EDUCAÇÃO

Comunidade faz mobilizações contra fechamento da escola Seival em Candiota

A solicitação é pela continuidade do ensino fundamental no educandário

Escola está fechada desde o dia 2 de junho Foto: Sabrina Monteiro TP

Teve início na semana passada, uma série de vídeos publicados pela Associação de Moradores de Seival (Amors), em Candiota. Ex-professores, alunos e pais pedem o não fechamento da escola estadual Seival, na localidade histórica de mesmo nome e que está fechada desde que ocorreu um incidente na merenda envolvendo cerca de 40 crianças no dia 2 de junho.

Cabe lembrar, que na ocasião, as crianças ingeriram uma batida de banana com pedaços de material possivelmente se tratando de acrílico. Alunos que procuraram atendimento médico e buscaram monitoramento, passaram a noite em observação na escola estadual Jerônimo Mércio da Silveira, na Vila Residencial, e foram liberados na manhã do dia seguinte. Em uma reunião entre a equipe da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Secretaria Municipal de Educação e os pais de alunos, ficou decidido que durante os 20 dias de investigação previstos, os alunos iriam estudar na escola Santa Izabel.

Em conversa com o Tribuna do Pampa, o vice-presidente da Amors, Denilson Aquere, o Dé, que está a frente da mobilização, explicou que a iniciativa surgiu pela falta de informações sobre  um possível retorno da escola. “Queríamos entender o processo de fechamento, pois até então seria provisório segundo a coordenadora Miriele Rodrigues (titular da 13ª CRE). Mas os dias foram passando e as crianças foram colocadas na escola Santa Izabel (municipal) e quanto a isso não tem o que reclamar, porque eles têm tudo certinho, ônibus e inclusive o ensino é melhor que o nosso, porque estava com defasagem de aprendizagem aqui na comunidade. Se passaram alguns dias e nós procuramos informações por estarmos preocupados e a CRE sempre dando jeito de nos enrolar, sem espaço na agenda para atender a Associação de Moradores, incrivelmente. E aí a gente achou que isso estava muito estranho, daí tivemos a iniciativa de montar um grupo com todos aqueles pais, mães, ex-alunos, ex-professores e todos aqueles que não concordam com o fechamento da escola”, explicou.

Denilson disse ainda que começaram a surgir informações, inclusive de que o município (Prefeitura) já tinha conversado com a CRE. “Já havia acordo e que inclusive a chave da escola teria sido entregue ao município para outro tipo de atividade educacional para qual a gente não concorda. Não dessa maneira, sem que haja ensino fundamental aqui na comunidade”, relatou.
ESCOLA MUNICIPAL
O vice-presidente da Amors disse que a comunidade não é contra a escola Seival virar municipal. “Pelo contrário, seria muito bom para a comunidade que ela vire do município, mas que tenha o ensino fundamental aqui, e que as crianças não tenham que se deslocar quase 25 quilômetros até a Santa Izabel. Reforço que a escola Santa Izabel não tem culpa nenhuma, pelo contrário, estão tratando as nossas crianças muito bem e os pais estão adorando lá. Só que há desgaste, há perigo na estrada e há uma série de coisas que não precisa. Tem o prédio aqui que é bom, novo e não está caindo. A escola foi pintada, é ampla. Então é essa a nossa luta, a gente não quer o retrocesso, não queremos perder a escola e queremos uma reunião com o prefeito e com o secretário de Educação, queremos participar e não queremos que fique nas escuras essa conversa sem a comunidade. Os nossos manifestos nas redes sociais são para chamar atenção sobre isso”, argumentou.
DEPOIMENTOS

Como manifestação e mobilização, a Amors está fazendo uma série de vídeos em relação ao assunto. O primeiro a ser publicado foi o da ex-diretora do educandário, Edith Mielke, que atuou por 22 anos na comunidade. Em seu relato, a professora destacou que ficou muito triste ao saber que a escola está fechada a cerca de dois meses. “Seival é uma comunidade que tem crianças com muito potencial de desenvolvimento, e merece que a escola continue sim com as portas abertas. Eu me coloco a disposição, para juntamente com vocês lutarmos para a reconstrução desta escola”, pontuou.

Além da professora, uma mãe e também ex-aluna da escola, deixou seu depoimento nas redes sociais. “Eu estudei na escola Seival, tive um ensino de qualidade, nunca tive dificuldade nenhuma e inclusive já estou na minha segunda graduação, e desejo para o meu filho que ele tenha um ensino de qualidade também. Não ao fechamento da nossa escola”, reforçou.
Alunos atuais da escola também fizeram vídeos em frente ao prédio afirmando não quererem o fechamento. Comentários do tipo “Eu gosto da minha escola, não aceito fechamento”, e também “Eu quero estudar perto da minha casa”, estão entre as frases mais frequentes ditas pelos pequenos.
13ª CRE

A reportagem do TP fez contato com a 13ª CRE, para saber acerca da situação atual da escola Seival. Por meio de assessoria, a coordenadora Miriele, explicou que não havia nada definido, pois estavam ocorrendo tratativas com o município.

Na manhã desta segunda-feira (31), porém, a coordenadora recebeu o líder comunitário Denilson para falar sobre o tema. Ao jornal, ele relatou ter recebido a informação de avanços entre Estado e município quanto à escola.  “Foi confirmado que a chave da escola já está com o município e estão em trâmites burocráticos para o município assumir. Aguardamos agora uma reunião com o Executivo, pois não queremos perder o ensino fundamental”, explicou.
EXECUTIVO
O jornal entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Educação de Candiota, que anunciou que até o final da tarde desta terça-feira (1º) irá se manifestar por meio de uma nota oficial.
MANIFESTAÇÃO SILENCIOSA
Representantes da Amors e da comunidade escolar compareceram a sessão ordinária da Câmara de Vereadores e Vereadoras de Candiota nesta segunda-feira (31). Sentados no plenário e portando cartazes, o grupo fazia uma manifestação silenciosa solicitando o não fechamento da escola Seival.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO

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