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Com autorização de privatização, futuro dos funcionários da CRM ainda é incerto em Candiota

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Em Candiota está a única unidade em operação da estatal Foto: Divulgação TP

A aprovação do Projeto de Lei (PL) 264/2019, que autorizou o Governo do Estado a promover medidas de desestatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), tem sido uma constante incógnita no dia a dia dos funcionários da empresa. Apesar da sede ser em Porto Alegre, é em Candiota que a massa trabalhadora atua na prática. Até o momento, nem mesmo um diálogo foi estabelecido sobre o futuro desses profissionais.

Em contato com o presidente do Sindicato dos Mineiros, Moisés Rodrigues, a reportagem apurou que ainda não há muitas novidades – o que, segundo ele, até certo ponto é algo para ser comemorado diante do caos que deve estar próximo da categoria. “Desde maio de 2019, quando foi aprovada a PEC 272/2019 – que autoriza retirada da obrigatoriedade do plebiscito – a CRM ficou por último no processo de desmanche. Até o momento, nem mesmo o processo de modelagem foi pedido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), medida que já aconteceu em relação à Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e à Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sul Gás)”.

Além disso, questionado sobre o governo ter estabelecido um diálogo diante do futuro da categoria, Moisés disse que até agora nada aconteceu. “Até o momento não existe nada, os funcionários da CRM vivem hoje atrás de uma cortina de fumaça: sabemos que vamos ter que atravessar, mas não temos ideia do que nos espera do outro lado”, registrou.

NOVO PRESIDENTE – Ainda em setembro, Melvis Barrios Junior assumiu a presidência da CRM e de imediato já esteve reunido com o Sindicato que representa a categoria para tratar sobre a atual situação.

Para Moisés, o sentimento atual é de constante preocupação. “A CRM já foi uma empresa lucrativa que investiu em caminhões, tratores de esteira e pás carregadeiras novos e também pagou Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos seus colaboradores, mas nos últimos governos (José Ivo Sartori e também Eduardo Leite) foi feito um processo de sucateamento e encheram o pátio de sucata de máquinas para justificar sua privatização”, lamentou.

Pensando no futuro e em alternativa para garantir os empregos da categoria, o Sindicato dos Mineiros vê possibilidades nos projetos a serem instalados na região. “Vimos com bons olhos a possibilidade de sair a UTE Ouro Negro ou até mesmo o projeto de gaseificação do carvão e com isso venham parceiros da iniciativa privada investir na CRM, garantindo postos de empregos já existentes e abrindo novas vagas”, disse.

PLANO DE SAÚDE – O que mudou significativamente até o momento foi em relação ao plano de saúde – tanto dos funcionários da ativa quanto dos aposentados. Conforme explicou o presidente do Sindicato dos Mineiros, o acordo coletivo 2018/2019 era válido até 30 de novembro e o de 2019/2020 ainda não foi assinado. “Como nós iríamos perder todas as garantias e direitos previstos, a CRM veio com a seguinte proposta: prorrogação do acordo 2018/2019 por mais 60 dias e um aditivo na cláusula 32 do plano – passando a cobrar coparticipação e um teto anual de R$ 4 milhões de repasse da CRM para o benefício, mas somente para funcionários da ativa e seus dependentes diretos”, contou Moisés.

Ainda segundo ele, a Associação de Funcionários da Mina de Candiota (Afucan) está trabalhando no sentido de organizar uma maneira para que os inativos e agregados possam contar com um plano de saúde com valores que possibilite a todos continuar pagando. Anteriormente, a CRM se comprometia com a integralidade do plano e os inativos pagavam direto para a Afucan, mas não existia coparticipação nos procedimentos hospitalares.

COLÔNIA DE VERANEIO – Enquanto o futuro da categoria ainda é indefinido, durante o bate-papo, o TP também buscou informações sobre as novidades na colônia de veraneio do Cassino. Segundo contou o diretor financeiro do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, o local foi preparado para receber funcionários que estão em férias durante o verão. “A falta de recursos que a empresa está passando fez com que a colônia de veraneio fosse desativada em Tramandaí. Pensando nisso, o Sindicato dos Mineiros investiu mais – mobiliando outras duas casas no Cassino, totalizando sete – com geladeira, televisão e toda a estrutura com valor simbólico para os associados”, explicou.

De acordo com Hermelindo, inclusive os custos de água, luz e gás consumido durante a estadia fica a cargo do Sindicato dos Mineiros. Além disso, só podem utilizar o local os associados que estão em férias no período de verão. A temporada da colônia de veraneio teve início nesta segunda-feira (16) e termina 9 de março. O resultado do sorteio com os contemplados já foi divulgado para toda o período.

* Texto alterado em relação ao impresso

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