Coisa de louco

Quando escrevi o título, fiquei pensando no Sílvio Santos que quando diz alguma coisa errada, o que significa apenas que era normal alguns anos atrás e hoje não é mais, pergunta ante o olhar perplexo de uma das filhas ou funcionárias: – O que eu disse de errado?
Para quem, como eu, já viveu mais de seis décadas, e procurou aprender alguma coisa, falar virou quase um problema. O “quase” fica por conta de que após os sessenta a gente sabe que ninguém está dando bola pra gente, exceto momentaneamente, às vezes.

Um dos temas do momento é o racismo. O que as pessoas de hoje pensam de Candeia, compositor carioca que morreu em 1978, cantado por Teresa Cristina, ambos negros?

Numa das canções, “Dia de graça”, Candeia escreveu “Negro, não humilhes nem te humilhes a ninguém/Todas as raças já foram escravas também”. Nesta frase, Candeia quis dizer que a escravidão não aconteceu somente com uma raça ou com pessoas de uma cor. “E cante um samba na universidade/E verás que teu filho será príncipe de verdade”. Candeia indica o caminho da sabedoria e do conhecimento para promover o indivíduo a um patamar de igualdade independente da origem ou da cor.

Os sábios que a humanidade produziu ensinam que não é adequado falar através da negação do errado.A expressão “não ao racismo” promove o errado, assim como o “Ele não” fez um certo candidato deslanchar para ser presidente. Nas duas expressões citadas o que marca no cérebro de quem houve é “racismo” e “ele”. O universo não lê o “não”.
Precisamos é ensinar o certo e lembrar que passamos a vida inteira convivendo com a negação do errado. Parece-me que Candeia entendia essas coisas.
– O que eu disse de errado? Perguntou Sílvio Santos.

O mundo hoje está muito doido. Cada um faz sua leitura do que o outro escreveu e sai achando que leu certo o que outro pensou. Escrever sobre temas polêmicos dá assunto.

Mais simples é falar sobre a doideira de um mundo onde há quem pague trinta mil dólares por um “bitcoin” ou quase mil dólares por uma “ação” da Tesla, empresa controlada pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk. Segundo os analistas de um dos maiores bancos do mundo, o Morgan, uma “ação” da Tesla deveria ser vendida por um décimo do que estão pagando. O bitcoin, bem, este só doido varrido para entender. Um dia alguém que ninguém sabe quem é inventou uma moeda digital, uma forma de produzir a partir de uma fórmula matemática complicada e saiu vendendo “nada”. Alguns começaram a comprar e a revender “nada” e o negócio evoluiu. Elon Musk quer construir uma cidade em “Marte”. Não é só isso, mas é muito doido. As “ações” da empresa dele valem o tamanho da sua doideira.

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