
Trem faz a linha Bagé-Rio Grande Foto: Divulgação TP
Nasci acampando! Assim descreveu o biólogo Hector Bastide ao começar a contar a reportagem do Tribuna do Pampa sobre a última aventura vivenciada por ele, percorrer a pé os trilhos da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) entre os municípios de Bagé e Hulha Negra, chegando a 23 km de percurso nos dias 24 e 25 de novembro.

Hector disse ter realizado um sonho
de quando ainda era criança Foto: Divulgação TP
Hector relatou ter sempre gostado de acampar e pescar e herdou esse gosto dos pais. Após passar por outras regiões e retornar para trabalhar em Hulha Negra, a vontade de estar ao ar livre aumentou, pois, segundo ele, a região convida a vivenciar riquezas do Bioma Pampa. “Sou suspeito ao relatar tanta beleza, pois sou biólogo e admiro a natureza, principalmente o ambiente campestre”, disse Hector.
Questionado sobre o que o impulsionou a trilhar o caminho de Bagé a Hulha Negra ele responde que foi a realização de um sonho de infância. “Gostava de observar os trens que partiam do Terminal do 21 e os que cruzavam na Estação de Santa Teresa. Ficava imaginando qual seria o destino daqueles trens. Alguns vagões transportavam grãos e combustível, outros levavam gado e até ovelhas. Eu pensava: um dia vou seguir o trem e acampar nas margens dos rios onde a ferrovia passa”, relatou.

Amigo Rodrigo acompanhou o biólogo na aventura pelos trilhos Foto: Divulgação TP
O biólogo fez o trajeto acompanhado de um amigo de infância e contemporâneo da época de Exército, Rodrigo Madeira Scholante, que também é um aficionado por sobrevivencialismo e acampamento. “Percorremos 23 km sobre as pedras que sustentam os trilos, pois não há trilha marginal. O caminho é bruto! Por um período de 5h de caminhada fizemos fotos e observamos a engenharia empregada nas pontes da ferrovia, bem como as peculiaridades da região, como, por exemplo a quantidade de espécies vegetais, como a Corticeira-do-banhado (árvore), Butiazeiro e Maracujá-do-campo (foto)”, descreve.

Rede-barraca utilizada por Hector para passar a noite Foto: Divulgação TP
Hector também contou que apesar do curto trecho, acamparam as margens da RFFSA para contemplar as belezas da noite. “Acampamos na mata ciliar que margeia o Rio Negro, que por sua vez é um lugar espetacular, tanto pelo potencial ambiental como cultural, pois foi palco de significativas batalhas e lendas. Dormimos em redes-barracas e finalizamos a nossa jornada no dia seguinte, no cruzamento da linha férrea com a Avenida Getúlio Vargas em Hulha Negra”, concluiu o relato da aventura, acrescentando que o sonho foi realizado com sucesso, mas a ideia é continuar indo mais longe.
OUTRAS AVENTURAS – O biólogo relatou a nossa equipe que durante a adolescência foi escoteiro e quando não estava em alguma atividade de acampamento, adestramento ou jornada (marcha) do Grupo Escoteiro Dom Diogo de Souza – Nº 58 , estava acampando, fazendo jornada pelos trilhos da RFFSA ou praticando montanhismo na Casa de Pedra, na região das Palmas.
Conforme contou Hector, sua vida foi sempre ligada ao Meio Ambiente, descobertas e aventuras. Ele relatou que durante os anos em que foi militar do Exército Brasileiro integrava o Pelotão de Operações Especiais que realizava adestramentos em campanha e inúmeras atividades na fronteira com o Uruguai, entre elas as marchas de combate com percursos de longa duração e distância, que variavam de 45 km a 110 km. “Uma certa feita viemos do Vilarejo de Ibaré (Lavras do Sul) até Bagé. Foi um período marcante”, ressaltou.
Um período da vida de Hector foi no estado vizinho de Santa Catarina, em Balneário Camboriú e Florianópolis. Ele relata, porém, que ainda assim continuou ligado às atividades ao ar livre. “Realizei alguns trabalhos em altura e pratiquei Trekking (seguir uma trilha). Fiz todas as trilhas da “Ilha da Magia”, como por exemplo Trilha dos Naufragados (Sul da ilha) e Trilha do Monte Verde a Costa da Lagoa da Conceição (Norte da ilha)”, relatou.