividade maior porque a todo momento mudamos para um gado novo”, explicou.
PREFEITURA – Após três meses da criação e da implantação do Programa Municipal de Desenvolvimento da Bacia Leiteira, o prefeito Adriano dos Santos esteve nas propriedades das famílias citadas com o intuito de dialogar e continuar aprimorando a destinação dos recursos. Conforme contou para a reportagem, cada cooperativa recebe R$ 5 mil por mês que é dividido entre os associados. Além do gestor, a coordenadora da Secretaria de Agropecuária, Lidiane Gregório, e os representantes das cooperativas, Giliard Abreu (Coptil) e Márcio dos Santos (Coopampa) estiveram presentes. “Foi um momento muito importante para poder ver de perto as mudanças que estão ocorrendo na realidade dessas famílias. Cada cooperativa tem uma forma de trabalhar seus produtores e fazem isso com excelência, por isso a consequência é o surgimento desses produtores destaques”, disse.
Segundo Adriano, acreditar e viabilizar investimento na bacia leiteira é sinônimo de garantir melhor qualidade de vida para as famílias do campo. “Todas essas pessoas precisavam ter uma alavanca para gerar um desenvolvimento, garantir a sua própria renda e isso era independente do ponto que se partia – todos eles conseguiram progredir e estão focados em metas ainda maiores. O governo trabalha neste sentido porque acredita que Candiota tem sim experiências de sucesso na produção de leite do município”, finalizou.
NORMATIVAS – O que tem sido pauta do setor atualmente são as Instruções Normativas (IN) 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Depois do período de adaptação, que teve início em junho, a partir do mês de novembro os produtores já precisam estar adequados às novas regras.
Conforme explica a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, a IN 76 estabelece regulamentos técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A.
Já a IN 77 impõe critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial.