ACERVO VALIOSO

Com um verdadeiro museu em casa, fotógrafo candiotense preserva a história da cidade

João Henrique Dill Duarte, o Funga, se queixa da falta de espaço em sua casa para guardar tanta coisa importante

Nesta semana, a reportagem do Tribuna do Pampa foi até a casa do fotógrafo e artista plástico candiotense, João Henrique Duarte, o Funga, 63 anos, que guarda um verdadeiro museu particular em sua residência, na sede do município. Com muita história, fotos e documentos importantes, ele armazena em diversas caixas a evolução da cidade que foi registrada principalmente por suas fotografias ao longo dos anos.

Segundo contou ao TP, a primeira vez que trabalhou com a profissão foi aos 18 anos de idade, quando o pai Dirceu Palomeque Duarte, um dos primeiros fotógrafos de Candiota, precisava estar em dois lugares ao mesmo tempo, sendo um na Companhia Riograndense de Mineração (CRM) que era o seu local de trabalho, e em um casamento, onde iria fazer as fotos. “Foi aí que ele me perguntou se eu me animava fazer as fotos do casamento, e eu disse que sim. Daquele dia em diante, fiz alguns trabalhos com ele e continuo trabalhando com a fotografia até hoje”, disse Funga, relembrando que o seu pai fazia fotos nos bailes, voltava para casa para revelar e no fim da festa retornava para vender o material.

 

ACERVO

Ele também guarda uma coleção de câmeras fotográficas Foto: Sabrina Monteiro TP

Além do acervo autoral, Funga também guarda em sua casa o acervo fotográfico que herdou do pai. “Eu tenho negativos da década de 1960, tenho o arquivo de Candiota completo na parte da fotografia e alguma documentação”, informou, contando que alguns negativos foram doados pela família do fotógrafo Denis, da extinta Rede Ferroviária.

Entre diversos materiais, Funga destacou que um dos mais importantes, em sua opinião, são mapas, algumas fotografias e também câmeras que usou para trabalhar, outras que herdou do pai e que ganhou de algumas pessoas, sendo que algumas ainda funcionam. “Eu tenho o mapa da Vila Airton (bairro mais antigo da sede do município), com o nome dos primeiros compradores, e também fiz um mapa mais detalhado do município a partir do original. Levei alguns anos para concluir esse trabalho”, contou ele.

Ainda sobre os itens que tem guardado, o profissional citou o documento de quando Luiz Chirivino vendeu uma parte de seus campos, atualmente a sede de Candiota (antiga Dario Lassance), para o Departamento Autônomo de Carvão Mineral (DACM), empresa que depois foi transformada na CRM, para começar a mina de carvão e também montar as oficinas e escritórios. “Então eu tenho documentos do Luiz Chirivino vendendo pro DACM uma área para fazer a vila dos funcionários e a outra parte é essa do loteamento Vila Airton, e esse material todo eu ganhei do cara que era o braço direito dele”, relembrou o fotógrafo.

Além disso, ele ressaltou que tem todos os arquivos de quando começou a trabalhar com a câmera digital. “Eu sempre andei com a câmera debaixo do braço registrando todos os momentos”. Quando a Usina Candiota 2 (Fase B) começou a ser construída, Funga trabalhava na empresa Miguel Arlindo Câmara (MAC), antes de começar na CRM, onde ele atuou durante 37 anos como desenhista. Como ninguém tinha câmera fotográfica na época, ele arranjava um tempinho para registrar a construção desta usina termelétrica do município.

 

A 1ª FOLHA

Funga com a primeira edição do saudoso jornal A 1ª Folha Foto: Sabrina Monteiro TP

Durante a conversa e entre tantos arquivos históricos, João Henrique encontrou duas cópias da primeira edição do saudoso jornal A 1ª Folha, com data de 1º de julho de 1992. “Eu tenho muitos anos desse jornal guardado em três caixas, só parei de juntar quando a edição deixou de ser semanal”.

 

FALTA DE ESPAÇO

 

Durante a conversa, Funga falou sobre o pouco espaço que tem em casa para conseguir armazenar tanto material importante, principalmente que conta a história do município.

“Eu queria alguém comprometido para mostrar todas essas coisas, queria um lugar aonde as pessoas cheguem e consigam visualizar como a cidade era antes. Acho que todas as cidades têm alguma biblioteca pública, ou um museu contando a sua história”, reforçou ele, lembrando a existência do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota, onde ele juntamente com o historiador Tailor Lima e outros amigos,como já noticiado aqui no TP, estão tentanto resgatar há um bom tempo.

“Eu tenho muita história aqui, e tem mais pessoas que também guardam algumas coisas importantes. Eu tenho bastante documento interessante, e aqui eu não tenho espaço e alguém que tenha compromisso com a história”, falou, comentando que muitas pessoas não sabem a verdadeira história do município e que a maioria sabe histórias distorcidas. “Quando é assim, uma pessoa vai passando para outra, tirando alguns detalhes e criando outros e assim a história vai se perdendo. Tem gente que fala que Candiota era tal coisa, daí eu penso pra mim que não sabem nada mesmo”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

Comentários do Facebook