INSTABILIDADE

Comerciantes de Candiota relatam prejuízos com constante falta de energia

Em entrevista ao Tribuna do Pampa, o presidente da Acisa/CDL, Clarque Rostam explicou que a situação é bastante complicada para o comércio candiotense no que se refere as faltas de energia devido aos problemas ocasionados, inclusive, com a Receita Federal. “Estamos tendo várias faltas de luz e têm dias que nem conseguimos trabalhar porque ou está sem luz, ou em meia fase por até 7h. E o problema não é somente a falta de luz. Automaticamente, se nós ficamos sem ou dá quedas bruscas, os nossos equipamentos de trabalho como computadores, placas-mãe, estabilizadores, nobreaks, monitores, impressoras, estão sendo danificados. Temos equipamentos no comércio como impressoras, que não aceitam essa oscilação de energia de 90 a 220 volts durante o dia”, relatou Clarque.

 

NOTA INTEGRADA

Um problema ainda maior enfrentado pelo comércio, segundo Clarque, é referente a emissão de notas fiscais. Ele explicou que a falta de energia impede a emissão de notas para a Receita Federal e que comerciantes estão sendo notificados com multas que ultrapassam R$ 7 mil. “Desde o início desse ano, nós que possuímos inscrições estaduais, que vendemos mercadoria para o cliente final, temos que usar uma nova modalidade de venda, a nota integrada, PIN Pad (equipamento de leitura de cartões de crédito e débito que aceita diversas bandeiras e vários bancos e precisa estar conectado a um computador ligado ao sistema de Transferência Eletrônica de Fundos), ou máquinas de cartão que precisam trabalhar integradas com a nota. Ao fazer o processo de compra e no fim o cliente passar o cartão, de forma automática vai ser gerada a nota, mas se caso a empresa tiver um grande número de notas integradas não emitidas, ela vai ser notificada e depois autuada. Por não conseguir gerar essas notas em decorrência da falta de luz, visto os comércios pequenos não terem condições de ter um gerador para manter o contato devido ao alto custo de funcionamento, eles já estão sendo notificados. Temos clientes notificados com R$ 7 mil pelo não cumprimento da lei. Então, nosso questionamento é de quem vai pagar essa conta? Precisamos de uma explicação do grupo Equatorial do que vai ser feito para melhorar o sistema de abastecimento de energia elétrica em Candiota”, reivindica Clarque.

O presidente da Acisa/CDL citou ao jornal um prejuízo geral que ultrapassa os R$ 300 mil. “Temos muitos relatos de equipamentos nos comércios queimados, que para trabalhar os proprietários além do prejuízo precisaram fazer novos investimentos. Para a Lancheria e Pizzaria Opções, por exemplo, já fizemos vários ofícios com relação à falta de luz. Somente este local já soma cerca de R$ 70 mil em prejuízos decorrentes de aparelhos queimados pela falta o oscilação da energia elétrica”, expôs.

Juarez Pazzi, da Opções, já foi notificado pela Receita Federal devido a não transmissão de notas no prazo determinado em razão das quedas de energia Foto: Divulgação TP

O proprietário da Opções, Juarez Garcia Pazzi falou ao jornal sobre o drama vivenciado no estabelecimento. “Estou há 26 anos instalado na cidade e agora falta muito mais energia. Em um mês ficamos quatro vezes sem trabalhar devido a falta de luz. Por ser restaurante temos que emitir as notas no final da noite, inclusive já fui notificado pela Receita Federal por não tirar nota, mas como vou tirar nota se não tem luz? Equipamentos já tivemos vários queimados e não temos nem capital suficiente para mandar arrumar tudo. Já somamos, por baixo, uns R$ 70 mil de prejuízos em aparelhos queimados, entre ar-condicionado, freezeres, microondas, balcão refrigerado, geladeira, computador, televisão. Só o balcão para arrumar foi R$ 2,8 mil, mas preciso dos equipamentos para poder trabalhar. Estamos sendo penalizados, estamos trabalhando com dificuldade, lutando para sobreviver”, relatou Juarez.

 

PLANTAÇÃO HIDROPÔNICA

Produção hidropônica perdida Foto: Divulgação TP

O jornal também conversou com o comerciante Dioverton Dalla Nora, que produz hortaliças hidropônicas (plantio na água) na cidade e necessita de energia elétrica para manter a produção com todas as especificações adequadas do ramo da hidroponia. Ele relatou já ter tido diversos problemas financeiros, já chegando a cerca de R$ 50 mil desde que a Equatorial Energia assumiu a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). “Onde tenho a plantações é a rede que passa pela Vila Residencial. É uma rede nova feita pela Equatorial e está dando problemas. Já ficamos cerca de 15h sem energia por problema nesse ponto. Trabalhamos com bombas que injetam água no sistema e com o calor é praticamente todo o tempo ligado para não perder a plantação”.

Ele disse entender que esporadicamente falte luz, mas frisou que o problema tem acontecido de forma recorrente. “Não aceitamos desta forma, ficar muitas horas sem energia. Já aconteceu de ficarmos mais de dois dias sem energia e mesmo fazendo relato do que pode ser o problema, chegar uma equipe de Rio Grande sem vara de manobra é inaceitável. É uma situação horrível, não temos mais paz, tranquilidade. Não podemos sair por muito tempo porque o sistema pode sofrer falhas em razão da falta de energia. Quando estamos para fora,  temos que ficar vistoriando se não faltou luz”, relatou Dioverton.

O produtor de hortaliças falou também sobre a dificuldade do uso de geradores para manter o sistema em funcionamento. “Tenho gerador, senão fosse ele não teria mais condições de produzir desta forma, mas o custo com gasolina é alto e já ocorreu de ele não funcionar, dar problema também no gerador. Estamos vivendo um momento muito difícil”, manifestou o empresário.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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