HABITAÇÃO

Clima de apreensão e incerteza ainda perdura sobre venda de casas da CGT Eletrosul

Comunidades e poderes constituídos se mobilizam

Vários encontros de moradores aconteceram esta semana. Na escola Jerônimo, na Câmara e no ginásio municipal Foto: Cáren Zel/Especial TP

O clima de impotência, em certa medida de revolta, apreensão e de muitas incertezas paira sobre as centenas de famílias que habitam os 411 imóveis da CGT Eletrosul em Candiota desde que a estatal federal anunciou em nota que pretende se desfazer deste patrimônio.

A semana foi marcada por reuniões e o assunto domina as rodas de conversa na cidade de cerca de 10 mil habitantes e que vê praticamente 10%¨de sua população apreensiva por não saber qual será seu futuro nas casas que na maioria das vezes já habitam há décadas.

Já na segunda-feira (21), o prefeito Luiz Carlos Folador (MDB), o vice Paulinho Brum (PSDB), a secretária de Assistência e Inclusão Social, Andréia Rangel, assistentes sociais, membros da Procuradoria Jurídica do município, vereadores e vereadoras, mantiveram encontros com os moradores tanto da Residencial quanto da Operária.

Nos encontros, foram debatidos e dados encaminhamentos aos próximos passos que serão tomados para buscar uma forma junto à empresa para que os moradores não saiam prejudicados nessa negociação. “Vamos fazer tudo o que pudermos para que nenhum morador saia prejudicado e que ninguém que resida nessas casas que foram colocadas à venda, fique sem moradia”, afirma o prefeito Folador.

Os eventos aconteceram no pátio da escola Jerônimo Mércio da Silveira (Residencial) e no plenário da Câmara (Vila Operária), tendo reunido uma boa quantidade de pessoas, que demonstraram durante os encontros toda a preocupação com a situação. O vice Paulinho se reuniu a comissão dos moradores no ginásio de esportes na última terça (22).

Na Câmara uma nova comissão foi formada, tendo como presidente a vereadora Luana Vais (PT), como vice o vereador Marcelo Gregório (PSDB) e como secretário o vereador Léo Lopes (PTB), para acompanhar o debate sobre o tema.

Também durante a semana, seis assistentes sociais da Prefeitura realizaram cadastros de moradores, numa espécie de levantamento que deve compor um dossiê que deverá ser entregue à direção da CTG Eletrosul em breve e também a Defensoria Pública de Bagé. Já foram feitos mais de 200 cadastros.

Uma série de vídeos batizada de ‘Meu lar vai a leilão’, começou a circular nas redes sociais, quando moradores falam do significado dessas casas para eles, suas histórias de vida e reforçam seus medos em relação ao desfecho desta negociação que ainda se sabe muito pouco.

Prefeito Folador fez uma live sobre o assunto no final da tarde desta quinta-feira (24) Foto: Reprodução TP

LIVE – O prefeito Folador realizou no fim da tarde desta quinta-feira (24), uma transmissão ao vivo pela sua página pessoal do Facebook, tratando exclusivamente sobre o tema. O prefeito fez um apanhado geral das ações que estão sendo feitas, mas acrescentou que talvez já na próxima semana será mantida uma audiência coma direção da CGT Eletrosul, em Florianópolis (SC).
Esta audiência está sendo intermediada pelo deputado federal Ubiratan Sanderson (PSL) e seu representante em Candiota, o sargento aposentado Flávio Sanches. “Vamos pedir a suspensão deste processo, de um possível edital. Queremos as mesmas condições que foram dadas na venda das casas da Vila Operária. Vamos respeitar a hierarquia e primeiro vamos falar com a CGT Eletrosul. Caso não evolua, vamos à Eletrobras no Rio de Janeiro e se for o caso até Brasília”, disse.

Folador ainda se referiu ao decreto que editou esta semana para suspender qualquer processo de despejo no âmbito do município pelos próximos seis meses.

Já foram feitos mais de 200 cadastros de moradores pela ação social do município Foto: J. André TP

ASSOCIAÇÃO – Por conta do impasse, os moradores estão fundando uma nova associação na Vila Residencial, a Associação de Moradores Amigos da Vila Residencial (AMAVR). Segundo o grupo que lidera a iniciativa, uma entidade assim possui personalidade jurídica e pode atuar na negociação também. A antiga associação, a AMVR, segundo consta, está desativada há muito tempo e possui problemas no CNPJ.

A assembleia virtual está marcada para o próximo dia 10 de julho, às 17h30 horas, em primeira convocação. O link será amplamente divulgado para que os moradores possam participar.

SEM INFORMAÇÕES – A CGT Eletrosul não deve, pelo menos por enquanto, responder a série de questionamentos que nossa reportagem enviou para a assessoria de Comunicação na última semana. A única palavra oficial até o momento foi a famigerada Nota de Esclarecimento já publicada e repercutida pelo jornal.

Conforme o TP apurou, ainda não há Edital para o leilão e o que se tem de concreto até o momento é a contratação de um leiloeiro oficial, que tem a responsabilidade, conforme divulgado, de preparar, organizar e conduzir o processo de venda dos imóveis.

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