PRESERVAÇÃO CULTURAL

Começa processo de preservação de documentos do Castelo de Pedras Altas

Castelo foi uma prova de amor de Assis Brasil

Um acordo de coo­peração firmado en­tre a Secretaria da Cultura (Sedac), por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), com órgãos ligados à preservação busca a conservação de bens e documentos de propriedade de Joaquim Francisco de Assis Brasil. O acordo entre as instituições foi assinado pelo entendimento da relevância histórica e cultural do acervo produzido e mantido por Assis Brasil, tanto regional como nacionalmente.

Técnicos das insti­tuições, entre eles histo­riadores, arquivistas e um cientista social, viajaram no começo desta semana passada para a Granja de Pedras Altas, onde morou o ministro da Agricultura e go­vernador do Estado (1891- 1892). A equipe prepara o levantamento de mobiliário e documentação,= dando iní­cio à primeira fase de um detalhado plano de trabalho. Uma análise prévia do mate­rial indica um acervo valioso e, em alguns casos, inédito.

Foto aérea do Castelo de Assis Brasil, construído em 1909

A primeira etapa do chamado “Plano de Salva­mento da Documentação da Granja de Pedras Altas” é um levantamento quantita­tivo e o acondicionamento material, começando pelo que se encontra em maior risco. Para a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, “esta articulação em prol do patrimônio do Estado é decisiva na preservação ainda possível da Granja de Pedras Altas. Acordos nesta direção devem se tor­nar rotinas nas agendas das instituições envolvidas, uma vez que, como esta situação, o Rio Grande do Sul possui outras que merecem nossa atenção”. O trabalho não tem data definida para conclusão, porque depende das necessi­dades e especificidades dos documentos, bens e etapas do projeto, que inclui o restauro do Castelo.

De acordo com a diretora do Iphae, Renata Horowitz, “a trajetória pela preservação e salvaguarda do conjunto arquitetônico da Granja de Pedras Altas remonta há trinta anos. A ação implementada agora é resultado da união de esfor­ços de vários entes públicos e deve por fim à situação de risco em que esse importante acervo encontra-se”. Além da preservação, a exposição de documentos públicos para pesquisa foi fundamen­tal para o encaminhamento do trabalho.

De acordo com in­formações enviadas ao TP pela Sedac, o plano está organizado em quatro etapas. Após esse primeiro registro e armazenamento, o mate­rial será transportado para uma guarda provisória no Memorial do Ministério Pú­blico (MP), em Porto Alegre (Etapa 2); o levantamento detalhado de todo acervo e o tratamento do material para preservação (etapa 3); e, por fim, o retorno de todo mate­rial à Granja de Pedras Altas, após o imóvel ter condições de armazenamento adequa­do do acervo (etapa 4).

O Castelo de Pedras Altas, tombado pelo Iphae em 1999, foi erguido entre 1909 e 1913, em estilo me­dieval, para ser usado como residência de Assis Brasil. Durante a elaboração do projeto de restauração arqui­tetônica e requalificação do acervo, será previsto um ou mais locais com condições ideais de guarda do material documental.

Participam do Acor­do de Cooperação, junto com a Sedac e o Iphae, a Secretaria da Modernização Administrativa e Recursos Humanos (Smarh), o Mi­nistério Público (MP-RS), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio­nal (Iphan) e a Universidade Federal do RS (Ufrgs).

O CASTELO – A arquitetura em formato de castelo, foi construída na Granja de Pe­dras Altas, uma propriedade centenária construída por Joaquim Francisco de Assis Brasil, no início do século 20 – hoje tombada pelo Estado. Joaquim Francisco de Assis Brasil – reconhecido político, diplomata, escritor e pecuarista do início do século passado – nasceu em São Gabriel na Estância São Gonçalo em 1858 e faleceu em 1938 no castelo. Ante­riormente, o local era aberto ao público para visitações externas e internas da área, mas desde um processo fa­miliar, as visitas deixaram de ser agendadas. O castelo faz parte da História do Rio Grande do Sul, sendo no local assinado um acordo que pôs fim à Revolução de 1923.

Erguido com pedras de granito rosa, o local pos­sui 44 cômodos, 12 lareiras e é repleto de histórias que contam desde a presença de amigos ilustres até revolu­ções realizadas. Os móveis são todos em madeira ma­ciça e vieram de Paris. Na parede havia um relógio que pertenceu a Bento Gonçal­ves e fotografias de autori­dades e personalidades que marcaram o mundo, como o retrato de uma brincadeira entre Assis Brasil e o Pai da Aviação, Santos Dumont.

Segundo a história, Assis Brasil era casado com uma europeia e, apaixonado pela mulher, resolveu cons­truir um castelo para que ela não se sentisse isolada na região de Pedras Altas, como uma prova de amor. Na entrada do cas­telo, junto ao portão, ainda estão os versos escritos por Assis Brasil: “Benvindo à mansão que encerra; Dura lida e doce calma; O arado que educa a terra: O livro, que amânha a alma.”

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