NEGÓCIO

Conheça os detalhes da venda da UTE Pampa Sul

ENGIE avançou em sua estratégia de dispor de um portfólio 100% de energias renováveis

Unidade possui capacidade de geração de energia para atender cerca de 1,3 milhão de pessoas Foto: Fábio Campos/Especial TP

A ENGIE Brasil Energia (EGIE3), após aprovação do Conselho de Administração da Companhia, assinou nesta quinta-feira (15), o contrato de venda da Usina Termelétrica Pampa Sul, em Candiota, para os fundos de investimento em participações Grafito e Perfin Space X, geridos pelas empresas Starboard e Perfin, respectivamente. O ativo tem capacidade instalada de 345 MW e a geração fortalece o Sistema Interligado Nacional (SIN).

O valor total da transação é de aproximadamente R$ 2,2 bilhões, dividido entre o preço da venda, no montante de até R$ 450 milhões, e da assunção do endividamento pelos compradores, no valor aproximado de R$ 1,8 bilhão. O processo de negociação foi assessorado pela Morgan Stanley, pela perspectiva financeira, além de Stocche Forbes, Mattos Filho e Campos Mello em aspectos legais. O fechamento da operação de venda está sujeito ao cumprimento de determinadas condições previstas no contrato.

CARVÃO – A UTE Pampa Sul foi o último ativo a carvão remanescente no portfólio da ENGIE Brasil Energia e a venda está alinhada à meta do Grupo ENGIE de liderar a chamada transição energética. “A ENGIE Brasil Energia caminha para se tornar 100% renovável, um objetivo que vem sendo perseguido há pelo menos seis anos, quando decidimos acelerar a saída das operações a carvão no país em linha com a diretriz global do Grupo ENGIE, direcionando esforços e investimentos aos empreendimentos de geração eólica e solar, além de infraestrutura de transmissão. Após o fechamento da operação de venda da Usina Termelétrica Pampa Sul, avançaremos em nossa estratégia, nos consolidando como a maior empresa de energia limpa do setor elétrico brasileiro, totalizando 8.096,0 MW de capacidade instalada própria proveniente de fontes renováveis”, declarou Eduardo Sattamini, diretor-presidente da Companhia.

A partir de 2013, a ENGIE descomissionou duas usinas, Alegrete e Charqueadas, ambas no Rio Grande do Sul, e, no ano passado, registrou a venda do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina. “Esses movimentos foram acompanhados de massivos investimentos em energia eólica e solar, além de infraestrutura de transmissão, que são os nossos vetores de crescimento para contribuir com uma matriz cada vez mais renovável para o país”, destaca Sattamini.

Compradores se comprometem em fechar Usina antecipadamente

Usina foi construída entre 2015 e 2018, entrando em operação comercial em junho de 2019 Foto: Fábio Campos/Especial TP

As empresas Starboard e Perfin são gestores de fundos de investimento em participações independentes, especializados em renda variável, ativos de infraestrutura e em situações especiais, e continuarão contando com a experiência das equipes de administração e operação da usina. Os compradores também estão comprometidos com uma estratégia ESG (governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, social, and corporate governance) de longo prazo.

“A Pampa Sul nos traz a possibilidade de atuar em uma transição energética de forma sustentável e responsável, onde equilibramos todas as bases do ESG. Criamos frentes importantes para cumprimento de diretrizes de investimento em tecnologias que possibilitem aumento da eficiência da planta, bem como a busca pelo descomissionamento antecipado sem prejuízo aos stakeholders envolvidos”, declarou Marcus Bitencourt, diretor da Starboard.

“Essas frentes serão amparadas por experientes profissionais no setor, com uma visão de longo prazo, em linha com nossas boas práticas de governança. Serão investidos cerca de R$ 150 milhões na Usina Termelétrica Pampa Sul com o objetivo de alcançar uma redução das emissões de carbono em até 5% (75.000 mil toneladas de CO2 equivalente/ano). As Companhias também irão destinar parte significativa de sua verba de P&D para o desenvolvimento de pesquisas sobre tecnologia de captura e armazenamento de carbono”, explicou Ralph Rosenberg, CEO da Perfin.

“Além disso, um dos diferenciais dessa transação é nosso compromisso com o descomissionamento da planta antes do fim da outorga. Esta será a primeira vez que uma usina terá seu fim antecipado por exigência de parceiro financeiro e planejamento do controlador, visando à redução das emissões”, destacou Rosenberg.

Sobre a Usina Termelétrica Pampa Sul

O projeto da Usina foi viabilizado no leilão A-5, realizado em novembro de 2014, quando a ENGIE, na época Tractebel, vendeu 294,5 megawatts médios de energia da futura Usina Termelétrica em Candiota, no Rio Grande do Sul. O contrato de fornecimento de 25 anos motivou o investimento de R$ 1,9 bilhão para a sua implementação.

Desde o início da operação comercial, em junho de 2019, a UTE Pampa Sul vem evoluindo em seus parâmetros de eficiência e disponibilidade, contando com um parque eletromecânico de alta tecnologia.

Com a consolidação operacional do ativo, a ENGIE decidiu retomar seu processo de venda em 2021, motivado pelos planos da empresa de se tornar 100% renovável, em linha com seu objetivo de acelerar a transição para uma economia neutra em carbono, direcionando suas atividades para geração de energia renovável, gás natural e infraestrutura.

A operação da UTE Pampa Sul ocorre normalmente, atendendo o despacho do ONS (Operador Nacional do Sistema). Ao todo, trabalham na usina 113 colaboradores diretos e cerca de 500 terceirizados, sendo a maioria proveniente dos municípios da região.

 

NÚMEROS DA USINA

* Capacidade total instalada: 345 MW
* Energia garantida: 294,5 MW, gerando energia suficiente para atender cerca de 1,3 milhão de pessoas.
*Linha de transmissão: 20,4 km, 525 kV, 60 Hz
* COD: 28 de junho de 2019
* PPA: 294,5 MW contratados no Leilão A-5 realizado em 28 de novembro de 2014 (mercado regulamentado), por 25 anos a partir de junho de 2019.
* 113 funcionários diretos
* 500 funcionários terceirizados

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