
Centenas de pessoas se mobilizaram em frente a Usina pedindo a medida provisória Foto: Letiere Navarrina/Especial TP
Centenas de pessoas participaram da manhã de quarta-feira (15), de uma mobilização em frente a Usina de Candiota, que pertence a Âmbar Energia. O pátio de entrada ficou tomado por centenas de trabalhadores de diversas empresas ligadas a prestação de serviço para a usina, autoridades regionais, servidores públicos e comerciantes da cidade.
A mobilização visou prestar mais uma vez esclarecimentos à comunidade sobre a situação vivenciada pelo município com a paralisação da Usina e o que se busca junto ao governo federal, uma medida provisória, para que a termelétrica seja religada.
Importante lembrar que no dia 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto de lei (PL) 576/2021, que disciplina o aproveitamento de potencial energético offshore, porém vetou o artigo 22 que previa subsídio para a contratação de energia proveniente de termoelétricas movidas a gás e carvão já instaladas até 2050, situação que fez com que a Usina Candiota – Fase C, continuasse com as atividades paralisadas.
A mobilização desta quarta-feira (15) foi coordenada pelo representante do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira – que relembrou no ato toda a situação vivenciada pelo município e região diante da insegurança da retomada da usina, bem como de que o presidente Lula havia feito o lançamento da pedra fundamental em 2006.
A mobilização contou com o pronunciamento de lideranças, que falaram sobre os trabalhos realizados e o que se espera de desdobramentos.
O presidente da Câmara, Paulinho Brum (PSDB), sugeriu uma mobilização diretamente em Brasília. “Por que não fazer um movimento em Brasília, lotar de gente alguns ônibus e fazer com que os governantes enxerguem nossa causa com bons olhos para que se tenha uma solução a curto prazo”.
O diretor do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul, Senergisul, Darlan Oliveira, manifestou tristeza com a situação vivenciada pelo município, que já havia tido oportunidade de estar com tudo resolvido. “Foi sendo levado por uma situação, com a saída de um PL mal explicado. Quero solicitar a todos os empresários de Candiota que não façam demissões, que busquem outras formas, pois vamos tentar resolver a questão da MP. Não é só Candiota que vai sofrer,outras cidades que materiais ligados ao carvão, pois é uma cadeia produtiva ampla, também sofrerão impactos”.
A vereadora Luana Vais, do PT, que tem liderado junto ao governo federal e participou de uma reunião com o deputado Paulo Pimenta, explicou acerca do veto do presidente Lula quanto ao PL 576/21. “Ouvimos dele que infelizmente, está no mesmo artigo das usinas a carvão, as usinas a gás e isso significa para o governo um gasto com as usinas a gás de R$ 25 bilhões por ano. Ele também disse que foram feitas medidas para subir o salário mínimo, reduzir alguns impostos e que o governo não queria colocar na conta dos brasileiros esses R$ 25 bilhões, que isso pesava aquele dia para que o presidente Lula vetasse o artigo 22 do PL 576, o que realmente aconteceu. Saímos de lá meio apavoradas, mas dali em diante já seguimos nos articulando e fazendo agendas para buscar uma alternativa”, lembrou Luana.
A presidente no estado do Sindicato dos Eletricitários, o Senergisul, Cristina Gonzales, lembrou que todos têm papel fundamental no processo em busca da medida provisória. “Temos que pressionar os deputados a votarem para ser aprovada a medida quando editada. Temos que lutar, todos nós sabemos em quem votamos, em quem elegemos, nos deputados, porque não tem P de partido, é candidata, é região, são os nossos empregos, são as nossas vidas”.
O vereador do PT de Bagé, Lucas Melo, também deixou sua mensagem. “Sabemos da importância da mobilização pela defesa dos postos de trabalho. Em Bagé há vereadores alinhados nesta causa, temos moradores que trabalham em Candiota. O presidente vetou porque certas empresas ligadas ao gás beneficiariam poucos empresários e teria um aumento na conta de luz de cerca de 9% com a sanção do PL. Obviamente o governo teria que vetar. Precisamos de uma transição justa e um período para isso e não demissões abruptas”.
Na sequência, o diretor de sustentabilidade do Grupo Copelmi Cristiano Weber, que na ocasião também representou a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), falou sobre a importância da energia gerada pela Usina de Candiota em termos econômicos.
“A Fiergs fez uma carta manifestando apoio à causa de Candiota, a manutenção da atividade do carvão mineral, porque nós sabemos que a energia gerada a partir do carvão daqui é extremamente barata, uma energia que hoje custa em torno de R$ 100 a R$ 115 por megawatt-hora. Em 2021, a usina e seus trabalhadores foi responsável pelo abastecimento de 19% da energia elétrica aqui do nosso estado, a um preço na época de R$ 88 o Custo variável Unitário (CVU). Nesse mesmo ano, nós importamos energia venda do Uruguai e da Argentina a R$ 1.438 mil, mais de 15 vezes mais caro. Então sim, manter a energia do carvão é mais barato. Foi graças a esse trabalho, essas termoelétricas, que durante as enchentes que aconteceram aqui nós não ficamos sem energia. O importante é termos uma energia elétrica acessível, segura, justa e barata pelo tempo necessário da transição energética justa, que é sem as pessoas aqui perderem seus trabalhos”.
Finalizando, o prefeito Luiz Carlos Folador disse que a luta continua e que tudo que for necessário será feito. “Estamos aqui a pedir para que esse sonho possa continuar. A Candiota 3 é moderna, a tecnologia é mais moderna do mundo, está aqui e está lá na Pampa. O meio ambiente está preservado, há cuidado por parte das empresas, a qualidade do ar é monitorado em 12 estações. Se tiver que colocar ônibus e ir a Brasília, nós vamos. Se tiver que fechar a BR, contra a nossa vontade, mas pela necessidade do povo, a gente vai fechar”.

Autoridades se manifestaram sobre a situação vivenciada pela paralisação do empreendimento Foto: Silvana Antunes TP
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO