Conselho Tutelar de Pinheiro Machado já realizou as primeiras ações em escolas da cidade Foto: Divulgação TP
O mês de maio é marcado pela conscientização sobre a prevenção do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes, através da campanha Maio Laranja. A data é lembrada no dia 18 de maio, fazendo memória à menina capixaba Araceli Crespo, de apenas oito anos de idade, que foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta em 1973.
A violência sexual de crianças e adolescentes pode ocorrer em várias idades, incluindo bebês. O abuso sexual se configura quando a criança é utilizada por adulto, ou até um adolescente, para praticar algum ato de natureza sexual. Já a exploração sexual é quando eles são utilizados com propósito de troca ou de obter lucro financeiro ou de outra natureza em turismo sexual, tráfico, pornografia, ou também em rede de prostituição.
NACIONAL – No lançamento da campanha de forma nacional, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Cristiane Britto, lembrou que “neste período, damos uma atenção mais que especial às nossas crianças e adolescentes. Os impactos da violência sexual, física ou psicológica são imensuráveis, mas podem ser amenizados dependendo de como a vítima será acolhida”, convidando a todos a se engajarem na causa, denunciando as violências por meio do Disque 100. “Enquanto sociedade, é nosso dever denunciar e estarmos atentos a quaisquer sinais que podem identificar violência contra crianças e adolescentes. O silêncio só agrava a situação e impede que a criança ou adolescente saia dessa situação de violência”, conclui.
REGIÃO – Na região de cobertura impressa do Tribuna do Pampa, ações educativas em prol da prevenção do abuso e exploração sexual já teve início por meio de palestras em escolas. Em Pinheiro Machado, uma ação já foi realizada pela equipe do Conselho Tutelar, que tem a frente Ana Lúcia Gomes, Carla Teixeira, Clarissa Vais, Cristina Dias, José Ewerton da Rosa e Ronnete Feira, além do motorista Fernando Teixeira.
Atividade em escola de Pinheiro Machado Foto: Divulgação TP
Em entrevista ao jornal, Cristina Dias falou em nome do CT, explicando que um banner com o Semáforo do Toque e panfletos foram confeccionados com explicações para as crianças e adolescentes. “O semáforo é bastante interessante e uma forma bastante didática para explicarmos para as crianças onde elas podem e não podem ser tocadas”, explicou Cristina.
A programação teve início pelas escolas José Ermírio de Moraes, localizada na Vila Umbu e Dois de Maio, na sede do município. Também estão previstas a realização de visitas as outras escolas da cidade, colocação de cartazes com indicações de números de telefones para denúncias e uma blitz educativa.
Questionada pelo TP sobre a importância da campanha, ela reforça que com as palestras as crianças poderão ter acesso e reforço a essa informação de auto proteção. Cristina também confirmou o acompanhamento de diversos casos na cidade, o que as deixa preocupadas. “Sempre orientamos e solicitamos que qualquer pessoa que saiba da situação, que faça a denúncia, seja através do CT, ou Delegacia de Polícia Civil ou pelo Disque 100 para que as medidas protetivas e cabíveis sejam tomadas em prol das crianças e adolescentes”, afirma.
Por fim, Cristina diz que o objetivo é que essa conscientização não ocorra somente neste mês de maio, mas durante todo o ano. “Nenhuma criança merece ter seus direitos violados, não só com relação ao abuso, mas casos de maus tratos. Por isso aproveitamos nas escolas para falar sobre outros assuntos e o trabalho do Conselho Tutelar, um órgão que zela pelos direitos, mas que não possui direitos de polícia, sendo as responsabilidades da família”.
CANDIOTA – Em contato com o Conselho Tutelar de Candiota, que atualmente conta com um a equipe de conselheiros formada por Daiana Moura Etcheverria, Leni Lucena, Marines Bento Furich, Rafaela Parodes Ortiz, Vera Beatriz Olave Rodrigues e Jaqueline Bohn Vieira, foi repassado ao jornal que atividades nas escolas serão iniciadas na próxima semana.
“A partir da semana que vem, estaremos realizando atividades de conscientização nas escolas, blitz e demais atividades alusivas a data do dia 18 de maio, juntamente com a Secretaria de Ação Social do município. É uma data reflexiva, onde serve como alerta constante. O foco principal é alertar toda comunidade, conscientizando sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes, estabelecendo também, um diálogo saudável com os pequenos em relação à proteção”, explicou a presidente Marines Furich.
Segundo o CT, assim como em todo o país, acontece um grande número de abusos sexuais em Candiota. “Muitas vezes por falta de informação estes abusos são velados, fazendo com que somente na vida adulta estas crianças ou adolescentes que sofreram, tomem consciência que era abuso. Infelizmente a maioria acontece dentro da própria casa, ou por pessoas próximas a família”, destacaram.
As conselheiras também falaram da importância de abordar mais o tema. “É muito importante conversar com as crianças sobre as partes íntimas do corpo, explicar sobre os limites do corpo, incentivar a criança a conversar e confiar na mãe, pai, avós ou responsáveis, saber com quem a criança conversa, anda ou o que está fazendo, analisar as reações e alteração de humor e atitudes, identificando desta forma, os possíveis sinais de abuso. E por fim, procurar os órgãos competentes para auxiliar nos procedimentos e medidas que deverão ser tomadas”, indicaram.
PEDRAS ALTAS – Em entrevista ao TP, a conselheira tutelar Jaqueline Alvarez disse que para ressaltar a Campanha Maio Laranja foram organizados panfletos para serem distribuídos na cidade e escolas. Ela também explicou que serão feitas palestras e conversas com as crianças e adolescentes para esclarecer e alertar as crianças sobre a Campanha Maio Laranja.
Jaqueline, que atua ao lado dos conselheiros Bruno Pereira Pedroso, Daiane Oliveira Gonçalves, Thaiz Souza Gonçalves, Thalia Rodrigues Acosta e Flavia Maria Deoscar Souza, falou também da importância da Campanha. “Serve para alertar as crianças, pois essa realidade que acontece muitas vezes e infelizmente dentro da própria casa”, destacou.
A conselheira informou que em Pedras Altas o CT ainda não foi acionado para acompanhar nenhum caso de abuso, mas disse saber da necessidade de falar sobre o tema. “O abuso sexual e violência é horrível, a criança acaba vivendo essa violência e pensando ser normal”.
Por fim, Jaqueline repassa algumas ações a serem realizadas. “Acredito que devemos ser muito claros e passar segurança quando conversamos com as crianças, esclarecendo todos os fatores, explicando claramente onde estão as partes íntimas que não podem ser tocadas, somente em caso de doença e levada pelos pais ao médico, e que se caso isso ocorra que ela não deve ter vergonha de falar para quem ela confia. Também é importante orientar as crianças a não aceitar presentes de estranhos e não obrigá-la a abraçar e beijar alguém que ela não queira, pois se essa criança pode estar vivendo um abuso, o que vai fazer com que ela não queira chegar perto desta pessoa”, finalizou.
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso
