SEGURANÇA

Com 23 prisões, Polícia Civil deflagra Operação Faxina em Pinheiro Machado e outras sete cidades

A operação contou com 260 policiais e foi comandada pelo delegado André Mendes Foto: Polícia Civil/Especial TP

Para a desarticulação de uma complexa organização criminosa, nesta quinta-feira (29), a Polícia Civil com um efetivo global de 260 policiais, cumpriu 40 mandados de busca e apreensão, 27 mandados de prisão preventiva e 39 bloqueios judiciais de contas ligadas à movimentação financeira do tráfico de drogas. As medidas judiciais foram cumpridas nas cidades de Pinheiro Machado, Bagé, Novo Hamburgo, Campo Bom, Salvador do Sul, Canoas, Cachoeirinha e Porto Alegre. De acordo com o delegado André Mendes, titular da Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Rurais e Abigeato (Decrab/Bagé), 23 pessoas foram presas e houve apreensão de armas de fogo, munições, drogas, dinheiro, dois veículos de luxo, além de diversos aparelhos celulares.

ENTENDA – A Polícia Civil, por intermédio da Decrab, investigou, em meados do ano de 2019, um roubo a propriedade rural ocorrido no município de Dom Pedrito. O crime causou comoção regional, pois as vítimas foram amarradas, agredidas e torturadas pelos criminosos. Nesse sentido, o crime foi investigado e seus autores foram identificados e presos em flagrante por tráfico de drogas, em Dom Pedrito, apontando as investigações que o roubo investigado teria sido cometido por uma associação criminosa ligada ao tráfico de drogas. Para a imprensa, a Polícia Civil afirmou ser corriqueira essa forma de atuação das associações criminosas, que buscam nos delitos patrimoniais alternativa para rápida capitalização da estrutura criminosa.

A associação era especializada no tráfico de drogas e crimes conexos Foto: Polícia Civil/Especial TP

INVESTIGAÇÃO REGIONAL – Desde então, durante as investigações complementares, após a prisão dos envolvidos nos crimes de roubo e tráfico de drogas, foi identificado e também indiciado o responsável pelo fornecimento de drogas para a organização. O fornecedor da droga, que naquele momento encontrava-se no sistema prisional gaúcho, é membro de uma facção criminosa de atuação estadual, denominada “Os Manos”.
Segundo a polícia a partir da análise dos objetos apreendidos verificou-se a vinculação do mesmo indivíduo com a criminalidade semelhante verificada na cidade de Pinheiro Machado – onde ele, conforme investigação, era o responsável pelo fornecimento de drogas para a associação criminosa instalada no município, comandando as ações de dentro do sistema prisional.
Desse modo, verificando a existência de uma atuação regionalizada, especializada no tráfico de drogas e crimes conexos, que também afetou diversos produtores rurais com violentos crimes de roubo a propriedades rurais, foi realizada uma investigação pela Decrab com a participação das Delegacias de Polícia de Dom Pedrito e Pinheiro Machado.
A polícia disse também, que enquanto ainda era investigada a origem da droga e lideranças criminosas dos crimes ocorridos em Dom Pedrito, de forma paralela, em dezembro de 2019, a Decrab/Bagé e a Delegacia de Pinheiro Machado começaram investigações para elucidação de crimes de roubo a propriedade rural e tráfico de drogas cometidos em Pinheiro Machado que, em tese, estariam sendo cometidos de forma semelhante aos ocorridos em Dom Pedrito, mas, tendo como ponto comum, a origem e fornecedor da droga.

A OPERAÇÃO – De acordo com a polícia, durante a investigação da Operação Faxina, foi descoberto que o grupo criminoso possui atuação também em Porto Alegre e Região Metropolitana, bem como que seria responsável pelo narcotráfico, homicídios, entre outros delitos, para a manutenção do seu domínio na venda de drogas em Pinheiro Machado e região.
A polícia explicou que as atividades de tráfico de drogas na cidade são realizadas em diversos pontos e por vários indivíduos, atuando, a maioria, na venda direta do entorpecente. Na investigação, foram identificados os indivíduos que somente armazenavam os entorpecentes, bem como os que atuavam na organização financeira e movimentações bancárias, além de outros integrantes do grupo que portariam armas e armazenariam em suas residências. Em Dom Pedrito, foram identificadas as contas bancárias utilizadas pelo grupo. Em um ano, as movimentações financeiras superam R$ 5,5 milhões.
Ainda, a polícia também identificou que o “braço direito” do chefe do grupo está atualmente recolhido no Presídio Regional de Bagé (PRB). Entretanto, os policiais apuraram que ele consegue repassar diversas orientações a traficantes de drogas na cidade de Pinheiro Machado, os quais estão sob a sua liderança.
Dentre os gerentes da organização, a namorada do apenado do PRB, que atualmente reside em Pinheiro Machado e conta com diversos contatos que agem como facilitadores da organização (parte financeira e informações) como, por exemplo, um indivíduo que é funcionário de um banco na cidade e teria controle sobre as finanças do grupo e trocaria informações com ela acerca das movimentações financeiras referentes ao dinheiro oriundo do tráfico.
Ao longo das investigações foram realizadas diversas ações e prisões em flagrantes de indivíduos ligados ao grupo criminoso, oportunidades em que foram apreendidas diversas armas de fogo, munições e grande quantidade de entorpecentes, fatores que materializaram a investigação.
A investigação policial recebeu o nome de “Operação Faxina” em razão da necessidade emergencial de “limpar” a cidade de Pinheiro Machado dessa organização criminosa e, consequentemente, coibir as atividades de traficância de entorpecentes e outros crimes relacionados na região.

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