RECICLANDO PARA VIVER

Com veículo em manutenção, recicladores realizam coleta a pé em Pinheiro Machado

As “coleguinhas” foram à luta e estão fazendo a pé a coleta de material reciclável Foto: Divulgação TP

A Associação Pinheirense de Trabalhadores com Recicláveis – Reciclando para Viver não para diante de qualquer adversidade. Essa é a conclusão que qualquer pessoa logo chega quando se depara com a história desse grupo formado por cerca de 10 integrantes, em sua ampla maioria mulheres, que tiram seu sustento como catadores.

Na última semana, eles anunciaram em uma rede social que estavam impossibilitados de realizar a coleta do material reciclável no município. “Bom dia!Passando para avisar que estamos com a Kombi em manutenção, por esse motivo não estaremos fazendo a coleta seletiva até ela ficar pronta. Obrigada pela compreensão”, dizia no aviso.

Mas quem conhece a determinação do grupo logo imaginou que a situação não continuaria assim por muito tempo. E, ao invés de ficar de braços cruzados esperando, eles decidiram ir à luta do jeito que podiam: com suas próprias pernas. Desde o início da semana, as “coleguinhas”, como elas mesmas se identificam, têm percorrido o comércio pinheirense para buscar o material que – depois de coletado, separado, prensado e vendido – gera o sustento para suas famílias. “Não conseguimos nenhum veículo para nos ajudar na coleta, por esse motivo fomos à luta. Pedimos desculpas por não conseguir passar em tudo que é lugar porque estamos fazendo a coleta de a pé. E agradecemos a todos que vem nos trazendo material”, relataram.

INCENTIVO – Há alguns dias, a empresária Luana Trindade também tem contribuído bastante com o trabalho realizado pelos catadores. A reportagem procurou a proprietária da loja Luana Modas, localizada no centro da cidade, para saber mais sobre a iniciativa de sortear um vale-compras de R$ 200 entre as clientes que realizarem a entrega de material reciclável na sede da associação até 31 de agosto.

Segundo ela, como empreendedora, a ideia não é só vender ou ganhar, mas ajudar de alguma maneira pessoas que também batalham por uma vida melhor através do trabalho. “A iniciativa surgiu desde um dia que minha comadre viu eu misturando todo meu lixo e perguntou porque eu não separava, aí eu perguntei se tinha reciclagem aqui. Ela me contou que já reciclava há bastante tempo e eu falei que ia pensar em algo para ajudar a divulgar esse trabalho, porque assim como eu fazia, muita gente devia deixar esse assunto passar despercebido”, contou.

Em seguida, Luana chamou as meninas para participarem de uma de suas transmissões ao vivo (live). Na oportunidade, antes da tradicional mostra e venda de roupas pela equipe da lojista, as catadoras puderam explicar sobre o trabalho realizado e os tipos de materiais que recebem. Desde então, muitas pessoas têm se mobilizado para levar o material reciclável para ser transformado no sustento do grupo. Para o jornal, a presidente da associação, Maria de Fátima Madruga, a Nena, disse que o movimento tem sido bastante favorável para eles e que o sentimento é de gratidão pela iniciativa. “A diferença já começou desde a primeira visita que ela nos fez. Já mudou bastante. Apareceram muitas pessoas para conhecer nosso trabalho e também falaram que agora não vão mais jogar fora, vão trazer mais material para nós”, comemorou.

Luana Trindade foi até a associação conhecer de perto o trabalho dos catadores Foto: Divulgação TP

COLABORE – A associação, localizada na rua 24 de Fevereiro, nº 118 A, atrás da rodoviária, recebe latinhas de cerveja e refrigerante, de café, de milho, de ervilha, de achocolatado etc; garrafas pet e de óleo; potes de fermento, de café, de materiais de limpeza; frascos de detergente, de desinfetante, de clorofina; sacolinhas, sacola de sabão em pó, de arroz, de açúcar, de sal; baldes e bacias quebrados e forro de PVC; caixas de sapato e de eletrônicos, de leite, de creme de leite, de leite condensado, de suco, de sabão em pó; papelão, jornais, revistas, encartes, panfletos e propagandas, livros, cadernos, cartilhas, sacos de cimento etc.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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